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Os nanoplásticos podem representar sérios riscos ao meio ambiente, assim como os microplásticos

Um nanoplástico é uma partícula de plástico com tamanho entre 1 e 1000 nanômetros. Ainda menor que os microplásticos, produzida involuntariamente a partir da fabricação e degradação de objetos de plástico. Para colocar em perspectiva, uma célula de alga pode ser até mil vezes maior que uma partícula de nanoplástico.

Os plásticos podem ser degradados por processos físicos e químicos ou por comunidades vivas. Sendo a radiação ultravioleta, a ação mecânica e a hidrólise, de fundamental importância na quebra e disponibilização dos plásticos aos micro-organismos.

microplásticos e mudanças climáticas
Microplástico atmosférico atua como aerossol e pode afetar mudanças climáticas

Nesse aspecto, vários estudos apontam danos provocados por micro e nanoplásticos em plantas e animais marinhos. Em humanos, as principais causas de contaminação por essas partículas ocorrem através das vias aéreas. 

Além do contato com produtos de uso pessoal e por meio do consumo de alimentos e água. Isso acarreta danos diretos ou indiretos na homeostase do organismo. Em síntese, os impactos ocasionados pelos plásticos afetam todo o ecossistema.

plásticos e saúde
Plásticos e saúde: o que se sabe a respeito?

Os micro e os nanoplásticos são os polímeros de maior impacto no ambiente. Afinal,  podem absorver compostos altamente tóxicos, tais como hidrocarbonetos e metais pesados. Quando disponíveis, essas partículas podem ser incorporadas pelos organismos e atravessar as barreiras imunológicas. Como consequência, elas afetam órgãos, tecidos e até mesmo a funcionalidade da célula, ocasionando efeitos tóxicos ou letais.

Um estudo publicado na revista New Atlas, realizado por cientistas da University College of Cork, na Irlanda, verificou que os crustáceos atuam como decompositores dos plásticos que vão parar nos oceanos, transformando-os em nanoplásticos. Esse processo leva apenas quatro dias para ocorrer, o que favorece a rápida disseminação dessas partículas no meio aquático.

Crescente consumo de plástico

Nas últimas décadas, a produção de plástico tem aumentado significativamente em função da sua aplicabilidade em itens de diferentes setores. Dentre os polímeros mais comuns, destacam-se o polipropileno, o polietileno, o policloreto de vinila, o poliestireno e o polietileno tereftalato. Juntos, eles correspondem a cerca de 90% da demanda de plástico no mundo.

porção de peixe
Consumir uma “porçãozinha” de peixe, atum ou sardinha também mata golfinhos, tartarugas e baleias em risco de extinção

Como os nanoplásticos vão parar no meio ambiente?

Lavagem de roupa

Grande parte das roupas são compostas por fibras têxteis sintéticas de plástico – um exemplo é o poliéster. Durante a lavagem das roupas, por meio do choque mecânico, as partículas de nanoplástico se desprendem. Por isso, acabam sendo enviadas para o esgoto, indo parar em corpos hídricos e no ambiente.

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As fibras têxteis de plástico também vão parar no ar. Um estudo sugere que o simples atrito de um membro do corpo com o outro, quando a pessoa está vestida com roupas de fibras têxteis sintéticas plásticas, já seria o suficiente para dispersar os nanoplásticos na atmosfera. Essa poeira de nanoplástico pode ser inalada, juntar-se ao vapor ou ir parar em seus alimentos, por exemplo.

A capacidade de proliferação dessas partículas é imensa. Por seu tamanho reduzido, nanoplásticos são capazes de viajar pelo ar em forma de aerossol. Cientistas informam que a movimentação desse plástico pode ser comparada com gás.

Pneus de carro produzem muito mais poluição por partículas do que escapamentos, mostram testes

Anteriormente, poucas pesquisas consultaram a proliferação do material, porém, um novo estudo realizado na Áustria mostrou resultados surpreendentes. É estimado que certos nanoplásticos consigam viajar mais de 2 mil quilômetros pelo ar. Sendo transportados tanto pelo vento quanto pelas ondas do mar. 

A pesquisa foi realizada por um time da Universidade de Utrecht, na Holanda, que analisou amostras de neve localizadas nos alpes austríacos. Um lugar remoto e de altitude elevada (mais de 3 mil metros). 

Os resultados conseguiram rastrear a localização anterior desses plásticos. Foi observado que a maioria do material acumulado na neve eram de locais densamente populados. Porém, 30% deles vinham de áreas em um raio de 200 quilômetros, incluindo cidades grandes como Londres, Munique, Paris e Amsterdã. 

Além disso, 10% dos nanoplásticos foram rastreados de áreas mais longe ainda — 2 mil quilômetros. De acordo com os especialistas da pesquisa, essas partículas de plástico saíram do Oceano Atlântico e retornaram à atmosfera. 

Cosméticos e produtos de higiene

Alguns sabonetes, cremes, pastas, géis e máscaras esfoliantes são um perigo para o ambiente. Esses produtos podem ser feitos com partículas de polietileno que, após o uso, caem diretamente na rede de esgoto. Mesmo quando há estações de tratamento, as nanoesferas de plástico dos cosméticos não são retidas pela filtragem de partículas. Isso porque são muito pequenas, e acabam indo parar no oceano.

Tintas látex e acrílicas

Uma reportagem mostrou que a tinta plástica utilizada em casas, carros e navios se desprende por meio de intempéries e vai parar no oceano, formando uma camada de nanoplásticos na superfície do mar. Vale ressaltar que as tintas látex e acrílicas usadas para artesanato também podem ser acrescentadas nesse tópico como materiais geradores de nanoplásticos.

Pesca fantasma

A pesca fantasma está associada ao abandono e descarte de equipamentos desenvolvidos para capturar animais marinhos. Além de colocar em risco toda a vida marinha, esses itens possuem plástico em sua composição. Ao se degradarem, essas partículas plásticas se transformam em nanoplásticos.

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Pesca fantasma: o perigo invisível das redes pesqueiras

Nurdles

Diferente dos resíduos plásticos que se degradam até se tornarem nanoplásticos, os nurdles já são feitos com um tamanho reduzido. Eles são a maneira mais econômica de transferir grandes quantidades de plástico para fabricantes de uso final do material em todo o mundo. O problema é que navios e trens despejam acidentalmente essas bolinhas em estradas ou no mar. Ou a parte que sobra da produção não é tratada adequadamente. Se alguns milhares de nurdles caem no mar ou em uma rodovia, é praticamente impossível fazer a limpeza.

Material semelhante aos nurdles são os pellets, feitos da mesma maneira mas em formato cilíndrico. Os pellets também vão parar no ambiente devido às perdas no transporte e contaminam corpos hídricos, solo e animais.

Imagem redimensionada de Sustainable Coastlines, está disponível no Flickr e licenciada sob CC BY-NC 2.0

Descarte incorreto

Durante o ano, pelo menos oito milhões de toneladas de resíduos plásticos que foram descartados incorretamente vão parar nos oceanos, lagos e rios do mundo todo. Esses descartes, se fossem encaminhados corretamente para a reciclagem, poderiam voltar para a cadeia energética. Mas, uma vez no oceano, se fragmentam em nanoplásticos e acabam entrando na cadeia alimentar, participando inclusive da dieta humana.

Cada canudo, sacola, tampa, rótulo ou embalagem descartados incorretamente se quebrarão e formarão nanoplásticos. O plástico não desaparece, só fica menor.

Impactos do nanoplástico

Incorporam partículas tóxicas

Quando escapa para o meio ambiente, o nanoplástico atua como captador de poluentes orgânicos persistentes (POPs) altamente nocivos. Dentre esses poluentes estão os PCBs, os pesticidas organoclorados, o DDE e o nonilfenol. Os POPs são tóxicos e estão diretamente ligados a disfunções hormonais, imunológicas, neurológicas e reprodutivas. Eles ficam durante muito tempo no ambiente e, uma vez ingeridos, têm a capacidade de se fixarem na gordura do corpo, no sangue e nos fluidos corporais de animais e humanos.

Entram na cadeia alimentar

Ingerir nanoplásticos contaminados não é muito difícil, já que essas partículas estão presentes no meio ambiente desde o final da Segunda Guerra. Na Indonésia, trabalhadores da pesca já estão consumindo mexilhões contaminados por plásticos. Mas não é somente na Indonésia, no Reino Unido e na Austrália, os mexilhões também estão contaminados por essas partículas.

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Entenda o impacto ambiental do lixo plástico para cadeia alimentar

Causam poluição química

Os bisfenóis, utilizados em larga escala pela indústria, estão presentes em tintas, resinas, latas, embalagens e materiais de plástico em geral. Quando escapam para o ambiente, além da poluição visual e física que causam, geram poluição química. Uma vez no ambiente e no organismo, o bisfenol se comporta como um disruptor endócrino. Podendo causar esterilização, problemas comportamentais, diminuição da população, entre outros.

Retarda o crescimento de plantas

Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Massachusetts Amherst e da Universidade Shandong, na China, mostrou que nanoplásticos presentes no solo podem reduzir a biomassa total das plantas, o que tem influência direta no rendimento e valor nutricional das safras.

Apresentam riscos para a vida animal

Os nanoplásticos também apresentam diversos riscos para a vida animal. Quando vão parar no meio ambiente, eles podem reduzir a população de animais. Bem como prejudicar o desenvolvimento de ovos de aves, causar deformidades sexuais em répteis e peixes e provocar alterações na metamorfose de anfíbios. Três pesquisas realizadas com o objetivo de analisar a disseminação de nanoplásticos entre esses indivíduos mostraram que 30% dos peixes amazônicos têm o intestino contaminado por partículas plásticas.

Outra pesquisa demonstrou que os plásticos no oceano podem liberar produtos químicos que causam deformidades nas larvas de ouriços-do-mar. Em um experimento, ouriços-do-mar que tiveram contato com esses compostos tóxicos desenvolveram uma variedade de anormalidades. Alguns exemplos incluem esqueletos deformados e complicações no sistema nervoso. Dessa maneira, pode-se concluir que produtos químicos utilizados para tratar plásticos também podem apresentar riscos para a vida animal, já que são liberados na água.

Por fim, um estudo demonstrou que os nanoplásticos afetam as espécies marinhas de forma desigual. A equipe de pesquisadores identificou tendências que ajudam a explicar por que certos animais são mais vulneráveis à ingestão de plástico do que outros, como é o caso de peixes. De acordo com os dados coletados, espécies que vivem em ambientes marinhos mais poluídos e ocupam níveis tróficos superiores nas cadeias alimentares são mais suscetíveis ao consumo de nanoplásticos.

Provocam prejuízos à saúde humana

Os alimentos embalados por recipientes contendo bisfenol também podem estar contaminados. Ao consumirmos esses produtos, ingerimos bisfenol, cujo consumo está comprovadamente associado a diabetes, síndrome do ovário policístico, câncer, infertilidade, doenças cardíacas, fibromas uterinos, abortos, endometriose, déficit de atenção, entre outras doenças.

Como evitar a presença de nanoplásticos?

Confira dicas de como evitar a disseminação de nanoplásticos:

  • Diminua o consumo de plásticos;
  • Não consuma animais marinhos e contribua com iniciativas que retirem redes de pesca e outros plásticos do mar;
  • Evite consumir alimentos armazenados em recipientes de plástico;
  • Troque sua escova de dentes de plástico por uma de bambu;
  • Tente usar absorventes de pano ou coletor menstrual;
  • No lugar de tecidos de fibra sintética, utilize algodão orgânico;
  • Quando comprar alimentos, cosméticos e produtos em geral, prefira aqueles que venham em embalagens de vidro, papel ou sem embalagens, como shampoos e sabonetes em barra;
  • Recicle, reutilize e reaproveite;
  • Zere o consumo de itens de plástico supérfluos, como canudinhos, glitter, copos descartáveis e sacolas;
  • Pegue e dê carona. Cada carro a mais é sinônimo de mais microplásticos no ar e na água;
  • Zere o consumo de cosméticos com esfoliantes sintéticos: substitua-os por receitas naturais;
  • Descarte corretamente e encaminhe para reciclagem;
  • Conheça a New Plastics Economy, uma iniciativa que quer repensar o futuro aplicando os princípios da Economia Circular ao ramo do plástico, começando pelas embalagens;
  • Pressione empresas e governos para que diminuam o uso de plástico, utilizem embalagens retornáveis e com design menos nocivo e garantam o retorno do plástico utilizado à cadeia de produção.

Embora sejam encontrados nos mais diversos ambientes, detectar e identificar micro e nanoplásticos ainda é um desafio. Afinal,  não existe uma metodologia padrão para esses processos. Diante disso, pesquisadores de diferentes áreas estão empenhados em estabelecer a melhor técnica para realizar esses procedimentos em amostras ambientais. 


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