A coalizão Ação Climática Contra a Desinformação (Climate Action Against Disinformation, CAAD) publicou ontem (13) um artigo denunciando as dez principais desinformações climáticas que estão ganhando força para minar a Cúpula Climática da ONU deste ano — a COP28 — que será realizada em Dubai, em dezembro.
Segundo a coalizão, há uma necessidade urgente de proteger a integridade das negociações climáticas da ONU contra a influência do setor de combustíveis fósseis, cuja intensidade do lobby ficou evidente na COP27, no ano passado. A organização denuncia que o objetivo específico desses influenciadores é impedir que a Conferência deste ano consiga pautar a eliminação gradual da energia fóssil.
O artigo — uma nota informativa intitulada “The New Playbook: Undermining climate Action” –, mostra ainda como essas dez afirmações enganosas sobre clima estão em desacordo com a ciência e ameaçam os objetivos do Acordo de Paris.
“Durante a última década, a desinformação e a má informação sobre o clima evoluíram da negação total para ‘discursos de atraso’ mais sutis”, explica Jennie King, do IDS e coordenadora da Unidade de Inteligência do CAAD. “Explorando a lacuna entre o consenso sobre a realidade das mudanças climáticas e a ação para combatê-las de forma significativa, essas táticas são uma barreira crucial para qualquer progresso.”
Segundo a coalizão CAAD, para enfrentar a crise climática, o mundo precisará solucionar a crise de desinformação.
“Os opositores da ação transformadora, incluindo as etapas explicitamente estabelecidas em relatórios científicos aprovados por todos os Estados Membros da ONU, são especialistas em um manual de distração e atraso. Precisamos expor a fumaça e os espelhos do setor de combustíveis fósseis, especialmente quando eles vendem soluções rápidas e sem fundamento ou minimizam a ameaça das emissões para enganar os consumidores”, afirma o grupo.
Uma das falsas alegações é a de que “o problema são as emissões e não os combustíveis fósseis”. A nota desmascara essa afirmação ao destacar o fato inegável que os combustíveis fósseis — carvão, petróleo e gás — são os que mais contribuem para as mudanças climáticas globais. O último relatório do IPCC afirma inequivocamente a necessidade de reduzir o uso geral de combustíveis fósseis para limitar o aquecimento global.
Outra alegação enganosa abordada na nota é a noção de que “o setor de petróleo e gás é usado como bode expiatório para uma inação global mais ampla”. A nota refuta essa alegação enfatizando o papel significativo que as operações do setor de petróleo e gás desempenham nas emissões de gases de efeito estufa, contribuindo com quase 15% das emissões globais relacionadas à energia.
“As pesquisas nos mostraram repetidamente que o setor de petróleo e gás é um mestre na criação de narrativas mentirosas sobre a mudança climática, e as utiliza para impedir ações climáticas essenciais”, diz Faye Holder, gerente de programa da InfluenceMap, organização que faz parte da CAAD.
Confira abaixo um resumo das 10 principais desinformações climáticas denunciadas no artigo:
De acordo com o Global Carbon Project, aproximadamente 36,6 bilhões de toneladas dos 40,5 bilhões de emissões globais de CO2 em 2022 foram provenientes do uso de combustíveis fósseis. Todos os caminhos indicados pelo IPCC para limitar o aquecimento a pelo menos 2C exigem reduções significativas no uso de todos os combustíveis fósseis.
Somente a extração, o processamento e o transporte de petróleo e gás contribuem para quase 15% das emissões globais relacionadas à energia. Fica de fora desta conta o uso final do combustível. Comparativamente, essas emissões ligadas às operações das petroleiras excedem as emissões totais produzidas pelos Estados Unidos e são duas vezes maiores do que as emissões combinadas de toda a União Europeia.
Ao longo dos anos, muitas empresas de petróleo e gás alegaram que não deveriam ser responsáveis pelas emissões do Escopo 3, argumentando que os clientes deveriam arcar com a responsabilidade, basicamente dizendo: “Nós só fabricamos o material, não somos nós que o queimamos!” . Essa é outra tentativa enganosa de desviar a atenção do papel holístico que as empresas de petróleo e gás desempenham na atual crise climática.
De acordo com a Wood Mackenzie, o Escopo 3 contribui com 80 a 95% do total de emissões totais atribuídas às empresas de petróleo e gás.
Os cientistas e especialistas em energia da AIE estão enfatizando a necessidade urgente de acabar com qualquer nova produção e implementar um declínio cuidadosamente gerenciado dos campos existentes.
O FMI é claro: o aumento dos preços dos combustíveis fósseis está afetando bilhões de consumidores em todo o mundo, afetando negativamente o custo de vida. E a solução mais eficaz está em reduzir rapidamente essa dependência e fazer a transição para energia verde acessível, segura e de origem doméstica.
A OCDE destaca que a transição verde tem o maior potencial de ser uma força transformadora tanto econômica, quanto socialmente.
A falta de adoção generalizada da Captura e Armazenamento de Carbono (CCS) indica sua ineficácia como solução. Mesmo se considerarmos todos os projetos de CCS propostos atualmente em fase de planejamento, sua capacidade combinada até 2030 só seria capaz de capturar menos de 1% das emissões fósseis globais.
A captura direta de ar (DAC) é um método muito caro de captura de CO2. Ele consome mais energia e, portanto, é mais caro do que capturá-lo no local onde ocorre a poluição.
Ao considerar o custo total de propriedade, os veículos elétricos já são competitivos em relação aos veículos a gasolina e a diesel em muitos casos. Os combustíveis eletrônicos, por outro lado, devem permanecer de três a cinco vezes mais caros até 2050.
Os cientistas concordam que o único hidrogênio limpo é o hidrogênio verde, que é produzido a partir de energia renovável. O hidrogênio verde desempenhará um papel fundamental na descarbonização da indústria pesada, mas a maior parte do hidrogênio produzido hoje é proveniente de fontes fósseis, com emissões totais superiores à da queima direta de combustíveis fósseis.
A Climate Action Against Disinformation é uma coalizão de mais de 50 organizações comprometidas em uma das maiores barreiras ao enfrentamento das mudanças climáticas: conteúdo enganoso e falso conteúdo enganoso e falso que perpetua narrativas falsas sobre nosso meio ambiente e dilui conversas produtivas sobre o clima. produtivas sobre o clima. O Instituto ClimaInfo é faz parte da CAAD.
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