13ª Mostra Ecofalante de Cinema

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Por Mostra Ecofalante de Cinema | Reconhecido como o mais importante evento sul-americano para a produção audiovisual ligada às temáticas socioambientais, a Mostra Ecofalante de Cinema chega à sua 13ª edição. Com cardápio composto por 122 filmes, representando 24 países, as projeções, os debates e os encontros estão agendados para o período de 1º a 14 de agosto, com entrada franca. A cerimônia de abertura, para convidados, acontece em 31 de julho.

Este ano, a programação tem como grande novidade a criação de uma mostra competitiva intitulada Competição Territórios e Memória, dedicada exclusivamente a produções brasileiras. O evento, assim, abre maior espaço para o significativo crescimento verificado na realização no país de obras audiovisuais de caráter socioambiental. Permite ainda a discussão de questões referentes aos diferentes territórios do Brasil – sejam eles geográficos ou simbólicos – e de sua memória.

Estão programadas ainda outras dez seções: Panorama Internacional Contemporâneo, Panorama Histórico, Especial Emergência Climática, Especial ISA 30 anos: Por um Brasil Socioambiental, Competição Latino-americana, Concurso Curta Ecofalante, Sessões Especiais, Sessão Infantil e o Programa Ecofalante
Universidades.

Integram o circuito do festival as seguintes salas: Reserva Cultural – sala 2 e sala 3, Circuito Spcine Lima Barreto (Centro Cultural São Paulo), Cine Satyros Bijou, Nave Coletiva, Circuito Spcine Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e 15 unidades do Circuito Spcine localizadas nos CEUs.

Do consagrado cineasta alemão Werner Herzog, “O Fogo Interior: Um Réquiem para Katia e Maurice Krafft” é uma das principais atrações do evento. O premiado longa-metragem apresenta imagens impactantes de erupções vulcânicas nesta homenagem a um casal de especialistas nesses fenômenos.

Três cineastas mulheres que marcam a cinematografia da América Latina são homenageadas na seção Panorama Histórico: a cubana Sara Gómez (1942-1974), a colombiana Marta Rodríguez e a venezuelana Margot Benacerraf, recém falecida no mês de maio. Exibido no Festival de Cannes, “De Certa Maneira” (1977), de Gómez, discute questões de raça e de classe através de um enredo que se passa nos bairros pobres de Havana logo após a Revolução Cubana de 1959. Já o clássico “Araya, Inferno de Sal” (1959), de Benacerraf, reúne três histórias ambientadas em uma das localidades mais áridas do planeta, marcada pela exploração do sal, e ganhou as telas dos festivais de Berlim, Locarno e Cannes. Por sua vez, “Amor, Mulheres e Flores” (1984), de Rodríguez e Jorge Silva, uma das atrações dos Cannes Classics do Festival de Cannes, focaliza, em tom feminino, histórias de vida e amor em meio a reivindicações dos trabalhadores da plantação de flores.

Os 30 anos da criação do ISA – Instituto Socioambiental, uma organização dedicada a defender o meio ambiente, patrimônio cultural e os direitos dos povos indígenas, merecem a apresentação de nove filmes de sua produção, em uma parceria da Mostra Ecofalante de Cinema com a instituição. Destaca-se a estreia mundial de “Mapear Mundos”, no qual a diretora Mariana Lacerda rememora os avanços por organizações da sociedade civil, em um contexto de ditadura militar, pela garantia de direitos dos povos originários no Brasil. A exibição, em 3/08, é acompanhada por uma roda de conversa com a equipe do filme. Estão presentes na programação “O Brasil Grande e os Índios Gigantes”, assinados pelo premiado realizador Aurélio Michiles, e “Terra Yanomami Celebra 30 Anos da Homologação”, da dupla Fred Rahal e Carol Quintanilha, participação do escritor Davi Kopenawa, do ambientalista e escritor Ailton Krenak e do indigenista Sydney Possuelo. 

Grandes personalidades emprestam seu prestígio ao longa “Solo Comum”, sobre a agricultura regenerativa e seus benefícios para o solo,  para a nossa saúde e para a regulação do clima. Participam da obra os atores Laura Dern, Woody Harrelson, Donald Glover e Rosario Dawson. Um debate segue sua projeção, em 6/08, e conta com as presenças confirmadas do professor da USP, Jean Paul Metzger, e do biólogo Carlos Alberto Scaramuzza.

O Especial Emergência Climática traz a produção francesa “Uma Vez Que Você Sabe” , que aborda o iminente colapso ambiental do planeta, e os norte-americanos “Arrasando Liberty Square”, sobre gentrificação climática, e “Filhos do Katrina”, obra premiado no Festival de Tribeca sobre os efeitos dofuracão Katrina. Agendado para 2/08, após a projeção de “Arrasando Liberty Square”, um debate discute emergências climáticas, cidades resilientes e políticas públicas de inclusão.

Já a projeção belga “Humano Não-Humano”, de Natan Castay, promove um questionamento da noção de humanidade a partir de um trabalhador que passa noite e dia desfocando rostos no Google Street View por um centavo cada. O filme foi vencedor do prêmio de melhor curta-metragem documental nos Prêmios Magritte du Cinéma (Bélgica), recebeu menção honrosa no Doclisboa e foi selecionado para os festivais de Gotemburgo, Helsinque, Visions du Réel (Suíça) e para o Festival de Documentários de Montreal.

O ativismo dos povos indígenas para proteger os seus recursos e modo de vida diante da mineração e as hidrelétricas que ameaçam o abastecimento de água na América Central e do Sul é tema do longa “Água é Vida!”. A obra tem participação do ator mexicano Diego Luna, dos sucessos “Rogue One: Uma História Star Wars” e “E Sua Mãe Também”. Um debate sobre ativismo está agendado em seguida à sua projeção, em 10/08, com a presença do diretor do filme, o norte-americano Will Parrinello.

Programada para 5/08, a exibição de “Breaking Social: O Fim do Contrato Social”, de Fredrik Gerttenum, é seguida por debate em torno da taxação dos super-ricos, aqueles que recorrem aos paraísos fiscais e colhem lucros sem retribuir à sociedade.

“Union”, dos diretores Brett Story e Stephen Maing, registra uma das mais importantes vitórias trabalhistas da história: a conquista do primeiro local de trabalho sindicalizado da Amazon nos EUA, ocorrida em 2022. O filme, vencedor do prêmio especial do júri no badalado Festival de Sundance, tem sua projeção seguida por um debate sobre direitos trabalhistas, que acontece em 9/08, e conta com a presença do professor de sociologia Ricardo Antunes.

Imagem/Divulgação

Em edição inaugural, a mostra competitiva Territórios e Memória selecionou um total de 27 filmes brasileiros, estando representados 11 estados e o Distrito Federal. Na programação estão os longas “À Margem do Ouro”, de Sandro Kakabadze; “Anhangabaú”, de Lufe Bollini; “Black Rio! Black Power!”, de Emilio Domingos; “Eskawata Kayawai (O Espírito da Transformação)”, de Lara Jacoski e Patrick Belem; “Favela do Papa”, de Marco Antonio Pereira; “Memórias da Chuva”, de Wolney Oliveira; “O Bixiga é Nosso!”, de Rubens Crispim; “O Contato”, de Vicente Ferraz; “Ouvidor”, de Matias Borgström; “Rejeito”, de Pedro de Filippis; “Samuel e a Luz”, de Vinícius Girnys; “Sekhdese”, de Graciela Guarani e Alice Gouveia; e “Sociedade de Ferro – A Estrutura das Coisas”, de Eduardo Rajabally.

Participam ainda da Competição Territórios e Memória os curtas-metragens “A Bata do Milho”, de Eduardo Liron e Renata; Mattar; “A Chuva do Caju”, de Alan Schvarsberg; “Água Rasa”, de Dani Drumond; “Ava Yvy Pyte Ygua / Povo do Coração da Terra”, do Coletivo Guahu’i Guyra; “Despovoado, Ou Tudo Que a Gente Podia Ser”, de Guilherme Xavier Ribeiro e estrelado por Rolando Boldrin; “Interior da Terra”, de  Bianca Dacosta; “Kwat e Jaí – Os Bebês Herois do Xingu”, de Clarice Cardell; “Mborairapé”, de Roney Freitas; “Nosso Terreiro”, de Anna Rieper, Patrícia Medeiros, Ranyere Serra e Fernando Lucas Silva; “Nunca Pensei Que Seria Assim”, de Meibe Rodrigues; “O Silêncio Elementar”, de Mariana de Melo; “Onde a Floresta Acaba”, de Otavio Cury; “Retratos de Piratininga”, de André Manfrim; e “Sertão, América”, de Marcela Ilha Bordin.

Conversas com diretores dos filmes estão previstas na programação. Entre os encontros previstos estão “Não Existe Almoço Grátis”, de Marcos Nepomuceno e Pedro Charbel (4/08); “Amazônia, Arqueologia da Floresta – Episódio 1 (Temporada 2) Terra Preta”, obra inédita de de Tatiana Toffoli (7/08); “Floresta, Um Jardim Que a Gente Cultiva”, de Mari Corrêa (10/08) e “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho (8/08).

Diretor do vencedor do Oscar “A Marcha dos Pinguins”, Luc Jacquet volta à Mostra Ecofalante de Cinema com o visualmente deslumbrante “Antártica: Continente Magnético”, uma aventura pela região do Polo Sul do planeta. O filme mereceu première no prestigioso Festival de Locarno, na Suíça.

A cantora Gaby Amarantos  participa de “SobreVivências: Clima de Risco”, obra dirigida por Eduardo Rajabally sobre as mudanças climáticas que estão transformando nosso planeta de forma bastante radical. O filme integra a Sessão Especial  Programa Ecofalante Universidades, projeto educacional da Ecofalante que promove exibições e debates socioambientais a escolas e universidades durante todo o ano. Esse título que estreia na Mostra vai entrar no catálogo, que é composto por mais de 250 títulos.

Já a Competição Latino-americana apresenta 17 títulos, representantes de dez países da região. Da Colômbia vem o longa “Rio Vermelho”, de Guillermo Quintero; e os curtas “A Menos Que Bailemos”, de Hanz Rippe Gabriel e Fernanda Pineda Palencia; “Rio Vermelho”, de Guillermo Quintero; e “Yarokamena”, de Andrés Jurado. As produções mexicanas selecionadas são “Você Vai Me Esquecer?”, longa de Sofía Landgrave Barbosa; e os curtas “Hikuri”, de Sandra Ovilla León;  “Um Campo Que Já Não Cheira a Flores”, de César Flores Correa. Já a representação peruana inclui os longas “Histórias de Shipibos”, de Omar Forero; e “Céu Aberto”, de Felipe Esparza Pérez, selecionado no Festival de Roterdã. Participam obras do Chile (“Concórdia”, de Diego Véliz), Panamá (“Bila Burba”, de Duiren Wagua) e República Dominicana (“Ramona”, de Victoria Linares Villegas), ao lado de duas coproduções: uma Argentina/Cuba (“A Gruta Contínua”, de Julián D’Angiolillo); outra, Paraguai/Argentina (“Margens Luminosas”, de Maira Ayala).

A programação da Competição Latino-americana se completa com quatro títulos brasileiros: o longa “A Transformação de Canuto”, de Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho; e os curtas “Cama Vazia”, de Fábio Rogério e Jean-Claude Bernardet; “O Materialismo Histórico da Flecha Contra o Relógio”, de Carlos Adriano; e “Vão das Almas”, de Edileuza Penha de Souza e Santiago Dellape.

Seção competitiva dedicada a filmes de curta duração realizados em cursos e oficinas audiovisuais, o Concurso Curta Ecofalante tem na sua seleção desta edição um total de 25 títulos. Estão presentes trabalhos da ECA-USP, Unicamp, FGV, FAAP, PUC Minas, AIC – Academia Internacional de Cinema, Senac São Paulo, ETEC Jornalista Roberto Marinho, projeto É Nóis na Fita, Ceep Formação e Eventos Isaias Alves da Bahia, Formação Faculdades Integradas do Maranhão, oficina Geração Futura, Maranhão, Mato Grosso e das universidades federais de Alagoas, Minas Gerais, Paraíba, Pelotas, Rio de Janeiro, Santa Catarina e do Recôncavo da Bahia.

Para o público infantil, a Mostra Ecofalante de cinema apresenta o longa de animação “Yakari, Uma Jornada Fantástica”. Uma sofisticada coprodução entre Bélgica, França e Alemanha, nela uma criança indígena parte em uma jornada fantástica: encontrar um cavalo mustang conhecido por ser indomável.

Também é promovido no evento o 1º Encontro “A Sustentabilidade na Indústria Audiovisual”, evento anual presencial realizado em parceria com a Spcine e a Cinema Verde. Agendado para a manhã de sexta-feira, 9/08, o evento propõe uma discussão franca sobre a extensão da implementação de práticas sustentáveis na indústria cinematográfica brasileira no momento atual. Participam das duas mesas propostas profissionais de diferentes setores para compartilhar as experiências positivas e os desafios encontrados.

Todas as informações sobre exibições e demais atividades do evento podem ser encontradas na plataforma Ecofalante: www.ecofalante.org.br.

Bruna Chicano

Cientista ambiental, vegana, mãe da Amora e da Nina. Adora caminhar sem pressa e subir montanhas.

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