Ser egoísta até pode ter suas vantagens, mas é a cooperação que vai te manter no grande jogo
Baseados na teoria dos jogos, de John Nash (que muitos conhecem por sua história ter sido retratada no famoso filme “Uma Mente Brilhante”), e nas descobertas estratégicas do dilema do prisioneiro, feitas por William Press e Freeman Dyson, dois biólogos da Universidade da Pensilvânia demonstraram matematicamente como a cooperação e a generosidade obtiveram maior sucesso no processo de desenvolvimento natural em comparação à competição.
O dilema do prisioneiro implica uma situação na qual duas pessoas se encontram em uma situação de disputa, sendo que suas ações terão implicações diretas no que irá acontecer com o adversário. A cooperação gera um equilíbrio no resultado, no entanto, a cooperação de um e o egoísmo do outro resultará na vantagem máxima para o segundo e desvantagem máxima para o primeiro. Press e Dyson se detiveram nas possíveis estratégias de extorsão dentro desse jogo que podem trazer mais vantagens para si.
Não satisfeitos, o pesquisador de pós-doutorado Alexander J. Stewart e o professor Joshua B. Plotkin começaram a analisar o dilema de outras perspectivas e publicaram os resultados na Proceedings of the National Academy of Sciences (Procedimentos da Academia Nacional de Ciências). Inspirados na observação da própria natureza e a forma como os seres vivos agem em cooperação na maior parte dos cenários, eles inseriram o dilema do prisioneiro num contexto mais amplo, no qual haveria vários jogadores uns contra os outros, e não apenas dois, demonstrando assim um contexto mais real. Nesse caso, os que obtivessem maior sucesso “reproduziriam” mais e passariam suas estratégias para as próximas gerações.
Para esses biólogos, as estratégias de extorsão podem até funcionar num jogo a dois, mas pensando em termos de uma população ampla e em desenvolvimento, a falta de cooperação pode não ser tão vantajosa assim. Acontece que, a longo prazo, as vantagens da generosidade com os oponentes são muito maiores, e os egoístas acabam ganhando menos que os oponentes que cooperaram. Nessa hora, mesmo “o perdão” pode ser uma estratégia, pois, num primeiro momento, você pode até punir aquele que não cooperou, mas após um determinado tempo, é importante cooperar com ele também.
Apesar de parecer abstrato, eles conseguiram provar por equações matemáticas como só as estratégias generosas e de cooperação podem sobreviver, colocando o dilema do prisioneiro no cenário evolutivo humano. Plotkin aponta ainda para os estudos de psicologia que demonstram como o ato generoso traz uma sensação de felicidade para o ser humano, é quase como um instinto, que pode ser encontrado também em muitas outras espécies.
Então, fica respondido: Num cenário de competição x cooperação, quem ganha é a cooperação.