Conheça o herbicida 2,4-D e seus impactos

Compartilhar

O 2,4-D é um herbicida utilizado para o controle de ervas daninhas em produções agropecuárias, problemas comuns em áreas de cultivo pobres em biodiversidade, como as monoculturas. Ele é usado no cultivo agrícola, como nas plantações de milho, soja e arroz, além de pastagens de braquiária. 

O herbicida contamina o solo, o ar e a água com facilidade, devido sua alta solubilidade, gerando desequilíbrio ecossistêmico. Para os seres humanos, o 2,4-D pode provocar sintomas como dores de cabeça, náuseas, perda de consciência, taquicardia e edema pulmonar.

Onde é usado?

Pasto de braquiária. Imagem editada e redimensionada de ILRI em Flickr, sob a licença CC BY-NC-ND 2.0

O 2,4- é um herbicida pertencente ao grupo de herbicidas de ácido fenoxiacético. Ele é utilizado para o controle de espécies vegetais invasoras. A primeira vez que se ouviu falar sobre o 2,4-D foi em 1942. Devido ao seu baixo custo, o produto é amplamente usado na agricultura e na pecuária.

No cultivo agrícola, ele é aplicado nas culturas de cana-de-açúcar, trigo, milho, soja, arroz, sorgo, aveia e café. No setor pecuário, o herbicida é aplicado nas pastagens de braquiária (gramínea utilizada para pastos de gado). Ele é volátil e solúvel em água. Isso possibilita que o agrotóxico atinja com maior facilidade a atmosfera e corpos hídricos.

Impactos na saúde

O herbicida é considerado pouco tóxico para a saúde, enquadrado na classe IV de toxicidade. De acordo com a bula do agrotóxico, grande parte da quantidade absorvida pelo corpo é eliminada pela urina e pelas fezes.

Existem diferentes vias de exposição ao 2,4-D, como a inalação, ingestão, contato dérmico e contato com os olhos. No caso de contato com o agrotóxico, devem ser tomados cuidados especiais, de acordo com cada via de exposição. 

No caso de ingestão, a vítima não deve provocar o vômito se não for indicado por um profissional da saúde. Se a via de exposição for ocular, a região deve ser lavada com água em abundância durante 15 minutos. 

O mesmo deve ser feito no caso de contato com a pele, que deve ser lavada com um sabão neutro pelo mesmo período e sem a presença de roupas e acessórios. Por último, no caso de inalação do produto, a pessoa deve ser dirigida a um local aberto e arejado. 

Sintomas

Os sintomas variam de acordo com o grau de exposição da vítima com o 2,4-D, além da via de exposição. Os sintomas da ingestão podem ser febre, coma, vômito, taquicardia, hipotensão, bradicardia, edema pulmonar e rigidez nos músculos. 

A exposição aguda provoca falência renal, irritação na boca, nariz e olhos e problemas no metabolismo, que geram acidez metabólica. Além disso, essa exposição pode levar ao desequilíbrio nos níveis de hidratação (desequilíbrio hidroeletrolítico), o que pode causar a falência múltipla dos órgãos.

Em relação a danos neurológicos, a exposição em baixa concentração pode gerar dores de cabeça, vertigem, mal-estar e formigamento. Em altas concentrações pode haver perda de consciência, espasmos, fraqueza e inflamação e degeneração dos nervos.

Quando a via de exposição é o sistema respiratório, a vítima tende a expirar ar com um odor diferenciado. Além disso, ela pode sofrer com insuficiência respiratória, lentidão na respiração (bradipnéia), edema pulmonar e hiperventilação (exalação mais rápida do que a inalação).

Outros sintomas são a intoxicação do sistema nervoso, alterações celulares no cérebro, necrose da mucosa gastrointestinal, aumento ou problema na produção de algumas enzimas e perda de proteínas na urina (albuminúria).

Impactos ambientais

Para o meio ambiente, o 2,4-D está incluído na classe III, como “produto perigoso”. Ele pode ser liberado no ar durante a sua fabricação, contribuindo para a poluição do ar. No solo, ele pode sofrer o processo de lixiviação, sendo destinado aos corpos hídricos.

Por conta da sua alta solubilidade e volatilidade, o 2,4-D atinge com facilidade o solo, o ar e a água. Além disso, o herbicida pode atingir plantas de culturas vizinhas, afetando a produção de outras espécies, como o algodão. O processo de degradação química e biológica do 2,4-D pode levar à transformação do herbicida em substâncias mais tóxicas e perigosas para o meio ambiente e a saúde humana.

Na água, o 2,4-D sofre com o processo de hidrólise, em que o hidrogênio presente na molécula de água reage com outra substância. No solo, o 2,4-D sofre o processo de fotodegradação, que aumenta a sua persistência no meio ambiente. Como resultado desses processos, são produzidos clorofenóis, como o 2,4-DCP, que é resistente à biodegradação.

Outro problema é a capacidade do 2,4-D em se transportar com facilidade, o que leva à contaminação de ecossistemas que não receberam a aplicação direta do produto.

Entenda quais são os poluentes da atividade agropecuária

Alternativa

A melhor alternativa ao uso dos agrotóxicos é a implementação da agroecologia em larga escala, um modelo de produção agrícola sustentável. A agroecologia consiste na implementação de cultivos agrícolas em conjunto com aspectos culturais, ambientais e sociais.

A agroecologia é um movimento político, que inclui a agricultura familiar e busca a retomada de modelos de cultivo anteriores à Revolução Verde, responsável pela implementação da monocultura em larga escala. 

As vantagens desse modelo de produção sustentável são a conservação da biodiversidade e a redução do uso de agrotóxicos. Em geral, a agroecologia está acompanhada da agricultura orgânica e de tecnologias limpas. Além disso, a sua produtividade é de até 10% superior à agricultura convencional e o seu custo é baixo.

Agroecologia: o que é e características

Entretanto, de maneira mitigatória, não estrutural,  de acordo com um estudo, é possível reduzir os impactos ambientais do 2,4-D no meio ambiente a partir de alterações na sua composição, tornando-o menos solúvel. O uso de polímeros cumarínicos-2,4-D na composição do agrotóxico permitiu a liberação controlada do 2,4-D no solo. 

Dessa forma, a absorção do agrotóxico por parte das plantas era maior e o efeito da lixiviação foi reduzido. Além disso, o produto apresentou mais efeito nas produções agrícolas, a não ser no período inicial de quatro dias, em que o crescimento foi reduzido. Outras substâncias foram testadas pelo estudo e obtiveram sucesso, reduzindo o impacto ambiental provocado pelo herbicida.

Outra medida que reduz a presença de 2,4-D no ambiente é a adoção de uma dieta vegana, já que os animais contém agrotóxicos em seus corpos devido ao fenômeno de bioacumulação. Além disso, a criação de animais demanda uma quantidade superior de insumos em relação ao cultivo agrícola.

Luiza Caballero

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.

Saiba mais