Por Nações Unidas Brasil | Realizado em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial, o documento aponta as mudanças climáticas e a rápida urbanização como os maiores desafios para a crise da água no planeta.
“Temos que acelerar nossos esforços para garantir que todas as pessoas tenham acesso confiável à água potável – algo que é um direito humano, não um luxo”, destacou a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira.
Fornecer água e saneamento para todos no planeta é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), acordado por todos os 193 Estados-membros da ONU em 2015. Um novo relatório das Nações Unidas, no entanto, mostra que embora mais de dois bilhões de pessoas tenham obtido acesso à água potável nas últimas duas décadas, um quarto da população mundial ainda está sendo deixado para trás.
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe estão entre os países lusófonos mencionados na avaliação “Situação da Água Potável no Mundo”, realizada em conjunto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Banco Mundial.
“Fornecer maior acesso à água potável salvou muitas vidas, a maioria delas crianças. Mas as mudanças climáticas estão consumindo essas conquistas”, destacou a diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS, Maria Neira. “Temos que acelerar nossos esforços para garantir que todas as pessoas tenham acesso confiável à água potável – algo que é um direito humano, não um luxo.”
Atualmente, as mudanças climáticas estão aumentando a frequência e a intensidade das secas e inundações, que agravam a insegurança hídrica, interrompem o abastecimento de água e arrasam comunidades. Enquanto isso, a rápida urbanização está agravando a pressão sobre a capacidade das cidades de fornecerem água para milhões de pessoas que vivem em assentamentos informais e favelas.
O relatório examina ainda as ligações entre água, saúde e desenvolvimento, recomendando aos governos que invistam de forma estratégica para alcançar o acesso universal à água potável e mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
Entre os exemplos mencionados pelo documento está uma iniciativa brasileira no estado de Espírito Santo, onde uma infraestrutura sustentável financiada pelo Banco Mundial ajudou a restaurar e proteger florestas e nascentes de rios, através de uma série de intervenções para melhorar a qualidade da água.
“Investir em água e saneamento é fundamental para a saúde, o crescimento econômico e o meio ambiente. Crianças mais saudáveis tornam-se adultos mais saudáveis que contribuem mais para a economia e a sociedade”, destacou o diretor do grupo Water Global Practice do Banco Mundial, Saroj Kumar Jha.
Outro procedimento mencionado pelo relatório são os pagamentos para serviços ecossistêmicos, que são incentivos oferecidos a agricultores ou proprietários de terras em retorno pelo apoio à administração de suas terras para fornecimento de algum tipo de serviço ecológico.
Os investimentos das famílias cabo-verdianas em seus sistemas próprios de abastecimento de água potável, por exemplo, ajudaram a resolver o déficit de financiamento da água potável no país, principalmente nas zonas rurais, mas também em áreas urbanas, onde os serviços podem ser limitados geograficamente ou ser mais caros.
Portugal, enquanto isso, reduziu cargas de lodo na água por uma abordagem que combina reflorestamento e melhor gestão da terra com uma série de outras ações, como melhorias nas estradas e saneamento. Como resultado destas mudanças, o país observou uma melhoria significativa na segurança hídrica.
Em preparação para a próxima Conferência da Água da ONU, prevista para março de 2023, cerca de 1,2 mil cientistas, representantes do setor privado e da sociedade civil se reuniram na sede das Nações Unidas em Nova Iorque, na última segunda-feira (24), para discutir ideias potencialmente revolucionárias relacionadas à água e sustentabilidade.
Observando que o mundo está em um momento decisivo, o presidente da Assembleia Geral, Csaba Kőrösi, cujo escritório organizou o evento, disse aos participantes que é hora de “passar da gestão reativa da água para uma era de soluções proativas, baseadas na ciência”. Kőrösi instou os participantes a discutirem novas soluções na perspectiva da “solidariedade, sustentabilidade e ciência”, o lema da 77ª sessão da Assembleia Geral.
Ex-presidente da Hungria e membro da comissão Líderes da Água e do Clima, János Áder também discursou no evento, pedindo uma maior ênfase na coleta e compartilhamento de informações: “Não podemos parar esta crise hídrica. Temos que nos adaptar. E para nos adaptarmos, precisamos de dados e informações”.
Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
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