De acordo com o relatório “Amazônia Contra o Relógio: uma avaliação regional sobre onde e como proteger 80% até 2025”, cerca de 26% da Amazônia já possui danos quase irreversíveis, chegando no ponto de não retorno. O documento foi divulgado durante uma conferência da Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica e escrito por uma coalizão de cientistas e líderes indígenas.
Especialistas envolvidos na divulgação do relatório afirmam que ainda há tempo de salvar a floresta das consequências do desmatamento e da degradação, contudo, é necessário agir agora.
Por muito tempo, o termo “ponto de não retorno” foi divulgado como um prazo determinado no futuro para que os danos causados à Amazônia virem irreversíveis. No entanto, representantes do projeto acreditam que a floresta está em crise agora, e que esse ponto já foi atingido.
O relatório foi feito em resposta a uma resolução feita no Congresso Mundial de Conservação da IUCN do ano passado, que aprovou a moção 29 para proteger 80% da floresta amazônica até 2025.
Os dados do relatório cobrem o período entre 1985 e 2020 e puderam comprovar que 26% da Amazônia já foi desmatada ou degradada o suficiente para chegar ao ponto de não retorno — com 20% sujeitos a mudanças irreversíveis do uso do solo e 6% extremamente degradados.
90% das áreas de risco estão localizadas no Brasil e na Bolívia — com o Brasil representando 82% do número total. De acordo com o relatório, 34% da Amazônia brasileira está “extremamente degradada”.
No entanto, ainda é possível proteger até 74% da parte da floresta que permanece intacta e restaurar os 6% degradados. Entre as soluções apresentadas no relatório para a prevenção de maiores danos da floresta, está o reconhecimento de cerca de 100 milhões de hectares de Terras Indígenas — que também foi enfatizado pela ONU como fundamental na redução dos riscos consequentes às mudanças climáticas.
Cerca de 86% do desmatamento na Amazônia é concentrado fora de Terras Indígenas ou de áreas protegidas — o que indica o potencial de conservação apresentado por esses locais. Porém, apenas 48% da Amazônia é considerada parte dos territórios indígenas reconhecidos por lei, o que deixa mais de 50% da área suscetível à degradação.
Além do reconhecimento dessas áreas, o relatório também sugere outras soluções para a conservação da floresta, como um governo em conjunto entre comunidades indígenas e locais da área florestal remanescente, apresentações de planos de ação e o cancelamento das dívidas de países amazônicos.
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