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Além das formas naturais, tecnologias prometem fazer o sequestro de carbono diretamente do ar

Sequestro de carbono é a expressão utilizada para definir o processo de retirada de gás carbônico da atmosfera. Naturalmente, esse processo é realizado pelo crescimento dos vegetais por meio da fotossíntese e pela absorção de carbono pelo solo e oceano.

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Dez consequências do aquecimento global para a saúde

Todo mundo, em algum momento da vida, já se viu em meio a um debate sobre as causas e consequências do aquecimento global. Nessas discussões, muito se fala sobre o efeito estufa, o perigo do aumento da concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera e a necessidade de se empregar fontes de energia mais limpas, como a solar ou a eólica.

Mas você sabia que existem tecnologias capazes de capturar e armazenar quantidades de carbono debaixo da terra? Além disso, há ainda o processo natural de sequestro de carbono e é preciso cuidar desses estoques naturais.

CO2: definição e impactos do dióxido de carbono

Buscando reduzir o efeito estufa, a Conferência de Quioto, em 1997, consagrou o conceito de sequestro de carbono, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera.

Mas, por que realizar o sequestro de carbono? 

Em geral, o carbono é um elemento essencial para a vida no planeta e é encontrado na atmosfera na forma de dióxido de carbono. Esse gás é produzido por meio da oxidação do monóxido de carbono e também é liberado por diversos organismos, incluindo plantas e árvores, durante o processo de respiração.

No entanto, a preocupação não reside na presença do CO2 na atmosfera, mas sim na sua alta concentração, uma vez que esse gás é o principal contribuinte para o aquecimento global, causando o desequilíbrio no efeito estufa.

Desse modo, o sequestro do CO2 ajuda a restabelecer o equilíbrio desses gases, amenizando as consequências da crise climática que afetam tanto o meio ambiente quanto a saúde humana. 

Porém, embora parte do sequestro de carbono seja realizado naturalmente, atividades humanas que resultam na degradação do meio ambiente comprometem a eficiência desse processo, além de contribuírem ainda mais para o aumento das emissões de gases do efeito estufa.

Entre as principais atividades humanas que resultam na emissão de gases do efeito estufa estão: 

Como ocorre o sequestro de carbono?

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Imagem de Freepik

A forma mais comum de sequestro de carbono é realizada naturalmente pelas florestas. Na fase de crescimento, as árvores demandam uma quantidade muito grande de carbono para se desenvolver, fixando a partir da fotossíntese o CO2 da atmosfera na forma de carboidratos, que são por fim incorporados à parede celular das árvores.

Essa forma natural de sequestro de carbono ajuda a diminuir consideravelmente a quantidade de CO2 na atmosfera: cada hectare de floresta em desenvolvimento é capaz de absorver de 150 a 200 toneladas de carbono. É por isso que o desmatamento é um grande inimigo do sequestro de carbono, já que o corte de árvores promove a liberação do CO2 capturado pelas plantas.

Florestas: as grandes provedoras de serviços

Além das árvores e florestas, como a Amazônica, o sequestro de carbono também ocorre de forma natural nos oceanos, que capturam carbono para manter os processos de calcificação de diversos organismos marinhos. O excesso de carbono na atmosfera, no entanto, desregula esse processo de absorção natural, causando acidificação dos oceanos.

Preservar os meios naturais de sequestro de carbono é fundamental para evitar que a Terra entre em um “efeito estufa permanente”. Estudar e explorar tecnologias artificiais de captura e sequestro de carbono são outras formas que têm sido usadas para amenizar os impactos da poluição atmosférica sobre o meio ambiente.

Tecnologias de sequestro de carbono

Em 2010, uma nova tecnologia passou a capturar e retirar o CO2 diretamente do ar ambiente. A Global Thermostat (GT) – formada por Peter Eisenberger, Graciela Chichilnisky e Edgar Bronfman – desenvolve e comercializa o que ficou conhecido como solução “carbono-negativo”. Essa solução se baseia no sequestro de carbono a partir do ar ambiente, a baixas temperaturas e com concentração de cerca de 400 partes por milhão.

Após retirado o CO2, os criadores da GT defendem a venda dos montantes no mercado de carbono, evitando novas emissões e impulsionando a busca por energias renováveis. Ainda assim, esse carbono sequestrado também pode ser transportado e armazenado debaixo da terra, assim como aquele da captura CCS tradicional.

CCS tradicional? O sequestro de carbono, na verdade, já é bem conhecido pelas indústrias. Desde 1930, algumas indústrias passaram a capturar carbono e diminuir sua presença nas emissões antes que elas entrassem em contato com a atmosfera, ou seja, antes que elas saíssem das chaminés – ao contrário da tecnologia que as capturam diretamente do ar.

Essa tecnologia chamada carbon capture and storage (CCS) – captura e armazenamento de dióxido de carbono -, baseada nessas tecnologias tradicionais, gerou tantas especulações que, em 2005, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um relatório especial sobre o tema para melhor informar os formuladores de políticas, engenheiros e cientistas envolvidos na área de mitigação de mudanças climáticas.

E, afinal, do que se trata essa tecnologia? Segundo a CCS Association, que promove negócios na área de sequestro e armazenamento desde 2005, o CCS é uma tecnologia capaz de capturar até 90% das emissões de dióxido de carbono decorrentes da queima de combustíveis fósseis nos processos industriais ou na geração de eletricidade.

Como funciona? O CCS consiste em três partes principais: captura, transporte e armazenamento.

Sequestro de carbono

O sequestro de carbono, também chamado de captura de carbono, pode ocorrer por três formas e processos diferentes: pós-combustão, pré-combustão e combustão de oxi-combustível. A pós-combustão captura o CO2 após a combustão do combustível fóssil com o ar com a ajuda de um solvente que absorve e separa o CO2 de outros gases.

A pré-combustão captura o CO2 antes que o combustível líquido, sólido ou gasoso seja submetido à combustão. Os combustíveis são processados em dois reatores de modo a resultar em CO2 e hidrogênio – sendo que este último pode ser usado como gerador de calor ou energia livre de CO2.

Por fim, a combustão de oxi-combustível consiste na combustão do combustível primário com o oxigênio no lugar do ar para que o gás resultante seja, principalmente, constituído de vapor de água e CO2, facilitando o sequestro de carbono devido a sua maior concentração. Entretanto, essa técnica requer a separação prévia de oxigênio do ar.

Transporte

Todo esse processo de sequestro é feito para que o CO2 possa ser comprimido e transportado por meio de dutos – de mesma tecnologia daqueles que já transportam gás natural -, navios, caminhões, dentre outros meios. A CCS Association afirma que milhões de toneladas são transportadas anualmente para fins comerciais e ressalta que existe um potencial significativo de desenvolvimento dessa infraestrutura.

Armazenamento de carbono

E qual é a parte em que o CO2 vai para debaixo da terra? As opções de armazenamento geológico de CO2 são: aquíferos profundos, cavernas ou domos de sal, reservatórios de gás ou óleo e camadas de carvão. Como essas formações geológicas são encontradas vários quilômetros abaixo da terra, o CO2 estaria armazenado permanentemente bem longe da atmosfera e o impacto das emissões seria bem menor.

Confira o vídeo do Zero Emissions Platform sobre CCS:

Como eu posso ajudar?  

Como já mencionamos, o sequestro de carbono pode ocorrer tanto naturalmente quanto através de processos criados pelo ser humano. E, embora pareça que ações individuais não são necessárias para que esses processos funcionem, você pode sim ajudar! 

A maneira mais simples de promover o sequestro de carbono é encorajar o crescimento do ambiente natural, reduzindo o desmatamento e promovendo a preservação de áreas já existentes. 

Uma das principais causas do desmatamento é a agropecuária, que utiliza dessa prática para expandir campos de pasto para o gado. Consequentemente, muitos especialistas argumentam que o corte e a diminuição do consumo de carne são soluções individuais eficazes para retardar o desmatamento e outros impactos ambientais. 

Por exemplo, uma pesquisa realizada na Alemanha comprovou que a substituição de 20% da carne por proteína microbiana — uma proteína derivada de cogumelos — poderia reduzir o desmatamento pela metade.

Adicionalmente, uma pesquisa publicada na Nature indicou que a substituição de alimentos de origem animal por alimentos de origem vegetal também pode reduzir o desmatamento.  

A matemática é simples: a diminuição do consumo de carne resulta na redução de sua procura, desacelerando a sua produção. Isso significa que alterações na dieta podem mudar o cenário atual e contribuir para a melhora do planeta.

Ao todo, as dietas sem carne são consideradas dietas de baixa emissão, que contam com inúmeros benefícios ambientais. Contudo, outras mudanças alimentares, como o consumo de alimentos orgânicos ou de alimentos derivados da agricultura de baixo carbono também são formas de contribuir para o processo natural de sequestro de carbono


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