Além de proporcionar benefícios para a saúde, a mandioca pode ser usada para criar embalagens biodegradáveis
A mandioca (Manihot esculenta) é uma planta da família Euphorbiaceae. Nativa da América do Sul, ela faz parte da alimentação de muitos brasileiros, principalmente dos que vivem em regiões rurais. Além disso, é um prato típico em outros países em desenvolvimento, como Indonésia, Índia e China. Além de oferecer benefícios para a alimentação, ela tem uma estreita relação com a economia.
No Brasil, a planta faz parte do folclore. A lenda conta que ela teve origem na morte precoce de Mani, neta de Tuxaua (xamã de uma comunidade indígena brasileira).
Ela foi enterrada na aldeia em que morava, onde, mais tarde, uma planta nasceu. Ao verem sua raiz branca, os indígenas deram o nome de Manioca (casa de Mani). Já a planta foi chamada de Maniva.
Na culinária, a mandioca é tipicamente consumida após cozida, ou frita, de forma salgada, mas também pode ser incorporada em receitas doces.
Tipos de mandioca
A mandioca é dividida em dois tipos, ou grupos. O primeiro é o mais popular e tem diversas denominações, sendo conhecido como:
- Mandioca doce
- Macaxeira (dependendo da região)
- Mandioca de mesa
- Aipim
- Mandioca mansa
Esse tipo é utilizado para consumo fresco humano ou animal.
O segundo grupo é denominado amarga ou brava e é impróprio para consumo fresco. Geralmente, a mandioca brava é utilizada na indústria de alimentos para produção de fécula ou farinha de mandioca, por exemplo.
A grande diferença entre os dois grupos é a concentração de ácido cianídrico presente na raiz. No primeiro grupo, a concentração é inferior a 100 partes por milhão (ppm) ou 100 mg de ácido por quilograma de raiz.
O ácido cianídrico é um composto tóxico para os seres humanos. Estima-se que a dose letal desse ácido oscile entre 50 a 60 mg/Kg de peso. Dessa forma, o processamento das mandiocas do segundo grupo é necessário para evitar a ocorrência de intoxicação alimentar e para que elas acabem podendo ser consumidas.
Em alguns lugares, como no sudeste da África, a planta possui toxinas acima do recomendado. Com as pesquisas, estudiosos descobriram que as condições ambientais podem aumentar significativamente os níveis da toxina.
Produtos e fonte de renda
Os principais produtos do aipim são os minimamente processados, que são mandiocas vendidas descascadas; ou os processados, como a pré-cozida congelada e “chips” feitos com o alimento.
Já os produtos derivados da mandioca brava são: farinha seca, farinha d’água, fécula ou polvilho doce e polvilho azedo – o ingrediente principal do pão de queijo. O seu processamento ocorre em fecularias, sendo o principal produto a fécula, ou amido da mandioca, que serve de matéria-prima para as indústrias de papel, têxtil, alimentícia e como lubrificante nas indústrias de petróleo.
A fécula da mandioca vem ganhando espaço na indústria como matéria-prima de embalagens e plásticos biodegradáveis. Esse fator representa um grande avanço para a questão dos resíduos sólidos que são despejados no meio ambiente.
Cultivo de mandioca
De acordo com a Embrapa, a mandioca é produzida em cerca de 100 países. Além disso, seu cultivo e beneficiamento representam a principal fonte de renda de várias regiões brasileiras. Segundo a Associação Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (Sober), as casas de farinha garantem emprego e renda para produtores, familiares e demais agentes envolvidos. Assim, movimentando a economia das localidades onde estão inseridas.
Esta atividade, além de ser utilizada para a subsistência, apresenta-se como uma opção promissora no agronegócio. Já que o alimento pode gerar vários produtos de alto valor agregado, tanto para a utilização humana quanto para alimentação animal.
Para mais, cientistas descobriram que a planta reage bem mesmo quando os níveis de dióxido de carbono estão muito altos. Diferente de outras plantas que, nestas circunstâncias, diminuem a fotossíntese.
Com isso, na Ásia, produtores passaram a explorar o potencial da mandioca. Isso fez com que a planta se tornasse a segunda safra comercial mais importante. Por lá, é usada, sobretudo, como alimento básico para auxiliar no aumento da segurança alimentar.
Na África do Sul, ela é produzida com fins industriais e uso de biotecnologia, contribuindo para a estratégia de bioeconomia. Na Nigéria, a maior produtora mundial do aipim de acordo com a ONU, a planta cresce sem precisar de muita ajuda. Logo, é um produto valioso para a alimentação humana e animal.
Benefícios da mandioca
A mandioca é rica em carboidratos e é fonte de sais minerais essenciais e vitaminas, como a vitamina C.
As folhas da mandioca também podem exercer um grande papel na nutrição humana, uma vez que são fonte de energia e proteínas, mas sua digestibilidade é baixa. Pesquisas realizadas indicam que o teor de proteínas nas folhas varia entre 20,77 g e 35,9 g/100 g de massa seca. Assim, sendo comparado ao teor de proteína presente em hortaliças, como a couve (30,84 g/100g de massa seca).
Mas vale lembrar que as folhas apresentam alto teor de ácido cianídrico, sendo necessária a cocção, maceração ou desidratação antes de serem consumidas.
A raiz da mandioca possui um alto teor de amido, um alimento rico em fibras e o principal substituto alimentar de pessoas celíacas. Afinal, não contém glúten em sua constituição.
Mandioca protege a saúde do coração
A macaxeira é rica em nutrientes vitais para a regulação da pressão arterial e para a saúde do coração.
Promove a cicatrização de feridas
Fonte de vitamina C, antioxidante e precursor de colágeno, o alimento promove a cicatrização de feridas.
Mandioca melhora a saúde ocular
É rica em vitamina A, nutriente que melhora a saúde ocular e previne a degeneração macular relacionada à idade.
Previne a anemia
A mandioca pode ser fortificada com ferro para ajudar a reduzir a prevalência mundial de desnutrição, em particular a deficiência de ferro.
Mandioca ajuda na produção de leite materno
Fonte de amido, a mandioca ajuda a aumentar a produção de leite materno durante a amamentação.