O solo tem vida e é muito importante preservá-la da degradação. Entenda
O solo é um dos elementos naturais essenciais para a vida no planeta. Ele é um componente fundamental dos ecossistemas e dos ciclos naturais, um excelente reservatório de água e de nutrientes e um suporte básico do sistema agrícola, além de servir de habitat para inúmeras espécies. Por essas razões, e por também ser um recurso limitado e não renovável, a preocupação em torno da degradação do solo é cada vez maior.
A degradação do solo consiste em tudo aquilo que está relacionado à sua destruição. Ao degradar-se, o solo perde sua capacidade de produção, que mesmo com grandes quantidades de adubo não é recuperada para se tornar igual a um solo não degradado. Essa destruição do solo pode ocorrer devido a fatores químicos (perda de nutrientes, acidificação e salinização), físicos (perda de estrutura e diminuição da permeabilidade) ou biológicos (diminuição da matéria orgânica).
O desmatamento e a ação do ser humano são dois dos principais fatores que causam a degradação do solo. Isso porque um dos elementos importantes que influenciam na formação do solo é a vegetação presente no local. Ela é responsável pela circulação de nutrientes e pela proteção do solo, então, quando há o desmatamento da área, a terra fica exposta, desprotegida e mais suscetível à degradação do solo.
Como ocorre a degradação do solo?
O processo de degradação do solo pode ser causado por vários fenômenos diferentes, que são gerados por causas naturais ou não. São eles:
Intemperismo
Trata-se de um procedimento natural, mas que pode ser intensificado pelas atividades humanas. Ele se caracteriza pela transformação e desgaste do solo devido às ações de agentes externos (chuva, vento, gelo, ondas, sol). O intemperismo ocorre porque, boa parte da água da chuva bate primeiro na copa das árvores ou nas folhas da vegetação antes de cair no solo. Assim, funcionando como uma camada protetora e diminuindo o impacto da água sobre a superfície.
Com a destruição da vegetação natural, que é mais comum para uso agrícola, perdemos a proteção e o solo fica exposto, resultando em um desgaste. Consequentemente, o solo perde sua fertilidade. Além da água das chuvas, a copa das árvores também protege o solo contra o calor do Sol e contra o vento.
Esse fenômeno traz consigo uma série de outros problemas e impactos ambientais. Geralmente, ele se inicia com a intensificação da lixiviação, processo de lavagem superficial dos sais minerais do solo. Isso pode causar a formação de voçorocas, grandes e extensos sulcos (fendas) provocados pelas chuvas intensas.
O assoreamento também é uma consequência do intemperismo. Esse processo caracteriza-se pelo acúmulo de terra transportada pela água que se deposita no fundo dos rios. Assim, obstruindo seu fluxo, prejudicando a fauna local e contribuindo para seu transbordamento, que causa o alagamento das áreas vizinhas.
Há também o risco de ocorrer o deslizamento de terras e encostas dos morros, provocando desabamentos de terra e rochas. Além disso, a desertificação também pode acontecer. Ela diz respeito ao processo no qual o solo começa a ficar cada vez mais estéril, o que pode causar a destruição da vegetação natural. Com isso, ele vai ficando árido e sem vida, dificultando muito sua sobrevivência.
Salinização
Trata-se de um fenômeno que naturalmente ocorre em regiões diferentes da superfície terrestre, mas que é intensificado devido às ações humanas. Principalmente pela adoção de métodos incorretos na agricultura. É resultante do acúmulo de sais minerais no solo, geralmente provenientes das águas das chuvas, oceânicas ou aquelas utilizadas para irrigação na agricultura.
O processo ocorre de forma natural, pois a água possui certa quantidade de sais minerais que se depositam no solo. O problema acontece quando a taxa de evaporação da água é muito alta. Isso significa que a água evapora, mas os sais minerais ficam no solo, provocando seu acúmulo excessivo.
Isso ocorre comumente em regiões de clima árido ou semiárido. Afinal, a ocorrência de chuvas, que teriam a função de “lavar” os solos e diminuir a concentração de sais, é menor.
A salinização é causada principalmente por causa da adoção de métodos de irrigação incorretos nas práticas agrícolas. Outras possíveis causas são:
- A elevação acentuada do nível freático, causando maior concentração de água na superfície do solo;
- Evaporação de águas salgadas ou salobras acumuladas de mares, lagos e oceanos;
Compactação
A compactação do solo é um processo também decorrente das ações humanas. A compactação é caracterizada pelo aumento da densidade do solo, pela redução da sua porosidade e, consequentemente, de sua permeabilidade. Isso se dá quando ele é submetido a um grande atrito da superfície ou pela pressão contínua. Isso acontece, por exemplo, em função do:
- Tráfego de tratores e máquinas agrícolas pesadas;
- Pisoteio do gado sobre o campo;
- Manejo do solo em condições inadequadas de umidade;
Esse fenômeno faz com que as características químicas, e principalmente as físicas, da camada mais superficial do solo sejam alteradas devido à pressão. Como resultado, ocorrem uma série de consequências negativas ao solo, como prejuízos no crescimento de raízes das plantas. Além disso, ele também diminui :
- A movimentação da água pelo solo;
- As trocas gasosas;
- O movimento dos nutrientes;
- A taxa de infiltração da água;
- E pode aumentar a ocorrência de erosão;
Contaminação química
A contaminação do solo por agentes químicos é outro dos principais problemas ambientais da atualidade. Ela também é causada pela interferência do ser humano no meio ambiente. Por isso, resulta na improdutividade e infertilidade do solo, além da possível perda da fauna local.
Para além da contaminação através do uso excessivo de agrotóxicos e fertilizantes pela agricultura, a contaminação química também é causada pelo descarte incorreto de resíduos industriais e de lixo eletrônico, a presença de lixões, as queimadas e, embora pouco casos tenham ocorrido, acidentes envolvendo elementos radioativos.
Além de tornar os solos improdutivos e afetar a qualidade de vida da população, esse tipo de contaminação pode afetar o lençol freático. Assim como a vegetação de uma determinada localidade e até a fauna, prejudicando o funcionamento dos ecossistemas.
Como evitar a degradação do solo?
Para que não ocorra a degradação do solo ou pelo menos para amenizá-la, existem técnicas de preservação e conservação, são elas:
Reflorestamento e adubação verde
A adubação verde consiste no cultivo de plantas que posteriormente serão incorporadas ao solo através da decomposição, como as leguminosas. Isso enriquece os solos com os minerais que as plantas cultivadas necessitam para seu desenvolvimento. Reflorestamento, por sua vez, é o plantio de árvores e plantas em locais que anteriormente haviam sofrido com queimadas e desmatamentos.
Tais práticas trazem vários benefícios:
- Filtram os sedimentos;
- Protegem as beiras de rios;
- Aumentam a porosidade do solo devido à presença de raízes profundas e volumosas;
- Diminuem o escoamento superficial da água pelo solo;
- Permitem a criação de refúgios para a fauna;
- Favorecem a fertilidade do solo;
- Protege a ação prejudicial de agentes físicos, especialmente da água;
Rotação de culturas
O sistema de rotação de culturas consiste em alternar anualmente as espécies vegetais plantadas em uma mesma área agrícola. Devem ser escolhidas plantas com raízes e exigências nutricionais diferentes. São muitas as vantagens da rotação de culturas:
- Proporciona a produção de alimentos;
- Melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo;
- Auxilia no controle de ervas daninhas, doenças e pragas;
- Repõe a matéria orgânica do solo;
- Protege o solo da ação de agentes físicos de intemperismo;
Curvas de nível
São linhas de plantas dispostas em uma mesma altura, no sentido do fluxo da água. O plantio em níveis cria obstáculos à descida das águas de enxurradas. Isso diminui a velocidade de arraste das partículas do solo e aumenta a infiltração da água no terreno.
Além dessas técnicas de conservação, precisamos também ter consciência e fazer o uso da terra segundo as suas aptidões naturais. Sempre visando o manejo adequado e a conservação do solo. A população em geral desconhece a importância do solo, o que contribui para ampliar processos que levam à sua alteração e degradação. O conhecimento e uso racional do solo é um plano de exploração das terras sem desgastar a riqueza dos seus recursos e diminuir sua produtividade.