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A agricultura urbana orgânica reduz desperdícios, contribui para a sociobiodiversidade e para o aproveitamento de nutrientes e sabor.

Agricultura urbana é a agricultura praticada dentro ou ao redor de um espaço urbano  A agricultura urbana orgânica, por sua vez, é aquela praticada nessa mesma região, mas com o benefício de não utilizar agrotóxicos, antibióticos, drogas veterinárias, Organismos Geneticamente Modificados (OGM) ou transgênicos em sua produção.

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A agricultura urbana, e periurbana, orgânica tem se mostrado a melhor alternativa para o abastecimento de alimentos para as cidades, principalmente por diminuir a distância entre a produção do alimento e o consumidor final. Mas também por ser uma alternativa mais saudável em relação produção agrícola convencional.

Entenda a agricultura urbana e seu objetivo

A agricultura, de modo geral, é a base de muitas coisas, não só da alimentação, mas também da produção de matérias-primas que servirão para fazer tecidos, papéis, produtos de limpeza, cosméticos, combustíveis, ração para a produção da carne e muitos outros produtos consumidos no dia a dia.

Existem diversas formas de se fazer agricultura, algumas mais impactantes, como é o caso da agropecuária, outras menos, como é o caso da agricultura agroecológica.

Seja como for, é difícil imaginarmos que ao comer, um ato tão rotineiro e aparentemente inofensivo, estamos causando impactos socioambientais. Por isso, quem é urbano ou periurbano precisa se conscientizar de que começar a praticar e a incentivar a agricultura urbana (orgânica), seja com hortas comunitárias ou outras alternativas, como base para alimentação não é só uma questão de investimento em saúde, é uma demanda socioambiental.

Como você já deve saber, a maioria dos produtos, incluindo os alimentos de casa, percorrem longas distâncias até chegarem ao supermercado.

Essa distância entre o local de produção e o consumo traz consigo uma série de prejuízos, e isso se dá em decorrência da configuração das cidades, que normalmente separaram a parte “rural”, destinada à produção de insumos e alimentos (setor primário e secundário), da parte urbana, destinada à produção de serviços e comércio de bens (setor terciário).

Benefícios da agricultura urbana orgânica

A agricultura urbana é uma prática complementar às atividades agrícolas desenvolvidas no meio rural, com o diferencial de estar integrada aos sistemas econômicos e ecológicos urbanos. Ela é praticada no Brasil inteiro, principalmente por pessoas que têm a atividade agrícola como base para a subsistência.

O que é agricultura orgânica?
Imagem editada e redimensionada de Iva Rajović, está disponível no Unsplash

A agricultura urbana tem como característica principal a aproximação do local de consumo do local de produção e, quando praticada de modo orgânico, proporciona uma série de benefícios:

Reduz o desperdício

Ao aproximar consumidores da fonte de alimentos, a agricultura na área urbana possibilita redução no desperdício causado pelo transporte e armazenamento.

Para quem tem uma horta próxima, por exemplo, é possível colher os alimentos praticamente na hora do preparo, o que evita transporte em longas distâncias e armazenagem, permitindo comer um alimento fresquinho e com zero desperdício, pois até as cascas podem retornar para a horta e serem utilizadas como composto.

Evitando a necessidade de armazenamento antes do consumo, é possível ingerir produtos fresquinhos e que passaram pelo processo completo de maturação!

Melhora o aproveitamento de nutrientes e sabor

Tendo controle sobre a forma de produção, você evita a aplicação de organoclorados e outros agrotóxicos ao optar por uma agricultura orgânica, mais saudável e barata.

A forma de agricultura orgânica que respeita o tempo natural de maturação dos alimentos dá origem a produtos com maiores níveis nutricionais e mais saborosos.

Reduz o consumo de industrializados

Quem não prefere preparar um chá gelado de limão e hortelã fresquinho direto da horta no lugar de consumir aquele de caixinha que já vem pronto, mas pode conter conservantes, agrotóxicos, corantes, é mais cara e ainda gera descarte no final (a caixinha)? Com alimentos frescos à disposição, é provável que estes sejam preferidos em detrimento dos industrializados, principalmente para pessoas mais pobres.

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Quem produz pode escolher captar água da chuva

Na agricultura convencional, é difícil na posição de consumidores escolhermos como se darão as formas de produção. Mas em uma horta dentro ou mais próxima de casa, nosso poder de decidir sobre as formas de produção é maior. E você pode decidir captar água da chuva para regar sua horta urbana.

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Utilização das ervas na fitoterapia

O tratamento de doenças ou sintomas por meio das plantas, também chamado de fitoterapia, possui viabilidades comprovadas cientificamente. Isso ocorre desde que sejam utilizadas as plantas certas na concentração e forma corretas.

Com acesso a esse tipo de recurso fica muito mais fácil recorrer à horta quando for preciso, principalmente para as pessoas mais pobres que possuem acesso dificultado a medicamentos convencionais.

Destina adequadamente os resíduos de origem vegetal

Muitas vezes quem já realiza a compostagem dos restos de alimentos e de outros resíduos vegetais não sabe o que fazer com o produto gerado (húmus e biofertilizante). Se é o seu caso, esse é mais um motivo para começar a praticar a agricultura urbana e destinar seu composto para a adubação do solo. Se a compostagem ainda não for o seu caso, aproveite para adquirir esse hábito e reduzir sua pegada ecológica.

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Saúde

Os benefícios à saúde que a prática da agricultura urbana pode trazer para todos e principalmente para aquelas pessoas que habitam regiões estressantes das áreas mais urbanizadas não se restringem à ingestão direta de alimentos saudáveis e livres de contaminantes. A própria ação de cultivar uma horta urbana pode ser uma forma de terapia ocupacional e ajudar na melhora da saúde mental.

Revitaliza espaços ociosos e fortalece relações sociais

Um problema muito comum da região urbana são os espaço ociosos. Praças, terrenos, canteiros, sacadas e quintais, muitas vezes destruídos e não habitados, podem ser utilizados como áreas de cultivo. Locais bem cuidados atraem pessoas e elas ajudam a preservá-los.

Dar início à prática da agricultura urbana com uma horta no quintal é maravilhoso, mas melhor ainda é expandir a atividade para espaços públicos maiores, em que a vizinhança possa ajudar a cuidar e a usufruir dos benefícios. Compartilhar um espaço de cultivo também significa fazer novos amigos e/ou passar um tempo agradável com filhos, avós e netos, ou seja, é uma forma de reforçar os laços sociais.

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Contribui para o microclima e a biodiversidade

As áreas urbanizadas costumam sofrer de escassez vegetal na paisagem. A prática da agricultura urbana pode ser uma forma de contribuição tanto para a paisagem quanto para a regulação do microclima, atuando como uma barreira de ruídos e ajudando na manutenção da biodiversidade, servindo como uma reserva genética urbana.

Contribui para a economia e segurança alimentar

A agricultura urbana pode gerar oportunidades de emprego, renda alternativa, abastecimento para os pequenos mercados, valorização das culturas locais e empoderamento comunitário e de gênero. Além disso, essa atividade pode contribuir para promover a segurança alimentar e nutricional da população urbana que a utilizar como estratégia de subsistência, especialmente para os agricultores de baixa renda e grupos marginalizados, como idosos, jovens desempregados e migrantes.

Todo mundo pode praticar

É comum achar que só é possível começar a cultivar alimentos em espaços enormes e com grande disponibilidade de solo. Mas pensar assim é um equívoco. Até quem mora em apartamento pode começar os seus cultivos na janela de casa.

Incentivar a agricultura urbana é contribuir para a sustentabilidade socioambiental. Pratique essa ideia! Comece dando uma olhada na matéria “Curso de hortas orgânicas #1: conheça os princípios e saiba como planejar a sua“.

Impactos do modelo urbano X rural

Essa forma de desenvolvimento que separa o local de produção de alimentos do local de consumo (urbano X rural) possui uma série de desvantagens:

Desperdício e encarecimento do produto final

No percurso do alimento in natura até a prateleira do supermercado, e de lá para nossas casas, são gastos combustível, mão de obra e espaço para alocação.

Por conta de incidentes no transporte e/ou pelo tempo de maturação no armazenamento, uma parte dos produtos acaba estragando e sendo inviabilizada para o consumo. Isso gera desperdício de alimentos e faz com que aumente a demanda por fertilizantes, agrotóxicos e combustíveis utilizados na produção, transporte e na colheita de novas produções para substituir aquela que foi desperdiçada em perdas. Tudo isso, em conjunto, aumenta o preço final dos alimentos.

Aumento da poluição e impacto ambiental

Com a necessidade de aumentar a produção para substituir as perdas, aumenta a poluição oriunda da queima de combustíveis utilizados na colheita, em maquinarias de processamento e no transporte; a poluição de solos, ar e lençóis freáticos pelos agrotóxicos e fertilizantes despejados e o desmatamento. No caso de quem consome carne, os impactos gerados são maiores ainda.

Aumento da necessidade de processamento

Tendo em vista que é difícil manter os alimentos intactos in natura, surge a necessidade de formas de processamento que aumentem a vida útil desses produtos durante o transporte e armazenamento.

O problema é que muitas vezes essas técnicas de processamento são prejudiciais à saúde, como é o caso dos produtos em que são adicionados gordura, sal, conservantes, corantes, aromatizantes, entre outras substâncias e processos que diminuem a qualidade dos alimentos em termos de saúde e sabor.

Prejuízos à saúde

Na agricultura e pecuária convencionais dificilmente é empregada a técnica de produção orgânica – os métodos utilizados são baseados no uso de produtos agrotóxicos, principalmente pesticidas com base em organoclorados, que são prejudiciais para a saúde humana e ambiental. Quem consome carne e outros produtos derivados de animais, como o leite e o queijo, acaba ingerindo mais agrotóxicos que veganos por conta do efeito de bioacumulação no tecido gorduroso dos animais, além de ingerir hormônios e antibióticos.


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