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O odor característico do cecê é resultado da ação de bactérias que se proliferam nas regiões mais quentes do corpo, como axila e virilha

A bromidrose axilar, popularmente chamada de cecê, é uma condição muito comum em adolescentes e adultos e acontece quando o suor corporal, que é normal, vem acompanhado por um mau cheiro. A palavra cecê ou CC vem de “cheiro de corpo” e sua origem é incerta. O odor característica é resultado da ação de bactérias que se proliferam nas regiões mais quentes do corpo, como axila, virilha e pés, e na maior parte dos casos pode ser combatido com medidas de higiene e remédios naturais.

História da palavra “cecê”

Atualmente, a palavra cecê faz parte dos dicionários brasileiros, que apontam a década de 1940 como a origem da palavra. Segundo essa versão, o termo foi criado em uma propaganda de sabonete que chegou ao Brasil naquela época, importado dos Estados Unidos. Em um período de forte industrialização, com o surgimento de diversos novos produtos, entre eles itens de higiene, os publicitários foram importantes para o estabelecimentos de “diferentes discursos em torno da substituição do natural pelo artificial, segundo apontam os pesquisadores Elizabete Kobayashi (UFSCar) e Gilberto Hochman (Fiocruz) no artigo “O “CC” e a patologização do natural: higiene, publicidade e modernização no Brasil do pós-Segunda Guerra Mundial“.

Naquele contexto, segundo o artigo, o publicitário Rodolfo Lima Martensen foi responsável por fazer uma versão do comercial norte-americano para o Brasil. Martensen, então, teria traduzido a expressão body odor – “B.O.” – literalmente para “cheiro de corpo”, criando a sigla “C.C.” para imitar o modelo de sigla usado pelos americanos. O próprio publicitário reivindica em um livro a autoria do termo, que depois se popularizou.

Segundo os pesquisadores, “a incorporação do verbete “Cê-cê – s. m. – cheiro de corpo, fedor de suor; cê-cê” ao Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, pode ser considerada um indicador de que a preocupação com os odores naturais ainda se faz presente e de que a campanha conseguira ganhar a atenção dos potenciais consumidores.”

Existe, porém, outra versão para a palavra, relatada pela pesquisadora Lélia Gonzales na palestra “Racismo e Sexismo na Cultura Brasileira“. A autora traz relatos de que, no Brasil escravista, os homens brancos cheiravam roupas usadas por mulheres negras para se excitarem durante as noites de núpcias com mulheres brancas. Ela relata que era comum a “utilização desse santo remédio chamado catinga de crioula (depois deslocado para o cheiro de corpo ou simplesmente cc).”

Bromidrose

Se as duas origens possíveis para o termo cecê apontam para discriminações, a bromidrose não se trata simplesmente do cheiro – ela tem como sintoma característico o odor intenso, que é aquele que chega a ser desagradável tanto para a pessoa quanto para quem está em volta. O cheiro ruim é resultado do encontro entre o suor produzido pelas glândulas apócrinas e as bactérias que se alojam nas partes do corpo em que essas glândulas se localizam.

Existem glândulas sudoríparas espalhadas por toda a extensão da pele e elas são as responsáveis pela produção do suor, uma secreção natural cuja principal função é regular e manter estável (na casa dos 36,5 ºC) a temperatura do corpo – o que explica o suor em pessoas com febre, por exemplo. Existem no corpo humano dois tipos de glândulas sudoríparas: as écrinas e as apócrinas.

Glândulas sudoríparas

Bromidrose
Imagem de Becca Matimba no Unsplash

O primeiro grupo têm função termorreguladora e está distribuído ao longo de toda a superfície do corpo desde o nascimento do bebê, permanecendo ativo até a velhice. O suor que essas glândulas eliminam pelos poros é constituído basicamente por água e alguns sais que não se decompõem, de modo que elas praticamente não exalam nenhum cheiro.

Já as glândulas apócrinas se desenvolvem em no início da adolescência e apenas em algumas regiões do corpo, como axilas, área genital, couro cabeludo e ao redor dos mamilos. O suor que secretam é eliminado através dos folículos pilosos e, além de água e alguns sais, contém restos celulares e do metabolismo que podem produzir odores desagradáveis quando expostos à ação de bactérias e fungos, em ambientes em que calor, umidade e falta de luz sejam predominantes.

Dez dicas de como acabar com chulé

São esses odores que recebem o nome de bromidrose, que é definida pelo Manual Merck como uma “condição de odor fétido devido à ação de bactérias e leveduras que decompõem o suor e restos celulares”. Quando o cheiro se concentra na região da axila, a condição é chamada de bromidrose axilar, popularmente conhecida como cecê, o “cheiro do corpo“, e há também a bromidrose plantar, ou chulé, que é quando os sintomas se manifestam nos pés.

Bromidrose axilar

A bromidrose axilar só se manifesta em adolescentes e adultos, já que é apenas nessas fases da vida que as glândulas apócrinas estão ativas. Na infância elas ainda não se desenvolveram e na velhice os níveis hormonais inibem seu funcionamento. Uma boa higiene cotidiana e o uso de medidas paliativas é a única forma de evitar o aparecimento do desagradável cecê.

Se o cheiro de cecê for muito forte, pode ser necessário procurar um médico dermatologista, que é o profissional indicado para avaliar caso a caso. O tratamento é baseado na interferência sobre as bactérias que habitam a pele nas regiões mais quentes. Os casos mais sérios podem exigir o uso de antibiótico tópico, para modificar o tipo e a quantidade das bactérias presentes nessas regiões, ou ainda um tratamento de longo prazo. Podem ser necessários medicamento com ação bactericida, fungicida e antimicótica para acabar com o cecê. Em alguns casos, é recomendada a aplicação de toxina botulínica (Botox) na área das axilas para controlar ambos o suor e o mau odor.

Além da ação de micróbios, diabetes, alcoolismo, alimentos como cebola, alho e pimentas, alguns antibióticos e certos hormônios podem ser os responsáveis pela alteração no cheiro do suor, deixando-o com características desagradáveis.

Se o cecê for algo mais cotidiano do que clínico, como acontece na maior parte dos casos, alterar os hábitos de higiene deve ser suficiente para acabar com o cecê nas axilas. Se o maior problema for o cheiro, opte por desodorantes ao invés de usar antitranspirantes (também chamados de antiperspirante), que são os indicados para casos de sudorese intensa. Entenda a diferença entre os dois produtos na matéria:

Desodorante e antitranspirante são a mesma coisa?

Os tratamentos a serem indicados não têm o objetivo de curar a bromidrose, mas irão atuar para controlar a transpiração excessiva nas áreas de maior risco.

Dicas de como acabar com a bromidrose

  • Esteja sempre atento à higiene pessoal;
  • Seque bem a pele depois do banho, especialmente a pele das axilas e entre os dedos dos pés;
  • Prefira sabonetes antissépticos e desodorantes antiperspirantes;
  • Troque de roupas todos os dias;
  • Use produtos para eliminar os odores durante a lavagem das roupas;
  • Evite roupas de tecido sintético, especialmente as meias. Prefira peças de puro algodão sempre que possível;
  • Deixe os sapatos ventilarem após o uso;
  • Prefira calçados abertos e fabricados com matérias-primas naturais;

Existem alternativas caseiras que ajudam a aliviar o suor na região das axilas, como aplicar leite de magnésia após o banho ou usar um talco caseiro de bicarbonato de sódio com amido de milho (misturados em proporções iguais). Você também pode fazer o seu próprio desodorante caseiro. Mas fuja da automedicação! Se o cheiro de cecê se tornou um transtorno recorrente, consulte um dermatologista para orientar o tratamento adequado.


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