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Descarte incorreto de lentes de contato gera microplásticos. Reciclagem é possível, mas ainda é difícil

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Lentes de contato são uma das opções de tratamento para quem tem miopia e outros problemas de visão. Elas fornecem um campo de visão maior que o dos óculos e são boas aliadas dos praticantes de exercícios físicos, além de ajudarem na hora de dar um mergulho e encontrar seu guarda-sol na volta (o drama de praia de qualquer pessoa com a vista comprometida). Porém, apesar do conforto, é importante tomar cuidado na hora do descarte. Já existem programas de reciclagem de lentes de contato, mas elas não podem ser jogadas no lixo reciclável comum e muito menos na pia ou no vaso sanitário.

Existem vários tipos de lentes de contato, mas todas elas são feitas através de diferentes misturas de polímeros, ou seja, diferentes tipos de plásticos. Ao longo dos anos, o mercado de lentes de contato evoluiu das primeiras versões, feitas em vidro, para opções mais flexíveis e permeáveis, que permitem a hidratação e o transporte de oxigênio para a córnea (a membrana transparente que fica na parte da frente do olho e recobre a íris, que por sua vez é a parte colorida).

Cuidado na hora do descarte

Apesar de práticas e atualmente bastante adaptadas às necessidades do nosso olho, o grande problema está no descarte das lentes de contato. Por serem pequenas e feitas de materiais como silicone, acrílico, hidrogel e hidroxietilmetacrilato, para citar alguns exemplos, as lentes exigem atenção. Se forem jogadas na parte de plástico do lixo reciclável comum, a chance de escaparem para o meio ambiente é alta, já que seu tamanho faz com que as centrais de reciclagem não consigam lidar com elas.

Nos EUA, segundo uma pesquisa, cerca de 20% dos usuários de lentes de contato as descartam na pia ou na privada. Nesses casos, elas tendem a ir direto para os rios e oceanos, pois o tamanho faz com que escapem das estações de tratamento. Assim, depois de sair do seu olho, pode ser que as lentes acabem voltando para o seu corpo na forma de microplásticos, que é o formato no qual elas acabam seu ciclo de vida quando são descartadas incorretamente.

microplastico
Há microplásticos no sal, nos alimentos, no ar e na água

Nos EUA, já existe um programa de reciclagem de lentes de contato, patrocinado pela fabricante Bausch + Lomb e executado em parceria com a TerraCycle. Denominado de One by One, o programa espalhou lixeiras coletoras para as lentes e os blisters em que elas vêm embaladas em várias clínicas de oftalmologia dos Estados Unidos, em que é possível deixar seus resíduos desse tipo. No país, também é possível gerar etiquetas para enviar o material para o programa de reciclagem, de modo gratuito. Segundo a empresa, a quantidade de lentes descartadas nos EUA seria suficiente para dar três voltas no mundo.

Uma vez recebidas pela central de reciclagem de lentes de contato, o material é separado e limpo. As camadas de metal do blister são recicladas separadamente, enquanto as lentes de contato e a parte plástica de suas embalagens são derretidas e transformadas em plásticos que podem ser remodelados para a fabricação de produtos reciclados.

Como retribuição ao usuário que adere ao programa, a cada envio de 2 libras (cerca de 900g) ou mais de resíduos provenientes de lentes de contato, a fabricante se compromete a doar um dólar por libra de resíduo recebida para a Optometry Giving Sight (uma iniciativa global para prevenir cegueira e ajudar pessoas com a visão prejudicada).

O programa de reciclagem de lentes de contato conta com mais de 2 mil pontos de coleta em clínicas médicas norte-americanas e já reciclou mais de um milhão de lentes de contato. Aqui no Brasil, por enquanto, a melhor opção é descartar suas lentes de contato usadas e respectivas embalagens no lixo comum (aquele que não é reciclável nem compostável), evitando que elas escapem para a natureza e garantindo ao menos que terminem seu ciclo de vida no aterro sanitário.


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