Considerado o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais, a 7ª edição da Mostra EcoFalante de Cinema Ambiental celebra, do dia 31 de maio a 13 de junho, a Semana Nacional do Meio Ambiente e o Dia Mundial do Meio Ambiente. O evento é realizado em diversas salas na cidade de São Paulo e possui entrada gratuita.
Um dos nomes mais importantes da história do cinema alemão e um dos cineastas mais originais de todos os tempos, Werner Herzog está no centro do panorama histórico da sétima edição da Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental.
O panorama histórico traz uma retrospectiva que inclui títulos consagrados da filmografia herzoguiana, como os longas-metragens “A Caverna dos Sonhos Esquecidos”, um reflexo sobre a existência humana por meio de desenhos rupestres feitos na parede de uma caverna, datados de 35.000 anos atrás, e “Encontros no Fim do Mundo”, que mergulha na Antártica, um universo solitário, irracional, estéril e repetitivo repleto de mitos naturais e desejos antigos.
Já o grande homenageado do ano é Chico Mendes (1944–1988), seringueiro, sindicalista, ativista político e ambientalista brasileiro que se tornou expoente na defesa da Amazônia. No marco dos 30 anos de seu assassinato, o festival apresenta filmes como internacionalmente premiado “Children of the Amazon”, dirigido pela brasileira Denise Zmekhol, que recupera o trabalho pioneiro de Mendes e celebra o seu legado. Na forma de um road movie, o filme conta a história do que aconteceu com a vida na maior floresta da Terra quando uma estrada foi construída diretamente em seu coração. A jornada cinematográfica de Zmekhol combina entrevistas íntimas com sua meditação pessoal e poética sobre a devastação ambiental, resistência e renovação.
Um total de 44 trabalhos recentes, representando 27 diferentes países, estão reunidos no Panorama Internacional Contemporâneo. A programação é organizada pela curadoria da mostra em eixos temáticos, que abordam campo, cidades, consumo, povos & lugares, preservação e trabalho. Entre os destaques estão “Dolores”, de Peter Bratt, produção lançada no Sundance Festival sobre a líder trabalhista e ativista de direitos civis Dolores Huerta; “Restos do Naufrágio”, do finlandês Jan Ijäs, obra selecionada para o prestigioso Festival de Roterdã que aborda uma ilha na Itália onde chegam os escombros de naufrágios de refugiados africanos; e “Coração de Açougueiro”, de Marijn Frank, que participou do festival IDFA – Amsterdã (considerada a “Cannes” do cinema documental) e retrata as dúvidas de um menino de treze anos entre seguir a tradição de açougueiros de sua família ou trabalhar com animais “vivos”.
Também na mesma seção estão “Uma História de Desperdício” (de Nari Kye e Anna Chai, Reino Unido), uma bem-humorada produção sobre descarte de alimentos e apresentado nos festivais de Sheffield, DC Environmental e Planet in Focus; “O Iluminado Mundo de Tesla”, animação canadense exibido em Cannes e premiado em Toronto em torno das utopias do inventor Nikola Tesla e seus conceitos revolucionários de eletricidade; e “As Estações”, superprodução francesa de imagens impressionantes sobre a ascensão e a queda das florestas na Europa, que tem como corroteirista o veterano ator Jacques Perrin (que participou de filmes de Costa-Gavras, Jacques Demy, entre outros).
Por sua vez, a Competição Latino-Americana recebeu novo recorde de produções inscritas: 383 títulos, de 18 países da região. Foram selecionados 29 títulos, representando Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Honduras, México e Peru. Alguns dos destaques são o peruano “Río Verde. El Tiempo de los Yakurunas”, uma imersão sensorial em plena selva sul-americana; “Viejo Calavera” (Bolívia), eleito melhor filme no Festival de Cartagena; “El Eterno Retorno” (Chile), com impressionantes imagens sobre os eventos pós-incêndio da cidade de Valparaiso em 2014; e “Dedo na Ferida”, do premiado brasileiro Sílvio Tendler (dos sucessos “Jango” e “Os Anos JK”).
Completam a programação a mostra competitiva Concurso Curta Ecofalante, a Mostra Escola e Circuito Universitário, o workshop de Produção Audiovisual (ministrado pelo cineasta Jorge Bodanzky, já homenageado pelo evento em 2016), o workshop de formação de professores e o Seminário Cinema e Educação, uma parceria com o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.
Inspirado nos 12 trabalhos de Hércules, o filme parte das imagens de um homem se exercitando numa academia.
O que você faria se a sua renda básica estivesse garantida? Vista como uma utopia até alguns anos atrás, hoje essa ideia é mais palpável do que nunca. Através de entrevistas com especialistas e figuras-chave de diversas escolas de pensamento, da ala neoliberal à esquerda utópica, o filme explora a renda básica universal como uma possibilidade real nos dias de hoje.
Treinadores falam de seu trabalho com cavalos. Seus depoimentos são intercalados, através da montagem, pelas intervenções de um homem que diz proteger os cavalos dos fãs de corridas de cavalo.
Elle Marja, 14 anos, é uma criadora de renas do povo Sami que decide deixar a sua comunidade natal e ir estudar em um internato na capital, Estocolmo. Em busca de uma vida melhor, enfrenta o racismo e a eugenia presentes na sociedade sueca da década de 30, ao mesmo tempo em que rompe os laços que a unem a sua família e a sua cultura. Um sensível e delicado retrato do passado colonial sueco.
Fata Morgana é o nome dado a um efeito ótico, uma espécie de miragem que se produz graças a uma inversão térmica. Neste filme, o efeito pode ser notado a partir de imagens do deserto do Saara. Narrado pela historiadora do cinema e crítica franco-alemã Lotte-Eisner (por quem Herzog sempre nutriu grande admiração), este documentário absolutamente conceitual está dividido em três partes, expressando uma espécie de crítica do cineasta à civilização: criação, paraíso e Idade do Ouro.
O que começou como uma tentativa de ajudar casais inférteis a terem filhos é hoje um lucrativo negócio de ‘bebês industrializados’. As esperanças e desejos de futuros pais se enredam com pesquisas que aperfeiçoam embriões ao selecionar os genes mais desejáveis a dedo. O filme nos leva a pacientes, pesquisadores, doadores de óvulos, mães de aluguel, clínicas e laboratórios, e nos faz perguntar: quão longe queremos ir?
Inspirado nos escritos autobiográficos do Frei Gaspar de Carnaval, um padre dominicano espanhol. O filme mostra as aventuras de uma expedição espanhola, liderada pelo impiedoso e insano conquistador espanhol Don Lope de Aguirre, que, no século 16, nas florestas do Novo Mundo, busca El Dorado.
A publicidade como conhecemos está morta. A nova era da propaganda baseia-se em ciência, matemática complexa e alta tecnologia. O que um dia foi palpite e criatividade é hoje precisão e vigilância. Sem regulação alguma, as companhias estão livres para compilar montanhas de dados pessoais de qualquer um que use a internet. Será isso o ápice da invasão de privacidade ou apenas o preço que pagamos por uma internet livre?
Ao saber que o vulcão La Soufrière, na ilha de Guadalupe, está prestes a entrar em erupção, Herzog viaja com sua equipe em direção aos acontecimentos. Toda população já deixou o local, exceto um velho senhor, que se recusa a partir. Evidentemente, é sobre este personagem que se fixará a atenção de Herzog.
Dolores Huerta é uma das mais importantes, embora pouco conhecidas, ativistas da história dos Estados Unidos. Co-fundadora da Farm Workers Union, contribuiu enormemente para a luta por direitos trabalhistas, igualdade racial e paridade de gênero, tornando-se uma das mais notórias feministas do século XX. O filme conta a história de uma vida dedicada à mudança social.
Nesta adaptação da obra de Bram Stocker – cuja referência ao clássico realizado por F.W. Murnau em 1922 é evidente –, Klaus Kinski encarna Nosferatu, o conde imortal. Obcecado pela jovem Lucy, o velho vampiro decide empreender uma viagem de sua terra natal, a Transylvania, até a Alemanha, onde mora sua amada. Junto com ele, chega também à cidadezinha a peste negra. Para Lucy, a relação entre os dois fatos é evidente, mas os homens da ciência, encarregados de avaliar o que se passa, resistem a acreditar nela.
Metade da toda a vida marinha foi perdida nos últimos 40 anos. Em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos mares. Diferente do que imaginamos nos últimos séculos, o oceano não é um lugar de recursos ilimitados, imune à mudança e ao declínio. Através de entrevistas com apaixonados ativistas, o filme desvela a história das mudanças em nosso oceano para defender a necessidade de preservá-lo.
Fitzcarraldo é um irlandês que mora na pequena cidade peruana de Iquitos, localizada às margens do rio Amazonas. Sonhador que possui um histórico de envolvimento em empreendimentos faraônicos malogrados, ele parte para a realização de um novo projeto. Este consiste em encontrar uma nova rota para escoamento da borracha produzida na região.
Jane Jacobs foi uma ativista norte-americana envolvida em uma série de lutas, na Nova York de meados do século XX, contra o brutal processo de modificação da cidade. Em 1960, seu livro Morte e Vida das Grandes Cidades chocou o mundo da arquitetura e do planejamento urbano ao explorar as consequências da reconfiguração das cidades por arquitetos e planejadores. O filme examina as cidades atuais pela lente de uma de suas mais eminentes pensadoras.
No deserto australiano, um grupo de aborígenes tenta defender um território sagrado para seu povo: o lugar onde as formigas verdes sonham. O problema é que, por seus recursos naturais, a região é de grande interesse para uma empresa multinacional de exploração mineral.
Com 13 anos de idade, Wessel aprende os segredos da profissão de açougueiro com seu avô, que acredita que o neto assumirá o negócio da família. Contra o bullying dos colegas, ele questiona sua hipocrisia: acaso acham que carne cresce em árvores? Mas, apesar de ter orgulho do trabalho artesanal, Wessel não está completamente convencido – talvez ele prefira trabalhar com animais vivos.
Sobre o bandido brasileiro Francisco Manoel da Silva, conhecido como Cobra Verde. Desconhecendo seu passado, um latifundiário da Bahia o chama para trabalhar em suas terras. Ao engravidar uma das filhas do patrão, o homem acaba recebendo como retaliação a missão tida como suicida: assumir um antigo entreposto de escravos na África.
1984 – O computador pessoal chega às nossas salas de estar e conquista toda uma geração. Logo ele também será essencial no trabalho e no entretenimento: apenas aqueles que dominam a nova tecnologia terão futuro. 2016 – Um grupo de terceira idade tenta adaptar-se ao acelerado avanço tecnológico para encontrar seu lugar na era digital. Não deboche! Seu problema hoje será nosso amanhã: até quando acompanharemos o ritmo do progresso?
Um documentário sobre o tradicional povo Wodaabe, nômades do Saara, que vivem da criação de gado e de pequenas trocas comerciais. Uma especial atenção é dada por Herzog ao ritual da corte, por meio do qual as mulheres escolhem seus futuros companheiros.
Histórias do século XX: cinco incríveis invenções verdes boicotadas por poderosas indústrias interessadas em incentivar o consumismo.
Documentário observativo e reflexivo a partir do ambiente de desolação que se seguiu à Guerra do Golfo. Com sua voz tão característica sobre as imagens, Herzog passa pelo episódio do incêndio nos campos de petróleo do Kuwait, mostrando terras devastadas e inóspitas.
Herzog vai até a Antártica para filmar o deserto de gelo onde está localizada a base americana de McMurdo. Lá vivem seres humanos absolutamente isolados da civilização. Eles são cientistas ou funcionários do local que experimentam, em seu dia a dia, o contato com maravilhosas e, ao mesmo tempo, opressoras paisagens, que invariavelmente acabam moldando seus humores. Assim, o olhar do cineasta não se esquivará de tentar capturar a melancolia e a beleza que eclodem desse encontro entre o homem e os ambientes mais extremos do planeta.
Na caverna de Chauvet Pont D’Arc, sudoeste da França, está localizado um tesouro inestimável para a humanidade: cerca de 400 desenhos e pinturas rupestres datadas de 30 mil anos atrás. O local está vedado para acesso turístico a fim de que esse patrimônio seja devidamente preservado. A Herzog, no entanto, foi dada autorização para filmar esse testemunho de um povo há muito esquecido, mas cujas marcas de passagem por este planeta ainda permanecem vivas.
A Mostra Ecofalante de Cinema Ambiental ocupa o Cine Reserva Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil e o Circuito Spcine, além de diversos outros espaços, e é uma realização da ONG Ecofalante, do Ministério da Cultura, do Governo Federal, e da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. É uma correalização da Spcine e da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, e é viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura e Programa de Apoio à Cultura (ProAC).
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