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Entregadores de serviços de delivery estão expostos a situação de risco econômico e sanitário. Consumidor pode fazer sua parte para ajudar

Imagem editada e redimensionada de Patrick Connor Klopf, disponível no Unsplash

A demanda por serviços de delivery cresceu por conta da atual pandemia de coronavírus. Para muitos negócios, as entregas são a única forma de garantir que algum tipo de venda ainda seja possível. Os consumidores que podem ficar em casa aproveitam as opções disponíveis, seja para receber as compras do mercado ou para continuar prestigiando seu restaurante favorito. A situação dos entregadores, por outro lado, é bem mais delicada, já que além da precariedade econômica, eles também se expõem à contaminação.

Com a pandemia, vários comércios se viram forçados a planejar serviços de entrega às pressas. Se o aumento da procura por parte de lojas e restaurantes poderia parecer uma boa notícia, os entregadores viram a concorrência aumentar. Muitos funcionários dispensados das mesmas lojas que agora oferecem delivery se cadastraram para trabalhar nos aplicativos de entrega, como forma de garantir alguma renda em suas casas, o que fez com que a remuneração oferecida por esses aplicativos caísse.

Para os restaurantes, o número de vendas feitas através dos sistemas de delivery não chega nem perto das vendas que as casas tinham em seus salões. Com isso, muitos funcionários foram dispensados, seja de vez ou colocados dentro dos planos de redução de jornada e corte de salário oferecidos pela MP 936.

Sem saber quando ou como será a reabertura, os níveis de desemprego no setor já começam a assustar empresários e trabalhadores do ramo. Muita gente foi procurar emprego justamente nos aplicativos de entrega, que são um modo rápido e completamente informal de gerar alguma renda – o grande problema é que a remuneração varia conforme a oferta de trabalhadores disponíveis para prestar o serviço.

O modelo de negócios de empresas como iFood, Rappi e outros serviços de entrega é semelhante ao do Uber – cujas polêmicas em termos trabalhistas são conhecidas. Por conta da pandemia, as empresas dizem ter reforçado suas medidas de higiene e criaram algumas opções para oferecer um mínimo de segurança a seus colaboradores, como a entrega de álcool gel ou um seguro de vida para entregadores contaminados com a Covid-19 criado pelo iFood, por exemplo.

O modelo que rege essas empresas, porém, tende a ser desigual para os colaboradores. Os entregadores que se cadastram nesses aplicativos não podem ser chamados de funcionários justamente porque não possuem vínculos trabalhistas com as empresas. Na prática, isso significa que os entregadores assumem sozinhos todos os riscos oriundos de seu trabalho – o que ganha uma dimensão preocupante durante uma pandemia.

Sem a opção financeira de ficarem em casa, os entregadores se expõem ao coronavírus e podem acabar atuando como via de disseminação da doença, seja para suas famílias ou para os clientes dos serviços de delivery. Algumas empresas fizeram campanhas de pequena escala de distribuição de equipamentos de segurança, de modo que muitos entregadores estão tendo que comprar máscaras de proteção por conta própria – o uso do equipamento também não é exigido pelos aplicativos, ficando a cargo do entregador.

A situação desses profissionais é precária e toda ajuda é bem-vinda. Se governo e empresas de delivery poderiam oferecer condições econômicas e de trabalhado melhores, os consumidores desse tipo de serviço também podem dar sua contribuição para melhorar as condições de vida dos entregadores. Gestos simples como dar gorjeta para os entregadores ou simplesmente manter seu pedido já fazem uma grande diferença.

Usuário também pode ajudar

Se você pode ficar em casa e consome serviços de delivery, ajude os entregadores que prestam esse serviço para você. Pense que eles estão se expondo durante a pandemia para que você possa ficar em casa. Confira algumas atitudes que você pode tomar para ajudar os entregadores:

  • Dê gorjetas;
  • Se você já dava gorjetas, tente aumentar um pouco o valor oferecido;
  • Receba os produtos usando máscara para não expor o entregador (e também se preservar);
  • Procure saber se os estabelecimentos que você prestigia oferecem condições de trabalho dignas aos entregadores (como espaço para limpeza, máscaras, álcool gel);
  • Cobre dos aplicativos de entrega a adoção de políticas justas de remuneração;
  • Não cancele seu pedido depois de finalizado – isso gera uma cobrança e consequente prejuízo para o entregador;
  • Preste atenção ao tamanho das suas compras – lembre-se que o entregador irá levar seu pedido em uma mochila de isopor com espaço limitado;
  • Tome cuidado com reclamações feitas por motivos triviais, já que isso pode deixar o entregador bloqueado por dias e cancelar sua fonte de renda;
  • Sorria com os olhos ao receber sua entrega – pratique a empatia para com esses trabalhadores que estão realizando um serviço de utilidade pública em um momento tão delicado como o atual.

Independente do modo como você faz suas compras, não se esqueça que é importante higienizar qualquer objeto e embalagem que vier de fora da sua casa. Assim, mesmo se você não estiver saindo e só está fazendo suas compras através de sistemas de delivery, evite seu risco de exposição ao vírus e higienize as embalagens da sua entrega. Se possível, tire a máscara apenas depois que tiver limpado todas as embalagens.

Conheça as histórias de alguns entregadores que estão trabalhando durante essa pandemia:


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