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Neonicotinoides são um grupo de praguicidas utilizados na agricultura. Eles atuam para eliminar insetos, mas também podem prejudicar saúde humana

Os neonicotinoides, também conhecidos como neônicos, são um grupo de inseticidas utilizados na agricultura e na veterinária. Eles atuam nos receptores do sistema nervoso dos insetos, gerando intoxicação neurológica. Geralmente, são utilizados contra pulgões e uma ampla variedade de vermes, besouros e brocas para o manejo integrado de pragas.

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Quais são os inseticidas neonicotinoides?

Os neonicotinoides agem de maneira semelhante à nicotina, impedindo a transmissão de impulsos nervosos. Mas também podem ser nocivos para humanos, causando possível prejuízo motor, alteração nos sinais vitais e até morte. Os neonicotinoides geralmente são encontrados sob os nomes representantes de ingredientes ativos como:

  • Imidaclopride
  • Acetamiprida
  • Nitempiram
  • Tiametoxam
  • Clotianidina
  • Dinotefurano
  • Tiaclopride

Exposição ocupacional ou acidental

Envenenamentos por substâncias com potencial tóxico são frequentes casos atendidos nos setores de emergência de hospitais do mundo inteiro. Só nos Estados Unidos, em 2011, foram cerca de 2,3 milhões de chamadas associadas à intoxicação. Em países da América Latina, os números também são altos e estão aumentando nos últimos anos, incluindo casos de pesticidas utilizados na agricultura.

A diferença entre inseticida, fungicida e raticida

Dentro do grupo dos pesticidas não se costuma fazer diferenciação entre inseticidas, fungicidas e raticidas. Quando se trata de inseticidas, os grupos mais abordados e estudados são os inibidores da colinesterase (enzima acetilcolinesterase) e os clorados. Porém há pouca informação sobre o espectro de ação dos neonicotinoides

Mas é de extrema importância falar sobre os inseticidas neonicotinoides. De modo que melhorem:

  • Os cuidados no manuseio;
  • A identificação na prática clínica;
  • O diagnóstico e o tratamento adequados para prevenir complicações e reduzir seu uso quando possível;

História de uso dos neonicotinoides

Os neonicotinoides foram descobertos no final da década de 1980 e são amplamente utilizados no controle de pragas. São comuns tanto nas lavouras quanto para animais domésticos. Isso se deve ao fato de apresentarem baixa toxicidade relativa em humanos.

Onde atuam os neonicotinoides?

neonicotinoides
Imagem de Phoenix Han no Unsplash

Os neonicotinoides têm determinadas características físico-químicas que fazem com que eles sejam absorvidos pelas raízes das plantas. Logo, são distribuídos por toda a estrutura da planta, tornando esses vegetais tóxicos por períodos variáveis ​​de tempo. Alguns exemplos de cultivo em que se emprega essa classe de inseticidas são as lavouras de milho, melão, maçã e uva.

Os neonicotinoides possuem uma estrutura química semelhante à da nicotina e afetam as células nervosas de uma variedade de insetos. Eles mastigam ou sugam uma porção da planta, depois se enrolam e morrem. Dentre os insetos mais afetados estão pulgões, cigarras, mosca-branca, besouros, cochonilha e ácaros.

Toxicidade em seres humanos

Os humanos estão expostos aos neonicotinoides inalando-os acidentalmente, tocando superfícies em fazendas e jardins e também consumindo alimentos tratados com essas substâncias. Nos Estados Unidos, por exemplo, quase 100% do milho é tratado com neonicotinoides.

Na Irlanda, pesquisadores da Trinity e da Dublin City University descobriram que o mel continha resíduos de inseticidas neonicotinoides. De 30 amostras analisadas, 70% tinham pelo menos um composto e quase metade continha pelo menos dois. Os níveis de resíduos estavam abaixo dos limites admissíveis para o consumo humano de acordo com o regulamento da União Europeia. 

No entanto, a exposição prolongada pode causar efeitos que ainda não são totalmente compreendidos por cientistas. Além disso, a concentração média de imidaclopride (um tipo de neonicotinoide) serve de alerta. Afinal, ele é um composto que pode ter efeitos adversos em abelhas e outros organismos.

Durante a última década, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA registrou mais de 1.600 casos de envenenamento humano por imidaclopride. Esta substância pertence à família química dos neonicotinoides, sendo a variedade mais difundida no mundo para uso agrícola. O uso acontece desde o início dos anos 1990 e é fabricado principalmente pela Bayer. É um neonicotinoide de 1ª geração, que, tal como todos os outros neonicotinoides, atua como agonista dos receptores nicotínicos dos insetos. 

Outro aspecto a destacar é o solvente usado em várias partes do mundo, o N-metil-pirrolidona. Este composto explica a maioria dos sintomas gastrointestinais apresentados por pacientes que ingerem esses agrotóxicos. Basicamente por seus efeitos irritantes direto na mucosa do trato gastrointestinal e por sua solubilidade em gordura.

Efeito nas abelhas

neonicotinoides
Imagem de Taga está disponível no ABSFreePics.com

Um estudo revelou que os neonicotinoides são responsáveis por 92% do aumento de toxicidade na agricultura dos EUA nos últimos 25 anos.

Outros estudos têm demonstrado que os agrotóxicos da família dos neonicotinoides apresentam efeitos nocivos a insetos benéficos, como as abelhas. Essas espécies são importantes polinizadores de 90% das angiospermas (plantas que dão frutos), principalmente o melão. Bioensaios realizados em laboratório concluíram que a exposição das abelhas aos compostos neonicotinoides foi extremamente nociva. A contaminação foi realizada por meio da pulverização e ingestão de alimentos contaminados com doses maiores e menores recomendadas pelos fabricantes.

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Efeito nos mamíferos

Os neonicotinoides não são completamente absorvidos pelas plantas. Consequentemente, se acumulam no solo e nos cursos de água, onde há uma grande variedade de animais expostos às substâncias. Com isso, crescem as evidências de que esses compostos também estão prejudicando mamíferos, pássaros e peixes.

Uma equipe de cientistas da South Dakota State University realizou uma pesquisa com cervos, inserindo um tipo de neonicotinoide na água dos animais. Mais tarde, notou-se que animais com níveis mais altos do pesticida tinham maxilares mais curtos, peso corporal reduzido e órgãos menores. Isso também inclui os genitais, o que poderia torná-los mais vulneráveis e trazer problemas para procriar. Além disso, mais de um terço dos filhotes morreram prematuramente e tinham níveis de neonicotinoide muito mais altos do que os sobreviventes.

Um estudo descobriu que comer quatro sementes de canola com imidaclopride por três dias pode afetar a capacidade de migração de um pardal. Outras pesquisas em laboratório relataram uma série de malefícios da exposição dos animais aos neonicotinoides, tais como: 

  • Redução da produção de esperma e aumento dos abortos e anomalias esqueléticas em ratos; 
  • Supressão da resposta imune de camundongos; 
  • Prejuízo à mobilidade dos girinos; 
  • Aumento do aborto e nascimento prematuro em coelhos;

Alternativas

Todas essas informações nos levam a questionar se os problemas causados por esses agrotóxicos justificam seu uso. Uma alternativa para se evitar o consumo desse “veneno” é procurar por alimentos orgânicos. Estes são produzidos por meio de outras técnicas de agricultura que não utilizam agrotóxicos, hormônios ou outros produtos químicos. Os alimentos produzidos com base nos princípios da agroecologia são um exemplo nesse sentido.


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