Por Lu Sudré em Greenpeace | A importância da proteção do meio ambiente para o desenvolvimento do Brasil é inegável, assim como a urgência em olharmos para as questões ambientais considerando a desigualdade de gênero e o racismo ambiental. Ou seja: reconhecendo que as mulheres, principalmente as que vivem em situação de vulnerabilidade, são as mais afetadas pela destruição da natureza.
Esse é o recado que queremos ecoar neste 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional das Mulheres.
Historicamente, as indígenas sentem na pele essa lógica desigual e perversa.
A explosão do garimpo ilegal nos últimos anos aprofundou ainda mais esse processo, como pudemos ver recentemente com a crise humanitária que atinge o povo Yanomami.
As mulheres indígenas convivem com a constante ameaça à saúde e desassistência por parte do Estado. Esta reportagem do Gênero e Número, por exemplo, mostra os riscos da contaminação por mercúrio para mulheres e meninas, que sofrem com gestações de risco e adoecimentos na infância. O garimpo ilegal mata e ameaça o futuro das guardiãs das florestas.
Além dos impactos socioambientais irrecuperáveis que a exploração criminosa das Terras Indígenas causam, há também a violência sexual. No início de fevereiro, quando a situação em Roraima ganhou ampla repercussão, a Secretaria Nacional dos Direitos Humanos informou que ao menos 30 meninas yanomamis estavam grávidas de garimpeiros.
Não podemos esquecer que o gênero feminino também é o mais impactado pela ocorrência de eventos climáticos extremos, cada vez mais intensos e frequentes.
Durante o Carnaval deste ano, 17 mulheres e 19 crianças morreram vítimas das consequências da chuva histórica que caiu sobre o litoral norte de São Paulo. Uma tragédia que escancara o despreparo do poder público para lidar com a nova realidade do clima e como os impactos do aquecimento do planeta atingem a população de maneira completamente desigual.
Nossa luta é em defesa da Amazônia, da biodiversidade, mas também em defesa dessas e tantas outras mulheres que sofrem com a destruição do meio ambiente.
Quando falamos em transformar, estamos defendendo a construção de um mundo mais verde, digno e justo. Para que isso realmente se torne realidade, a garantia dos direitos de todas as mulheres e o fim do machismo são imprescindíveis. Afinal, não existe justiça socioambiental sem igualdade racial e de gênero.
Este texto foi originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais