90% do lixo do Pacífico é resultado da pesca em seis países

Uma pesquisa realizada na Wageningen University em conjunto com a instituição Ocean Cleanup concluiu que 90% do lixo identificável presente no Giro do Pacífico Norte vem de apenas seis países, que são as principais nações pesqueiras da atualidade. É estimado que a área esteja coberta de dezenas de milhares de toneladas de lixo, cobrindo milhões de quilômetros quadrados. 

O lixo analisado foi providenciado pela Ocean Cleanup, uma instituição holandesa que ajuda na limpeza do oceano. O time de pesquisadores analisou mais de 230 dejetos, o equivalente a 573 quilos, e foi concluído que dois terços do lixo foram produzidos no Japão (33,6%) e na China (32,3%). Os próximos países na lista eram a Coreia do Sul (9,9%), os Estados Unidos (6,5%), o Taiwan (5,6%) e o Canadá (4,7%). 

Juntos, todos esses países são responsáveis por 92% do lixo identificável do Giro do Pacífico Norte e nações com uma grande demanda por peixe e indústrias pesqueiras. Os especialistas da pesquisa acreditam que a maioria dos detritos são resultantes da pesca, e que o plástico encontrado tinha dez vezes mais probabilidade de se originar de atividades de pesca do que os baseados em terra.

Embora os países não tenham sido identificados como responsáveis pelo maior número de emissões de plástico no oceano, eles são as seis maiores nações pesqueiras do Oceano Pacífico do Norte. 

Entre o que foi analisado, os pesquisadores conseguiram identificar uma grande parte de equipamentos de pesca descartados, como espaçadores para ostras, armadilhas para enguias e etiquetas para lagostas e peixes. Além disso, também foram encontradas boias de plástico.

Todo ano, mais de 600 mil toneladas de plástico são encaminhadas aos oceanos em forma de materiais de pesca descartados incorretamente. E, de acordo com uma publicação da FAO (A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), os impactos da pesca no ambiente aquático são equivalentes aos impactos da agropecuária no ambiente terrestre.

Todo o vórtice de lixo do Pacífico possui cerca de 1,8 trilhões de toneladas de pedaços de plástico. Com grande parte desses resíduos sendo microplásticos — micropartículas de plástico quase impossíveis de serem removidas do ambiente aquático. 

De acordo com os autores da pesquisa, as emissões de plástico no oceano podem ser reduzidas a partir de uma maior transparência da indústria pesqueira, além de uma cooperação entre países para regular e monitorar equipamentos de pesca abandonados, perdidos e descartados.