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Falsa solução ou privilégio aéreo? Como o combustível 'verde' mascara interesses da elite

Enquanto governos promovem a expansão de aeroportos como vetor de crescimento econômico, especialistas alertam: a aviação continua a alimentar a crise climática. O recente aval do Reino Unido para a terceira pista no Heathrow, o aeroporto mais movimentado da Europa, reacende o debate sobre o paradoxo entre desenvolvimento e redução de emissões. A decisão ignora recomendações do Comitê de Mudanças Climáticas, que exige controle anual do impacto ambiental do setor.

A realidade por trás do combustível “sustentável” para aviação
O combustível de aviação sustentável (SAF) é apresentado como solução milagrosa. Porém, pesquisadores como Gareth Dale e Josh Moos apontam falhas estruturais: a produção atual de SAF depende de óleos residuais, cujo mercado é desregulado e insuficiente. Para abastecer um único voo entre Londres e Amsterdã, seriam necessários 3 milhões de cocos. Em escala global, o uso de óleo de cozinha usado não supriria nem 10% da demanda projetada para 2030. Além disso, há riscos de desmatamento associados a matérias-primas como óleo de palma.

Quem se beneficia com mais voos?
Um relatório da New Economics Foundation revela que a expansão de aeroportos concentra benefícios em uma elite. Metade da população britânica não utiliza aviões anualmente, enquanto passageiros frequentes, incluindo usuários de jatos particulares, respondem por boa parte das emissões. Entre 2019 e 2023, as emissões de voos privados aumentaram 46%, com aeroportos especializados oferecendo “discrição” para celebridades e magnatas. Enquanto isso, projetos de transporte coletivo, como trens de alta velocidade, são sabotados por interesses corporativos, como ocorreu na Califórnia por influência de Elon Musk.

Tecnologias fantasiosas e o risco do greenwashing
A aposta em foguetes intercontinentais, como os propostos pela SpaceX, ilustra a distração perigosa com soluções tecnológicas ainda inviáveis. Angadh Nanjangud, engenheiro aeroespacial, ressalta que essas aeronaves consumiriam quantidades exorbitantes de combustível, mesmo que neutras em carbono. Paralelamente, estratégias de “aeroportos verdes” focam em medidas superficiais, como terminais com energia renovável, enquanto ignoram o cerne do problema: a queima de querosene.

Eficiência energética: uma armadilha perigosa
Melhorias na eficiência de aeronaves são frequentemente usadas para justificar o aumento de voos. Richard Sulley, pesquisador da Universidade de Sheffield, alerta que o crescimento do setor anulará quaisquer ganhos ambientais. Medidas como impostos sobre voos frequentes ou restrições a rotas domésticas, adotadas na França, são evitadas por líderes políticos, que preferem apostar em soluções de curto prazo.

O caminho ignorado: reduzir a demanda
Para cumprir metas climáticas, especialistas defendem a redução progressiva de voos, especialmente em rotas curtas com alternativas ferroviárias. No entanto, a indústria resiste a regulamentações, privilegiando lucros imediatos. Como afirmam Dale e Moos, é possível equilibrar bem-estar e limites planetários, mas isso exige frear a expansão descontrolada da aviação. Enquanto isso, o setor segue vendendo ilusões verdes, enquanto as emissões decolam.


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