A otimização do processo produtivo da agricultura orgânica

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A agricultura orgânica, cada vez mais difundida, tem mostrado que pode ser mais vantajosa do que a agricultura convencional em muitos aspectos, desde a qualidade dos alimentos que serão ingeridos e os benefícios que eles trazem à saúde até a inovação tecnológica, ou melhor, o resgate dos princípios da agricultura.

Atualmente, em todo o mundo, 136 países contam com a alternativa para o desenvolvimento agrícola sustentável. São cerca de 700 mil fazendas nesses países e cerca de 30,4 milhões de hectares com manejo orgânico. No Brasil, a área destinada para o cultivo e manejo da agricultura orgânica e familiar é de 800 mil hectares, tornando-o o segundo maior produtor de alimentos orgânicos do mundo, com 80% de sua produção voltada ao mercado externo.

Segundo o Ministério de Desenvolvimento Agrário, o mercado brasileiro de produtos orgânicos expande de 15% a 20% anualmente, contando com cerca de 90 mil produtores, dos quais 85% são produzidos por agricultores familiares.

Uma recente pesquisa da FAPESP, em parceria com a UNICAMP, USP, UNESP e UFSCar, levantou dados sobre as principais inovações tecnológicas criadas por 33 Unidades de Produção de Agricultura Orgânica (UPAO) certificadas no estado de São Paulo, bem como sobre as condições de trabalho nessas unidades. A pesquisa se estendeu por três anos e os pesquisadores buscaram mapear as tecnologias empregadas na produção agrícola e também as dificuldades encontradas no processo produtivo.

Tipos de agricultura

A agricultura convencional basicamente funciona por meio do plantio de grandes monoculturas, com a utilização de agrotóxicos e fertilizantes, preparo do solo para o novo plantio logo após a colheita e utilização de maquinários. Essa prática traz sérias consequências ao meio ambiente, já que, de forma geral, é praticada de forma a visar o lucro como um dos fatores primordiais, não se importando com os fatores envolvidos no processo por completo (mesmo após o plantio).

A agricultura orgânica se vale de rotação de culturas (chegando até a 100 espécies numa mesma UPAO, segundo o estudo da FAPESP), utilização de adubo orgânico, controle biológico de pragas através da introdução de espécies predadoras no plantio, colheita e plantio mecânicos e manejo adequado do solo.

Essa forma de plantio agrícola remete à Primeira Revolução Agrícola, quando os nossos ancestrais nômades descobriram que podiam cultivar alimentos e não mais precisariam sair em busca dos mesmos. Essa forma de plantio, já naquela época, se utilizava de ferramentas muito parecidas com as que são utilizadas hoje pela agricultura orgânica. Para a adubação da terra e o preparo para o plantio, os animais eram utilizados puxando o arado e, ao mesmo tempo, faziam a adubação da terra. Eles plantavam sempre espécies diferentes no mesmo solo e faziam o replantio somente no ano seguinte.

Atualmente, com toda a tecnologia disponível, os agricultores orgânicos são capazes de elaborar ferramentas para o controle de qualidade dos alimentos e do adubo orgânico que será utilizado para a plantação, além de adaptarem as tecnologias utilizadas no plantio convencional para a otimização da produtividade.

Ainda que a tecnologia seja bastante empregada  no cultivo de alimentos orgânicos, falta melhorar a infraestrutura para que o plantio orgânico possa se tornar uma produção em larga escala. Existe uma dificuldade muito grande para adaptar as tecnologias já existentes para o plantio convencional de forma que funcionem em uma lógica diferente. Para minimizar esse problema, os produtores orgânicos inovam nos métodos organizacionais da produção e na forma de vender os alimentos.

Normalmente, um produtor convencional vende toda a sua safra para um atravessador (isso quando não são grandes indústrias agrícolas). Já o produtor orgânico cria novas formas de fazer a ponte entre o cultivo e o consumidor: processando seus produtos, vendendo cestas e produtos, firmando parcerias diretas com supermercados e restaurantes, criando postos próprios de vendas, entre outras formas destinadas a escoar a sua própria produção.

Utilizando a criatividade, o produtor orgânico reinventa o mercado de produtos agrícolas, proporcionando para o consumidor final mais qualidade à mesa e com produtos livres de insumos químicos. O jeito agora é pensar como expandir esses métodos.

Equipe eCycle

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