Abalone: você pode estar consumindo um molusco em risco de extinção

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Abalone é um molusco gastrópode proposto por Linnaeus em 1758. Ele pertence à família Haliotidae e é encontrado sob a forma de diversas espécies em águas costeiras de quase todo o mundo. Por causa de seu uso como joia e alimento, há duas espécies de abalone que se encontram em risco de extinção. Entenda:

O que é abalone?

Os abalones exibem características anatômicas primitivas como simetria bilateral. Eles têm coração e um gânglio cerebral que fornece nervos aos órgãos sensoriais, mas não têm cérebro ou qualquer mecanismo para coagular o sangue. Seus pés musculosos e ventosos ocupam a maior parte de seus corpos e ajudam os moluscos a se agarrar a superfícies rochosas.

As espécies mais jovens geram milhares de ovos nos anos iniciais de reprodução, mas quando ficam mais velhos e maiores, eles geram milhões. Apesar desse alto número de ovos, as conchas menores sofrem uma taxa de mortalidade de 60% a 99%. E os abalones são mais propensos a serem atacados por filtradores nas primeiras 24 horas após serem soltos, quando estão procurando ativamente por um habitat adequado. Os poucos que chegam à idade adulta podem viver 40 anos. Outro problema é a água quente, que pode criar estresse e geralmente levar a uma estação de reprodução mais curta. As conchas de abalone contêm uma espessa camada interna de madrepérola iridescente que há muito tempo leva os humanos a coletá-las e transformá-las em decoração e joias para a casa. Além de serem incrivelmente coloridos, acredita-se que essas conchas sejam 3 mil vezes mais fortes do que um único cristal de carbonato de cálcio, o mineral do qual são feitas.

Das cerca de 35 espécies de abalone, o abalone vermelho (Haliotis rufescens), de ocorrência na costa oeste da América do Norte, é o maior e mais procurado pelos caçadores de moluscos. A espécie já foi mercadoria na Califórnia como alimento, antes de ser proibido caçá-lo devido ao rápido declínio das populações de abalone. 

O hábito de consumir abalone vermelho era uma herança indígena dos povos da América do Norte. Várias tribos da Costa Oeste coletavam abalone para consumir sua carne (normalmente consumida crua) e conchas, que eram transformadas em ferramentas e joias.  Eles foram colhidos não apenas por indígenas americanos, mas também por povos indígenas na África e na Austrália. Seu significado cultural e histórico é um dos motivos pelos quais recentemente receberam proteção governamental. 

Hoje, mais de 95% dos abalones do mundo vêm da aquicultura. Eles são criados para alimentação em baias de água salgada em terra ou em gaiolas suspensas no oceano, levando de três a quatro anos para atingir um tamanho comercializável.

São vendidos de forma ilegal

Os regulamentos rígidos em torno da caça de abalone resultaram em toneladas deles sendo retirados ilegalmente e vendidos de forma ilegal. A caça furtiva de abalone é comum na costa oeste da América do Norte, onde um único abalone vermelho de tamanho real pode ser vendido por cem dólares, e na África do Sul, onde espécies locais são caçadas e comercializadas por cartéis de gangues. Alguns são vendidos por centenas de dólares o quilo.

Com o preço que são vendidos dentro e fora do mercado clandestino, não é surpresa que o abalone seja considerado uma iguaria em alguns países. É servido fresco e seco na cozinha cantonesa e é tradicionalmente consumido no Ano Novo Chinês. A FAO afirma que a China é o maior produtor e consumidor mundial de abalone, produzindo mais de 10 mil toneladas métricas por ano e consumindo 90% delas. 

Estão ameaçados de extinção

Os abalones brancos foram os primeiros invertebrados listados como ameaçados de extinção pela Lei de Espécies Ameaçadas de 2001.  Os abalones negros ganharam o mesmo status dez anos depois. Ambas espécies são endêmicas da costa oeste da América do Norte, essas espécies experimentaram sérios declínios populacionais devido à pesca predatória, baixas taxas de reprodução (resultado da baixa densidade populacional), doenças (como a síndrome do murchamento) e derramamentos de óleo . 

A pesca do abalone preto é ilegal desde 1993 e do abalone branco desde 1996. A Califórnia fechou uma grande pescaria comercial de abalone parcialmente responsável pelo declínio das populações em 1997. Desde então, o estado proibiu periodicamente o mergulho do abalone para permitir que a espécie se recuperasse.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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