Abelha: o que é preciso saber sobre sua importância

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Abelha é um inseto alado com dois pares de asas e três pares de pernas. Seu corpo é segmentado em cabeça, tórax e abdome. Ela é conhecida por ser um importante polinizador pertencente à ordem Hymenoptera e à família Apidae. Ela pode ser encontrada em mais de 16 mil espécies diferentes, sendo a mais comum a Apis mellifera (abelha-europeia).

Abelhas gostam de brincar, afirma pesquisa

Quais são as principais características da abelha?

As abelhas são vespas cujas fêmeas têm uma característica peculiar: em vez de capturar e se alimentarem de insetos, como é comum ocorrer com outras vespas, as abelhas coletam néctar e pólen diretamente das flores para alimentarem suas larvas.

Apesar de não parecer aos olhos leigos, as abelha são animais muito semelhantes a outros tipos de vespas, como as apoideas. Ambas constroem ninhos para a postura de ovos e o cuidado das suas larvas com pólen.

Polinização

A polinização é o transporte de pólen de uma flor para a outra. É por meio desse processo que as flores são fecundadas, dando início ao desenvolvimento de frutos e sementes. Ela pode ser feita pela água, pelo vento e por muitos animais, como borboletas e beija-flores.

Mas o animal mais famoso pela polinização – e o mais eficiente – é a abelha, pois é mais rápida, consegue voar em zigue-zague. Após um tempo com a colônia instalada em certo local, consegue saber qual o melhor horário para coletar pólen. Elas observam a flora próxima à colmeia e associam com a intensidade da luz do dia.

As abelhas possuem pequenos pelos plumosos dificilmente percebidos a olho nu. Com base na teoria da evolução, acredita-se que esses pêlos foram adaptações para facilitar a coleta de pólen. Mas também há hipóteses que afirmam que esses pelos se desenvolveram para reter água e refletir a luz solar. Assim, ajudando a regular a temperatura corporal das abelhas.

A importância da abelha

Você gosta de abobrinha, de melancia e de maracujá? Se a resposta é sim, então você gosta do que as abelhas fazem. Esses e muitos outros vegetais não existiriam ou seriam muito diferentes sem a polinização feita por esses pequenos insetos. As berinjelas, por exemplo, seriam menores que maçãs.As abelhas são pequenas no tamanho (algumas espécies até passam despercebidas de tão pequenas). No entanto, sua importância é gigante para toda a vida na Terra. Sem as abelhas, perderíamos 70% dos alimentos que são polinizados por elas. Além disso, haveria extinção de outros animais que também dependem de vegetais polinizados por abelhas e daqueles que predam estes.

Imagem de İbrahim Özdemir em Unsplash

Tipos de abelha

Alguns cientistas imaginam que as abelhas tenham surgido no período Jurássico, antes mesmo do surgimento das plantas angiospermas. A famosa listradinha é a preferida dos apicultores e a mais conhecida pela população em geral, porque é a que produz mais mel. Entretanto, a Apis mellifera também é polinizadora de alimentos, sendo a maior polinizadora da abóbora, por exemplo, e de muitos outros vegetais.

Mas nem toda abelha tem vida social em colmeia, com uma rainha sendo a única fêmea fértil, como a abelha-europeia. Há abelhas que vivem solitárias a vida inteira dentro de pequenos buracos de troncos de árvores. Elas morrem antes de verem suas larvas nascerem.

Há também aquelas que escavam ninhos no solo (principalmente as fêmeas). Algumas são tão pequenas que você pode ter matado com a palma da mão achando que era um “mosquito” qualquer.

Somos cleptoparasitas

Já imaginou que situação triste seria avistar uma senhorinha colocando as sacolas de compras feitas no carro serem levadas por um total desconhecido que a agrediu? E o pior… esse desconhecido é uma pessoa que não precisaria roubar para se alimentar.

Se você achou a cena fictícia revoltante, saiba que nós, seres humanos, somos capazes de fazer pior. Roubamos o alimento “suado” da vida inteira de uma abelha. Já que, até entre as mais produtivas, é necessário uma vida inteira de trabalho para produzir apenas uma colher de mel!

Não satisfeitos, também roubamos o pólen delicadamente coletado por elas, o própolis, a geleia real e a cera de abelha, que é utilizado de diversas formas. Essa relação também acontece entre outras espécies animais como a baleia cachalote, que rouba peixes adquiridos por outras espécies. E a hiena, que rouba a caça feita pelos leões. Essa relação parasitária é conhecida na biologia como “cleptoparasitismo”.

Abelha sem ferrão

Existem muitas espécies de abelhas que possuem o ferrão atrofiado. As principais são:

  • A irapuã, que também é bastante utilizada na agricultura;
  • A jataí, que é fã de flores ornamentais; 
  • E a mirim, que os produtores de morangos levam para morar na plantação deles e impedir deformidades genéticas nos frutos. Isso porque a polinização leva genes de uma planta para outra, impedindo a consanguinidade. Isto é, a mistura de genes semelhantes entre flores de uma mesma planta, que são como “flores irmãs”;

Esta não é usada na extração de mel, mas é indispensável para cultivar maracujá. A fruta raramente se desenvolve sem polinização e essa abelha é tão relacionada a ela, que não reconhece variedades transgênicas e só aceita maracujás “originais”.

Apicultura x meliponicultura

É comum haver confusão a respeito dos diferentes tipos de cultivo de abelhas. Mas apicultura se refere ao cultivo das abelhas-europeias, como já mencionadas, as Apis mellifera. Essa espécie não é nativa do País, tendo sido trazida pelos europeus para o uso religioso de sua cera e de seu mel para fins alimentícios. Mais tarde, por volta do ano de 1956, também foi trazida a abelha africana. Ela formou uma híbrida com a europeia, chamada de abelha africanizada.

Já a técnica da meliponicultura se refere à criação de abelhas nativas do Brasil. As abelhas brasileiras não possuem ferrão, elas se defendem utilizando suas mandíbulas e patas. Entre as espécies comuns de abelhas nativas estão jataí, uruçú, mandaçaia, jandaíra, tiúba, tubí, entre outras.

De acordo com estudo publicado na revista Scientific American, é preciso priorizar a criação de abelhas nativas. Afinal, as exóticas podem ser prejudiciais ao equilíbrio dos ecossistemas.

A característica sem ferrão das espécies nativas, por zerar o risco de picada de abelha, tem facilitado sua criação por amadores. Essas pessoas cultivam abelhas por reconhecerem sua relevância ambiental e, em alguns casos, para extrair seu mel. Em São Paulo, uma organização que ganhou destaque por salvar abelhas em situação de risco foi a SOS Abelhas sem ferrão.

A ONG realiza oficinas, palestras, cursos e viabiliza o encontro entre abelhas que precisam de habitat (resgate) e pessoas dispostas a cuidarem delas. Mas cidadãos de todo o país podem fazer sua parte e disponibilizar abrigo e alimento (plantas com pólen) para as abelhas sem ferrão. Até mesmo um pequeno pé de manjericão com flores na janela pode ser um banquete para esses impressionantes insetos!

Efeitos prejudiciais dos inseticidas

Efeitos neurológicos

Assim como nós, muitos insetos precisam de uma noite de sono decente para funcionar corretamente, mas isso pode não ser possível se eles forem expostos a inseticidas neonicotinoides, a forma mais comum de inseticida usada em todo o mundo, sugerem pesquisas realizadas por acadêmicos da Universidade de Bristol.

Dois estudos feitos por cientistas das Escolas de Fisiologia, Farmacologia e Neurociência e Ciências Biológicas de Bristol mostraram que esses inseticidas afetam diretamente a noite de sono das abelhas, o que pode nos ajudar a entender por que insetos polinizadores estão desaparecendo da natureza.

O Dr. Kiah Tasman, professor associado da Escola de Fisiologia, Farmacologia e Neurociência e principal autor das pesquisas, disse: “os neonicotinoides tiveram um grande efeito na quantidade e qualidade de sono das abelhas. Ao serem expostas a essas substâncias, elas dormiram menos e tiveram seus ritmos comportamentais alterados”.

Além disso, eles perceberam que os inseticidas causaram graves prejuízos à memória e ao relógio cerebral desses animais. “Sabemos que um sono de qualidade é extremamente importante para a saúde e formação de memórias duradouras tanto em seres humanos quanto em insetos”, completou Tasman.

No caso das abelhas selvagens, experimentos mostraram que uma maior diversidade de plantas com flores pode aumentar o sucesso reprodutivo e compensar os problemas causados pelo uso de inseticidas. Em estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Göttingen e Hohenheim e do Instituto Julius Kühn foi observado que os efeitos negativos de substâncias tóxicas são menores quando há diferentes tipos de flores à disposição das abelhas.

De todo modo, os neonicotinoides estão proibidos na União Europeia e espera-se que seu uso também seja abolido em outros países. Como dito anteriormente, as abelhas e suas atividades são fundamentais para a manutenção da vida humana e de diversos outros seres vivos.

Abelhas podem sentir dor, aponta pesquisa

Afetam a reprodução

Além dos impactos neurológicos, uma pesquisa realizada no Proceeding of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS) indicou que a exposição das abelhas ao inseticida imidaclopride pode afetar os seus níveis de reprodução. O uso do imidaclopride é proibido na União Europeia, mas sua produção não é. No Brasil, a utilização desse inseticida é permitida.

O impacto do imidaclopride é cumulativo, e pode reduzir a população de abelhas por conta de seus resultados na reprodução do animal. Seu uso contínuo é uma ameaça para os insetos e para a polinização em geral.

Por fim, um estudo sugere que os impactos dos inseticidas podem se acumular ao longo de várias gerações. Isso pode exacerbar a perda de espécies polinizadoras, como as abelhas.

Stella Legnaioli

Jornalista, gestora ambiental, ecofeminista, vegana e livre de glúten. Aceito convites para morar em uma ecovila :)

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