ESG é uma sigla para Environmental, Social and Governance, que foi criada por volta de 2005, pelo ex-secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Kofi Annan. Nada mais é do que um conjunto de boas práticas de governança corporativa, com foco em desenvolvimento sustentável e responsabilidade social.
O termo ESG surgiu pela primeira vez num relatório publicado pela ONU em conjunto com o Banco Mundial, o Who Cares Wins.
O relatório carregava uma provocação aos 50 CEOs das maiores financeiras do mundo. O desafio era a integração de fatores ambientais, sociais e de governança aos seus negócios.
Ainda assim, o ESG só se popularizou por volta de 2020, impulsionado pela carta do CEO de uma grande investidora, Larry Fink. Na carta, Fink relacionou lucro a propósito, dando importância ao tripé da sustentabilidade na condução dos negócios.
A partir daí, a prática do ESG tem sido buscada por cada vez mais organizações.
Uma pesquisa com 574 participantes de empresas de todo o País, realizada pela Amcham Brasil, apontou que existem três razões principais pelas quais as organizações aderem ao ESG.
Uma das razões é a reputação: 61% das empresas buscam fortalecer a reputação da marca frente ao mercado. O impacto positivo em questões socioambientais também foi apontado por 57% das organizações. Além disso, 41% dos entrevistados responderam que reduzir riscos ambientais, sociais e de governança também são importantes.
Durante a pesquisa, algumas outras razões para a adoção do ESG também foram mencionadas pelas empresas:
A maioria das empresas ainda contam com uma agenda ESG em fase inicial. A integração de práticas ambientais, sociais e de governança corporativa tem se tornado primordial para a boa gestão dos negócios, no entanto, a falta de experiência e conhecimento no tema é um desafio encarado pelas organizações.
Uma das maiores dificuldades apontadas pelos entrevistados está relacionada à medição, monitoramento e avaliação de impactos. A importância de se definir indicadores claros e ter transparência nos resultados, é uma forma de identificar pontos fortes e vulnerabilidades, além de contribuir para as tomadas de decisão. E é um problema para a maioria das empresas.
Isso está diretamente relacionado à estratégia, ao planejamento e à definição dos objetivos da empresa, no que se refere à agenda ESG. Também está conectado às outras duas dificuldades mais mencionadas pelos participantes: a ausência de uma cultura forte de sustentabilidade e o baixo nível de conhecimento e experiência no tema.
Não há dúvidas de que a solução dessas questões está relacionada ao desenvolvimento de lideranças dentro das organizações, capazes de promover a cultura de sustentabilidade. A pesquisa também reforça a importância de se investir em ações de ESG, expandindo as práticas dentro das empresas, mostrando sua relevância e também investindo na capacitação dos colaboradores.
Além disso, outros tópicos que também foram abordados na pesquisa, fazem parte da lista de contratempos para a implantação do ESG:
Apesar das dificuldades culturais enfrentadas dentro das organizações, já existe uma ferramenta técnica que pode auxiliar a mitigar algumas das dificuldades, na hora de desenvolver a agenda ESG.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) lançou, em 2022, a Prática Recomendada ou PR 2030. A PR 2030 – popularmente conhecida como ABNT ESG – é uma norma que direciona as organizações no desenvolvimento e na aplicação da agenda ESG.
A norma contém conceitos e diretrizes, que orientam as empresas, mostrando como aplicar e pôr em prática os princípios ambientais, sociais e de governança dentro das organizações. A incorporação dessas práticas sustentáveis representam um novo modelo de desenvolvimento econômico.
Um artigo, publicado no Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente, analisou a norma ABNT ESG e destacou alguns fatores importantes para a integração da agenda dentro das organizações.
Os fatores incluíram basicamente sete etapas para avaliação:
Além disso, segundo a ABNT ESG, as práticas recomendadas “foram selecionadas, com base em normas e boas práticas internacionais, os temas e critérios ESG considerados relevantes para muitas organizações e que podem servir como ponto de partida para identificação de seus temas materiais”.
A norma ESG ABNT apresenta três eixos temáticos, como era de se esperar: ambiental, social e governança. Para cada eixo existe uma série de temas e seus respectivos critérios, dada a complexidade e a singularidade de cada ambiente organizacional.
Dentro do eixo ambiental, são explorados os temas sobre mudanças climáticas, recursos hídricos, biodiversidade e serviços ecossistêmicos, economia circular e gestão de resíduos, gestão ambiental e prevenção de poluição.
O eixo social trata de temas como diálogo social e desenvolvimento territorial, direitos humanos e diversidade, equidade e inclusão, relações e práticas de trabalhos e promoção de responsabilidade social na cadeia de valor.
E finalmente, o eixo de governança aborda governança corporativa, conduta empresarial, práticas e controles de gestão, além de transparência na gestão.
Além disso, a norma fornece um indicador, baseado em um modelo em que é possível identificar em qual estágio de maturidade a organização se encontra, dentro da agenda ESG. São cinco estágios, que variam de “elementar” até “integrador”, ponto máximo do indicador.
Outra ferramenta, também presente na PR 2030, é um plano de ação, composto por sete passos: conhecer, ter a intenção estratégica, diagnosticar, planejar, implementar, medir e monitorar, relatar e comunicar.
A norma PR 2030, ou ABNT ESG, é uma ferramenta útil, que contribui e acende uma luz no caminho para o desenvolvimento das práticas ESG dentro das mais diversas organizações. No entanto, mudanças culturais precisam ocorrer de forma urgente, dentro e fora das empresas, para que ferramentas como essa possam, de fato, trazer frutos num futuro próximo.
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