Entenda o que é esse processo e como escolher o melhor absorvente pós-parto para sua saúde e do meio ambiente
O absorvente pós-parto é necessário para conter o fluxo sanguíneo uterino depois que o bebê nasce, mas algumas opções podem ser nocivas tanto para a saúde da mãe quanto para o meio ambiente. Entenda e descubra opções mais saudáveis e amigáveis ao meio ambiente.
O que é o sangramento pós-parto?
Para muitas mulheres grávidas, a expectativa de ver e segurar seu novo bebê torna difícil gastar muito tempo em detalhes antes no parto. Mas nem todos estão acostumados com a ideia de que antes e depois do parto a mãe também precisa de cuidados. Um detalhe pouco comentado é a necessidade do uso do absorvente pós-parto.
Durante a gravidez, o volume de sangue no corpo da mulher aumenta de 30 a 50%; ele serve para nutrir o feto em crescimento e prepara o organismo para o sangramento pós-parto, que é semelhante à menstruação.
Depois de ficar sem menstruar em torno de dez meses, esse sangramento pós-parto pode durar por semanas. O sangramento que acontece após o parto é chamado de lóquios. Assim como a menstruação, ele é o revestimento do útero, com a diferença que serviu de “lar” para o feto por alguns meses.
Enquanto o útero se move por meio do processo de involução, que é quando ele encolhe de volta ao seu tamanho pré-gestacional, a puérpera experimenta o sangramento pós-parto. Não importa se o parto foi normal ou cesárea, o sangramento pós-parto acontecerá de qualquer forma e demandará o uso de absorvente. É uma mistura de muco, sangue e tecido do local onde a placenta foi anexada à parede uterina.Também podem ser notados coágulos do tamanho de cerejas ou até às pequenas ameixas. O sangramento pós-parto pode durar de duas a seis semanas, apresentando mudança na cor, consistência e quantidade com o passar do tempo.
Imediatamente após o parto, o sangue é intenso e vermelho vivo ou vermelho acastanhado. Isso pode continuar por três a dez dias após o parto. Depois disso, ele começa a clarear. mudando de vermelho para rosa ou marrom e, finalmente, para uma cor amarela clara ou creme.
Embora a progressão do sangramento pós-parto deva começar a desacelerar e então diminuir, certas atividades e até mesmo posições podem aumentar temporariamente o fluxo sanguíneo, como:
- Sair da cama ou ficar de pé em uma posição reclinada;
- Qualquer tipo de atividade física moderada;
- Amamentação, que libera o hormônio ocitocina e estimula as contrações uterinas;
- Fazer força durante a evacuação ou a micção;
Perigos do absorvente pós-parto descartável
Durante as primeiras seis semanas após o parto, nada deve ser inserido na vagina. Isso significa que não devem ser usados absorvente interno, coletor menstrual, entre outros. De modo geral, quanto maior o absorvente pós-parto, tanto lateral quando longitudinalmente, maior será a sensação de segurança.
Algumas mulheres, inclusive, optam por usar fraldas geriátricas. Entretanto, um estudo publicado pela Agência Nacional de Segurança Sanitária da Alimentação, do Meio Ambiente e do Trabalho (Anses) da França que analisou fraldas descartáveis encontrou 60 substâncias tóxicas, incluindo glifosato, o agrotóxico mais usado no mundo.
Entre as substâncias encontradas, há também disruptores endócrinos e cancerígenos. Além do glifosato, que é usado durante a plantação da matéria-prima das fraldas, há outras substâncias adicionadas intencionalmente, para dar aroma.
Outras substâncias perigosas oriundas da matéria-prima das fraldas encontradas nas amostras foram os PCB-DL (um derivado do cloro), furanos (altamente inflamáveis e tóxicos), dioxinas (potencialmente cancerígenas) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP). Esses componentes nocivos são resultado da combustão a altas temperaturas, normalmente oriundos da queima de diesel durante a plantação da matéria-prima das fraldas.
Em contato com a pele de modo prolongado, essas toxinas vão parar diretamente na corrente sanguínea e se espalham por todo o organismo – o quadro se agrava em mucosas sensíveis como a pele do tecido vaginal, que é altamente permeável.
O caso do absorvente descartável não é muito diferente. Semelhante às fraldas, o absorvente descartável é composto basicamente por celulose, polietileno, propileno, adesivos termoplásticos, papel siliconado, polímero superabsorvente e agente controlador de odor.
O plástico desse tipo de absorvente pode liberar disruptores endócrinos chamados bisfenóis, que estão relacionados ao desenvolvimento de câncer, doenças reprodutivas, infertilidade, entre outros. Além disso, esse material prejudica a ventilação na região genital, tornando o ambiente mais propício à proliferação de fungos e bactérias. A dioxina utilizada no branqueamento da celulose também está relacionada ao desenvolvimento de câncer, disrupção endócrina e problemas reprodutivos e imunológicos.
Agrotóxicos utilizados nas plantações de algodão e celulose, como o glifosato, permanecem no absorvente após a colheita e o processamento, podendo, da mesma forma que os bisfenóis, passar para a corrente sanguínea. A ingestão de glifosato está associada a desordens gastrointestinais, obesidade, diabetes, doenças cardíacas, depressão, autismo, infertilidade, câncer, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, microcefalia, intolerância ao glúten e alterações hormonais. Apesar de ser uma via de exposição diferente, ela pode nos indicar que talvez não seja salubre ter mucosas como as do tecido vaginal expostas a esse tipo de produto. Em março de 2015, a Agência de Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou ser o glifosato “provável causador de câncer humano”. A decisão foi baseada em pesquisas de 17 especialistas em câncer de 11 países, que se reuniram para avaliar o potencial cancerígeno de cinco pesticidas. Os tipos de câncer que se mostraram mais preocupantes foram: Linfoma Não Hodgkin, câncer de osso, câncer do cólon, câncer de rim, câncer de fígado, melanoma, câncer do pâncreas e câncer de tireoide. No começo de 2013, foram revelados documentos que mostram que a Monsanto (empresa que fabrica o glifosato sob o nome comercial de Roundap) encobriu o potencial carcinogênico do glifosato por muito tempo.
Seu uso também está relacionado ao desenvolvimento de microcefalia. Em 2009, o médico geneticista e pesquisador argentino, Andrés Carrasco, publicou uma análise mostrando sérios efeitos do glifosato na ocorrência do nascimento de bebês com microcefalia e outras deformações.
Qual absorvente pós-parto usar?
Cada mulher é única e possui suas próprias demandas. Entretanto, algumas recomendações podem ser úteis. Lembre-se de preparar seus absorventes pós-parto antes do bebê nascer, pois depois que ele vem, a demanda pelo tempo é grande. Além disso, não exite em delegar funções ṕara o pai da criança ou às pessoas próximas que estejam dispostas a ajudar.
O sangramento pós-parto pode vir com um fluxo intenso ou baixo, você só saberá enquanto estiver passando por isso. Então reserve absorventes pós-parto de vários tamanhos. E procure optar por modelos menos nocivos. Uma forma de diminuir a exposição aos agentes químicos mencionados no tópico acima é optar por absorventes pós-parto de algodão orgânico que não passaram por processo de branqueamento e que não contenham produtos adicionados como fragrâncias e aromas.
Esse tipo de absorvente pode ser encontrado nas formas descartável e reutilizável. Mas caso você não os encontre, também é possível utilizar toalhas de algodão orgânico não branqueado. Você pode comprar esse tipo de toalha e cortar de acordo com o formato que for necessário; ou pedir para uma costureira do seu bairro confeccionar um absorvente personalizado, com abas de botão ou até mesmo costurado a uma calcinha bem confortável.
O absorvente reutilizável é uma opção mais ecofriendly em comparação ao absorvente pós-parto descartável, que é de difícil reciclagem e ainda pode liberar toxinas no ambiente. Mas lembre-se que, nesse período de turbilhão de emoções, é importante priorizar o seu bem-estar. Se sua consciência ambiental tem maior peso nas suas decisões, fique com o reutilizável e evite utilizar cloro nas lavagens. Se você preza pela praticidade e economia de tempo, não se culpe por utilizar o descartável nesse período de apenas dez dias, você tem todo o restante dos seus ciclos para compensar esse os impactos ambientais utilizando absorventes reutilizáveis e até o coletor menstrual (não deve ser utilizado como absorvente pós-parto).
Quando o sangramento pós-parto é um problema?
O sangramento pós-parto pode ser inconveniente, mas é uma parte normal da experiência pós-parto. Certos sintomas, no entanto, podem ser sinais de um problema. Esses sintomas podem incluir:
- Febre acima de 38°C ou calafrio;
- Odor forte e desagradável do sangramento pós-parto;
- O fluxo de sangue começa a clarear e repentinamente se torna vermelho-escuro;
- Aparecimento de coágulos muito grandes ou sangramento muito intenso em menos de uma hora;
- Fluxo sanguíneo permanece vermelho vivo e intenso mais de quatro dias depois que você deu à luz, mesmo quando você está descansando;
- Cãibras ruins ou dor intensa no abdômen;
- Tontura ou desmaio;
- Arritmia cardíaca;
Sintomas como estes podem indicar uma infecção ou hemorragia pós-parto (sangramento excessivo após o nascimento do bebê). Embora a maioria dos casos de aconteça logo após o parto, isso também pode acontecer mais tarde.
A maioria dos casos ocorre quando o útero não se contrai com força suficiente para comprimir adequadamente os vasos sanguíneos no local onde a placenta foi anexada. Outra causa desse sangramento excessivo pode ser quando pequenos pedaços da placenta permanecem presos à parede uterina.