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Entenda porque é necessário mudar para produtos de menstruação e absorvente sustentável
Se você é uma pessoa que se preocupa com a crise ambiental, provavelmente já se perguntou se existe algum absorvente sustentável. Esses tipos de produtos de menstruação, por definição, seriam uma alternativa mais eco-friendly do que os absorventes convencionais que, de acordo com uma pesquisa da Natracare, possuem 36 gramas de plástico em cada pacote.
Os absorventes descartáveis são responsáveis por diversos tipos de resíduos, que variam das embalagens, aplicadores, cordas e dos próprios absorventes. Além disso, é estimado que mais de 45 bilhões de produtos de menstruação são usados todos os anos, o que apenas contribui para o grande problema de lixo da indústria de produtos de higiene pessoal.
Portanto, procurar conhecer marcas que desenvolvem produtos de menstruação, como o absorvente sustentável, pode ser essencial para contribuir com a causa ambiental.
O desenvolvimento de um absorvente sustentável
Apesar do tema da sustentabilidade ser uma grande tendência do mundo moderno, os primeiros debates sobre a menstruação sustentável ocorreram durante a década de 70. Na época, esses “absorventes sustentáveis” eram feitos de panos e esponjas que podiam ser lavados e higienizados.
Desde o desenvolvimento da tecnologia na indústria têxtil, esses produtos foram se adaptando para serem mais resistentes. Alguns produtos comercializados atualmente são mais sustentáveis e mais resistentes aos sintomas da menstruação.
A falta de sustentabilidade na produção de produtos menstruais
Inicialmente, quando foram desenvolvidos, os absorventes eram reutilizáveis e feitos a partir de tecidos indesejados, lã de ovelha e até casca de árvores. Porém, por serem desconfortáveis, a sua produção foi substituída por produtos descartáveis, mais “convenientes” e “discretos”.
“Os panos menstruais feitos em casa eram a norma na virada do século 20, até que o Kotex se tornou o primeiro absorvente de sucesso comercializado em massa em 1921. Modernidade era sinônimo de descarte, e a marca era uma aspiração”, disse Lara Freindenfelds, autora do livro “The Modern Period: Menstruation in the Twentieth-Century America”.
Desde o início, a menstruação foi reconhecida como algo que deve ser escondido. Por isso, absorventes de pano, que são higienizados e deixados para secar ao Sol, foram substituídos.
Grande parte do problema para o desenvolvimento de um absorvente sustentável deriva desse estigma associado à menstruação. Por muitos anos, esses produtos íntimos foram produzidos para serem discretos e para evitar a sua discussão, o que resultou na falta de responsabilidade ecológica de grandes empresas.
“Por causa do estigma da menstruação, não houve o mesmo nível de responsabilidade”, disse Nadya Okamoto, CEO de uma marca de absorventes sustentáveis, à ABC.
De acordo com a Menstrual Health Alliance India, um absorvente descartável pode levar de 500 a 800 anos para se decompor no meio ambiente. E, segundo a organização britânica Friends of Earth, a maioria desses produtos contém mais de 90% de plásticos – e cada unidade equivale a quatro sacolas plásticas.
Um relatório de 2018 elaborado pelo Comitê Ambiental da Assembleia de Londres, no Reino Unido, estima que cada pessoa que menstrua descarte cerca de 400 quilos de embalagens de absorventes ao longo da vida.
A exclusão dos produtos sustentáveis
Mesmo com mudanças tecnológicas e culturais, ainda existe um longo caminho a ser percorrido para que a menstruação sustentável seja praticada por mais pessoas. Os absorventes descartáveis são de fácil acesso e mais baratos que produtos sustentáveis, o que contribui para o discurso de que a verdadeira sustentabilidade é um movimento elitista.
Uma pesquisa da Universidade de Toronto, do Canadá, por exemplo, comprovou que de todos os participantes, cerca de 92% usavam exclusivamente produtos descartáveis.
Mesmo que um absorvente sustentável reutilizável seja um investimento que pode reduzir os gastos anuais em compras de produtos de higiene pessoal, boa parte da população não possui o capital necessário para gastar desse jeito.
Além disso, muitas pessoas que menstruam já não possuem acesso aos produtos convencionais, muito menos aqueles rotulados como eco-friendly.
O uso de materiais sustentáveis é o suficiente?
Quando se fala de absorventes sustentáveis, é possível associá-los a produtos feitos com materiais sustentáveis, como o algodão reciclado. Porém, o fato de que a maioria desses produtos acabam em aterros sanitários supera os benefícios potenciais do uso de materiais sustentáveis.
“Um aterro sanitário destina-se a enterrar esses produtos para sempre, então realmente não importa se são 500 ou três anos”, disse a Dra. Susan Powers à ABC News.
Mesmo com a substituição do plástico pelo papelão, ou pelo uso de plásticos reciclados, o problema do lixo não acaba. De fato, embora grande parte do plástico usado nos absorventes convencionais seja reciclável, isso não assegura a sua destinação correta.
Embora o uso de materiais biodegradáveis, orgânicos e compostáveis contribua para a diminuição do uso da água e das emissões de gases do efeito estufa, ainda assim acredita-se que o design reutilizável é melhor para o meio ambiente.
Tipos de absorvente sustentável
A nomenclatura de “absorvente sustentável” é associada a apenas um tipo de produto menstrual — o absorvente comum, descartável. Contudo, grande parte dos produtos da menstruação sustentáveis se distanciaram do conceito do absorvente convencional e foram se adaptando para obter resultados melhores na coleta do sangue menstrual.
Confira algumas alternativas sustentáveis aos produtos descartáveis:
Calcinhas absorventes
A calcinha absorvente é similar à uma calcinha normal, porém, possui a capacidade de absorver o fluxo menstrual. Ela não precisa ser acompanhada de absorventes internos ou externos e ajuda a controlar o sangue com três camadas de tecido: um mais macio, que fica em contato com a pele; um impermeável, que fica em contato com a roupa; e um material absorvente que impede a proliferação de fungos e bactérias.
Além de ser uma opção alternativa e sustentável ao absorvente convencional, a calcinha absorvente ajuda a reduzir os gastos com produtos de higiene pessoal e é inteiramente reutilizável. Como uma calcinha normal, após o uso, ela é higienizada e pronta para o uso novamente.
Existem diversas marcas que comercializam calcinhas absorventes, oferecendo uma ampla variedade de estilos, cores e absorção. Confira mais na nossa matéria: “Calcinha absorvente: como funciona e benefícios”.
Absorvente de pano
O absorvente de pano é um tipo de absorvente sustentável bem parecido ao convencional. Ele possui camadas de absorção feitas de algodão e que podem durar até cinco anos.
Ele remete aos primeiros tipos de absorventes produzidos. Entretanto, o desenvolvimento tecnológico da indústria de produtos da menstruação contribuiu para uma melhor eficácia na absorção do sangue menstrual.
Assim com a calcinha absorvente, o absorvente de pano pode ser lavado e reutilizado.
Coletor menstrual
O coletor menstrual já virou o queridinho de muitas pessoas que menstruam. Além de ser prático, esse tipo de produto garante segurança, eficácia e durabilidade ao coletar o sangue menstrual. Normalmente, são feitos de silicone hipoalergênico e podem ser utilizados por até 12 horas seguidas, dependendo do fluxo menstrual.
Embora a sua popularidade seja recente, acredita-se que os primeiros coletores menstruais tenham sido desenvolvidos durante 1930. Ele é inserido na entrada da vagina e se molda de acordo com o corpo do usuário.
O copinho funciona através da pressão. Ao ser inserido, ele cria um vácuo e se prende às paredes vaginais. Quando inserido corretamente, evita vazamentos e pode ser usado confortavelmente por horas, diferentemente dos absorventes internos convencionais.
