Absorventes descartáveis de diversas marcas estão contaminados com metais tóxicos com chumbo, arsênio, cádmio e outros 13 metais tóxicos, descobriu um novo estudo liderado realizado pela UC Berkeley e publicado na revista Environment International. A pesquisa, que analisou as principais marcas utilizadas por mulheres estadunidenses de diversas etnias, aponta para a necessidade urgente de mais estudos a respeito.
Os absorventes são particularmente preocupantes como fonte potencial de exposição a produtos químicos, incluindo metais, porque a pele da vagina tem um maior potencial de absorção de produtos químicos do que a pele em outras partes do corpo. Além disso, os produtos são utilizados mensalmente por uma grande percentagem da população – 50–80% das mulheres utilizam absorventes – durante várias horas seguidas. Dada a alta capacidade de absorção vaginal, é essencial identificar qualquer substância química nociva presente nesses produtos para evitar riscos à saúde.
Os pesquisadores adquiriram absorventes em lojas físicas nos EUA, Reino Unido e União Europeia, além de dois grandes varejistas on-line, entre setembro de 2022 e março de 2023. No total, foram analisadas 14 marcas, com variações de linha de produtos e níveis de absorção.
Em 30 absorventes, foram testadas as concentrações de 16 metais: arsênio, bário, cálcio, cádmio, cobalto, cromo, cobre, ferro, mercúrio, manganês, níquel, chumbo, selênio, estrôncio, vanádio e zinco. As concentrações foram comparadas por diferentes características dos absorventes internos, como região de compra, composição do material (orgânico ou não) e tipo de marca.
Os resultados mostram a presença mensurável de todos os 16 metais avaliados, com concentrações médias elevadas de metais tóxicos como chumbo, cádmio e arsênio. Mercúrio e cromo não apresentaram concentrações substanciais. As variações nas concentrações ocorreram conforme a região de compra, produtos orgânicos versus não orgânicos e produtos de marca própria versus produtos de marca. Chumbo foi encontrado em maiores concentrações nos absorventes não orgânicos, enquanto arsênio foi mais presente nos orgânicos.
A descoberta mais alarmante foi a presença de chumbo em todos os absorventes testados. Qualquer quantidade de chumbo que migre para a corrente sanguínea pode impactar negativamente a saúde, dado que o chumbo se acumula nos ossos e pode permanecer no organismo por décadas, afetando cérebro, rins, coração, sangue, sistema imunológico e órgãos reprodutivos. Arsênio e cádmio também estão associados a graves consequências para a saúde, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e danos renais.
A contaminação dos absorventes pode ocorrer de várias maneiras: durante a produção das matérias-primas como algodão, rayon ou viscose, ou pela água utilizada na fabricação. Alguns metais podem ser adicionados intencionalmente como agentes antimicrobianos, controle de odores ou lubrificantes.
Há uma esperança de que os fabricantes sejam obrigados a testar seus produtos para detectar metais tóxicos. A demanda pública por uma melhor rotulagem e outros produtos menstruais pode ser um passo importante nesse sentido.
Ainda não foi possível determinar se os metais detectados contribuem diretamente para efeitos adversos à saúde. Pesquisas adicionais são necessárias para avaliar o grau de absorção desses metais pelo corpo.
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