Academia e empresas traçam estratégia para os biocombustíveis na aviação

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Não há dúvida que o transporte aéreo é um enorme facilitador do deslocamento de pessoas e mercadorias e cada vez mais se firma como meio de transporte preferido das pessoas. Segundo dados do Anuário do Transporte Aéreo – Dados Econômicos e Estatísticos 2011 oferecido pela Agência Nacional da Aviação Civil (Anac), o transporte aéreo doméstico de passageiros no Brasil teve praticamente triplicada a sua demanda em 9 anos, desde 2002, em termos de passageiros quilômetros pagos transportados (RPK). A taxa de aproveitamento doméstica das aeronaves passou de 56,65%, em 2002, para 70,2%, em 2011, melhorando 23,87%. Destacaram-se como principais fatores contribuintes para estes resultados, o crescimento da economia, a distribuição de renda e a concorrência no setor. Os dados de 2011 revelam que mais de 82 milhões de passageiros pagos foram transportados em vôos domésticos no Brasil, demanda esta que registrou crescimento de 16% quando comparada com 2010. O transporte aéreo internacional, por sua vez, registrou 17,9 milhões de passageiros pagos em 2011 e crescimento de 11% na demanda, com 112,6 bilhões de passageiros quilômetros pagos transportados, e de 9,7% na oferta, com 140,5 bilhões de assentos quilômetros oferecidos. A taxa de aproveitamento internacional em 2011, da ordem de 80,1%, ficou praticamente estável em relação à registrada em 2010, com variação positiva de 0,39%.

 Os números revelam a potência do setor e seu desenvolvimento, por outro lado, esse meio de transporte rápido e eficiente também traz alguns prejuízos para a sociedade: a aviação é um dos setores de transportes que mais geram poluição no mundo. Isso em razão da queima do querosene, principal combustível das aeronaves, dá origem a poluentes perigosos, emissões de óxidos de nitrogênio, dióxido e monóxido de carbono e hidrocarburetos gasosos. (veja mais aqui sobre o impacto ambiental do transporte aéreo), todos nocivos ao desequilíbrio do efeito estufa, dentre outros impactos à saúde.

 Uma maneira de amenizar esse problema relacionado à emissão de poluentes seria a utilização de biocombustíveis, cuja origem biológica se dá na produção a partir de plantas, a exemplo do etanol celulósico. O Brasil poderia fazer uso desse tipo de combustível numa escala maior do que faz atualmente, uma vez que o país é dotado de uma grande diversidade de recursos naturais, como as plantas que contêm açúcares, amido, óleo, além de resíduos como lignocelulose e gases de exaustão industrial – todos ótimos para a produção de biocombustível.

 Atentas ao problema, a FAPESP e as empresas Boeing, Embraer, com a coordenação da Unicamp, iniciaram uma pesquisa, cujo relatório foi batizado de “Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação”, sobre o melhor modo de inserir o biocombustível na aviação brasileira, tendo como objetivo conduzir o Brasil à ocupação de uma posição de destaque nesse mercado. De acordo com os pesquisadores, o grande desafio é desenvolver tecnologias em busca de um biocombustível que tenha custo competitivo em relação aos disponíveis no mercado, que seja feito a partir de uma biomassa produzida comercialmente e que possa ser misturado com o querosene sem a necessidade de quaisquer modificações nos motores das aeronaves ou no sistema de distribuição de combustíveis. 

 Os pesquisadores já apontam algumas soluções para o desenvolvimento de biocombustíveis para o transporte aéreo baseados em matérias primas como a cana de açúcar, a soja e o eucalipto, que, se submetidos a um bom processo de conversão e refino, podem contribuir decisivamente nessa produção. Além destes, segundo Mauro Kern, vice presidente executivo de engenharia e tecnologia da Embraer, outros vegetais como a camelina, o pinhão manso e as algas poderiam se tornar viáveis para tal finalidade. A Embrapa apontou também o óleo de babaçu como alternativa, uma vez que sua composição, baseada em ácidos com cadeias de carbono, são consideradas ideais para o desenvolvimento do biocombustível para o transporte aéreo.

Fonte: Agência Fapesp

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