Certamente você já ouviu falar dele, mas você sabe exatamente o que é um ácaro e qual é o tipo de relação que esse bichinho tem com os humanos?
Ácaro é a denominação comumente dada aos animais de uma subclasse (a Acari) da classe dos aracnídeos, do filo artrópode. No grupo, há cerca de 55 mil espécies descritas, dentre as quais a maior parte mede entre 0,25 e 0,75 mm. O tamanho diminuto auxilia na ocupação de uma variedade de habitats maior do que a de qualquer outro grupo de artrópodes.
Os ácaros são os principais criadores de substâncias causadoras de alergias, os alérgenos, e de crises de rinite ou asma alérgica, numa casa ou num escritório.
Centenas de milhares deles podem ser encontrados em diversos ambientes, como em roupas de cama, colchões, móveis estofados, tapetes, cortinas, aparelhos de ar condicionado e por aí vai. Eles se alimentam de material orgânico, ou seja, de células da pele humana morta encontradas na poeira fina, e se desenvolvem em condições ótimas em ambientes muito úmidos.
Existem duas espécies de ácaro que habitam o rosto humano: o Demodex folliculorum e o Demodex brevis.
O D. brevis tem como lar as glândulas sebáceas de nossa pele, enquanto o D. folliculorum vive em poros e em folículos pilosos e se reproduz durante a noite. Presume-se que o rosto seja o lar favorito do ácaro, por ter poros maiores e glândulas sebáceas em boa quantidade.
Em uma pesquisa de 2014, a bióloga estadunidense Megan Thoemmes, da Universidade da Carolina do Norte, verificou que todos os voluntários tinham ácaro em seus rostos. O que torna bem provável a hipótese de que isso ocorra com todos os humanos. Segundo Thoemmes, existe uma proporção de dois D. folliculorum para cada cílio.
No entanto, a presença dessas espécies não causa problemas à saúde humana. Apesar de os cientistas não poderem afirmar com certeza, eles acreditam que existe uma relação de comensalismo (quando o hóspede se aproveita do hospedeiro sem causar prejuízo ou até proporcionando benefícios) entre o Demodex e a raça humana. Eles, provavelmente, consomem bactérias nocivas e limpam a pele morta presente em nossos rostos.
A equipe de Thoemmes também acredita que uma pesquisa mais aprofundada a respeito dos ácaros pode elucidar questões relativas à evolução humana. Isso porque ela tem potencial para revelar como nossos ancestrais se moveram pelo planeta. Em outros casos, é possível mostrar quais populações modernas têm relação mais estreita.
Uma das espécies que habita o rosto humano, o D. folliculorum, pode estar ameaçada de extinção, segundo uma pesquisa. Publicada no jornal Molecular Biology and Evolution, essa foi a primeira pesquisa de sequenciamento do genoma desses animais.
As descobertas revelaram que os ácaros sobrevivem com o repertório mínimo de proteínas – o mais baixo observado até agora em qualquer inseto, aracnídeo ou crustáceo. Aperda genética resultou numa redução extrema no número de células em ácaros adultos – um provável primeiro passo evolutivo na sua adopção de um estilo de vida inteiramente simbiótico dentro dos tecidos humanos.
De acordo com a pesquisa, acredita-se que quanto mais esses animais se adaptam para habitar os tecidos humanos, mais genes são perdidos. Isso, consequentemente, tornaria os animais completamente dependentes dos seres humanos.
Além disso, sem oportunidade de obter genes adicionais de outros ácaros, sua existência isolada e a endogamia resultante podem ter colocado os animais no caminho para a extinção.
De acordo com o médico alergista Celso Henrique de Oliveira, em entrevista para o portal UOL, as fezes dos ácaro são as principais responsáveis por reações alérgicas. Segundo Oliveira, elas possuem enzimas digestivas que atacam a mucosa do indivíduo ao serem inaladas.
Além disso, o excremento dos ácaros e os ácaros mortos podem se dispersar na poeira. Isso também contribui para o agravamento de alergias e outras doenças respiratórias.
A alergia a ácaro afeta o bem estar e pode variar de leve para grave.
Um caso leve pode ocasionar coceiras nos olhos, na garganta, no nariz ou na boca; corrimento nasal (coriza); olhos lacrimejantes ou vermelhos; pressão e dor na face; inchaço e coloração azulada abaixo dos olhos; gotejamento pós-nasal (secreções nasais que escorrem para a garganta); congestão nasal (nariz entupido); tosse e espirros. Em crianças é comum observar o esfregar do nariz de baixo para cima.
Em casos graves, há espirros persistentes, tosses, pressão facial ou ataque de asma grave. Pessoas com asma ainda podem apresentar os seguintes sintomas:
Os ácaros responsáveis por causar alergias costumam ser o dermatophagoides pteronyssinus e o blomia tropicalis. Outras espécies de ácaro, como a Sarcoptes scabiei, podem provocar dermatite atópica e problemas sérios à saúde, por isso é preciso tomar cuidado.
Mesmo se você conseguisse matar os ácaros, eles voltariam rapidamente, já que estão em todo lugar: em casa, no trabalho, em nossos colegas e nos poros da face humana. No entanto, diminuir sua incidência é possível.
Confira algumas dicas de como lidar com ácaros:
O ideal é que os travesseiros sejam lavados a seco, pois, durante a secagem em uma lavagem normal, o travesseiro esquenta e se torna um ambiente ideal para que os ácaros se reproduzam. O uso do aspirador em carpetes, tapetes, cortinas e a lavagem periódica evita o acumulo de matéria orgânica.
Outro grande inimigo para os ácaros é a luz do sol, pois ele reduz a umidade. Exponha objetos que podem ser ambientes ideais para os ácaros à luz do sol durante o dia.
Se puder, invista em uma capa antiácaro para os seus travesseiros, cobertores e colchões.
Remova o pó e, se você tiver, use o aspirador de pó em camas e sofás. Certifique-se que este tenha um filtro HEPA.
Idealmente, as almofadas e colchões também devem ser higienizados toda semana com o aspirador.
Lençóis, capas protetoras, fronhas, bichos de pelúcia e edredons devem ser lavados regularmente.
Trocar os filtros do ar-condicionado quando estiverem sujos é importantíssimo!
Para entender melhor e de forma mais interativa como diminuir o número de ácaros ao seu redor, assista ao vídeo “Como controlar ácaros e evitar alergias respiratórias”, do Canal Lar Natural:
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