Estudo analisou cerca de 65 mil casos de lesões provocadas por cosméticos em crianças com menos de cinco anos. Removedor de esmalte e perfume são os produtos mais perigosos
Entre 2002 e 2016, cerca de 65 mil crianças com menos de 5 anos precisaram ser levadas a um departamento de emergência médica para cuidados de saúde relacionados ao uso de cosméticos nos Estados Unidos. É o que revela um estudo feito pelo Centro de Pesquisa e Políticas de Lesões do Nationwide Children’s Hospital, em Columbus, Ohio, que usou dados do National Electronic Injury Surveillance System, dos EUA, para analisar esse tipo de lesão.
Embora os dados sejam referentes apenas ao sistema de saúde norte-americano, eles revelam uma preocupação importante para todos os países. Segundo o levantamento, as lesões das crianças foram mais comumente associadas a produtos para cuidados com as unhas (28,3%), com os cabelos (27,0%), com a pele (25,0%) e com o uso de perfumes (12,7%).
Dos quase 65 mil casos analisados de lesões provocadas por cosméticos em crianças abaixo de 5 anos, a maioria se deu com menores de 2 anos, que representaram 59,3% do total. Neste grupo, o diagnóstico mais comum (86,2%) foi de envenenamento por ingestão ou manuseio de produtos. A maior parte dos casos restantes envolveu queimaduras químicas.
O produto mais perigoso parece ser o removedor de esmalte, que está envolvido em cerca de 17% das lesões tratadas nas emergências médicas durante o período analisado no estudo. O esmalte em si foi responsável por mais de 9% dos ferimentos.
Os relaxantes de cabelo, que alteram quimicamente a textura dos fios, foram responsáveis por cerca de 10% das lesões, enquanto o shampoo e o condicionador foram responsáveis por outros 7% dos casos. Cremes e loções para a pele se encarregavam de cerca de 10% das lesões relacionadas ao uso de cosméticos no estudo. E quase 13% dos casos envolveram o uso de perfumes e colônias.
Quase três em cada cinco casos envolveram bebês e crianças menores de 2 anos de idade. “Nessa idade, as crianças não podem ler os rótulos e tendem a explorar os produtos colocando-os na boca”, disse Rebecca McAdams, uma das autoras do estudo realizado pelo Nationwide Children’s Hospital e publicado em junho na revista científica Clinical Pediatrics.
Esse é o primeiro estudo a usar uma amostra representativa de um país inteiro (no caso, os Estados Unidos) para descrever a epidemiologia das lesões relacionadas ao uso de cosméticos entre crianças com idade inferior a 5 anos.
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