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Ácido úrico pode desencadear a formação de pequenos cristais de urato de sódio, que se depositam em vários locais do corpo

O ácido úrico está entre as substâncias naturalmente produzidas pelo organismo. Ele surge como resultado da quebra das moléculas de purina – proteína contida em muitos alimentos – por ação de uma enzima chamada xantina oxidase. Depois de utilizadas, as purinas são degradadas e transformadas em ácido úrico. Parte dele permanece no sangue e o restante é eliminado pelos rins.

O ácido úrico pode desencadear a formação de pequenos cristais de urato de sódio, que se depositam em vários locais do corpo, principalmente nas articulações, mas também nos rins, sob a pele ou em qualquer outra região do corpo. Além de causar pedras nos rins e artrite aguda (gota), estudos realizados no Instituto do Coração de São Paulo mostram que o ácido úrico pode gerar doenças cardiovasculares, como a aterosclerose.

Sintomas de ácido úrico

Em geral, o depósito dos cristais de urato de sódio nas articulações provoca surtos dolorosos de artrite aguda secundária, especialmente nos membros inferiores (joelhos, tornozelos, calcanhares, dedos do pé), mas pode comprometer qualquer articulação. Nos rins, o ácido úrico é responsável pela formação de cálculos renais e insuficiência renal aguda ou crônica.

Recomendações

  • Beba bastante água para ajudar o organismo a eliminar o ácido úrico;
  • Prefira os alimentos não industrializados;
  • Adote uma dieta saudável, rica em frutas, verduras, leite e derivados;
  • Evite o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente de cerveja que é rica em purina;
  • Não se automedique. Consulte uma médica ou médico para orientar o tratamento e peça ajuda ao nutricionista para eleger uma dieta que ajude a controlar a taxa de ácido úrico e a manter o peso em níveis adequados.

Inflamação causada pelo ácido úrico não depende de altos níveis da substância nem de lesão mecânica

Um estudo realizado por cientistas do Centro de Pesquisa em Processos Redox em Biomedicina (Redoxoma) mostrou que mesmo em concentrações plasmáticas (na parte líquida do sangue) consideradas normais, o ácido úrico pode iniciar uma reação danosa aos tecidos. Eles estudaram o mecanismo químico de como o ácido úrico é transformado no organismo e como reage com outras proteínas. O resultado do trabalho, que identificou os principais alvos de reação do ácido úrico, foi publicado em artigo no The Journal of Biological Chemistry.

Sabe-se que o acúmulo de ácido úrico na corrente sanguínea forma uma espécie de cristal que causa lesão nas articulações, resultando em uma inflamação profunda no tecido. Os pesquisadores do Redoxoma conseguiram provar que não precisa necessariamente ocorrer o processo de formação de cristais para haver um efeito negativo no vaso sanguíneo.

O dano causado pelo ácido úrico é silencioso, pois, mesmo que não esteja causando a gota, ele pode ser metabolizado por enzimas, as hemeperoxidases, produzindo intermediários altamente reativos. Estes intermediários são o radical livre do ácido úrico e o hidroperóxido de urato. O hidroperóxido de urato é um composto-chave para a inflamação vascular.

Os pesquisadores do Redoxoma conseguiram demonstrar que este composto reage de forma rápida e preferencial com as proteínas peroxirredoxinas, que são proteínas abundantes nas células sanguíneas. Para identificar quais proteínas estão mais sujeitas a reagir com o hidroperóxido de urato, o grupo observou e calculou o tempo para ocorrer a reação entre o hidroperóxido de urato e essas proteínas.

A oxidação das peroxirredoxinas pelo hidroperóxido de urato pode afetar a função celular. A reação entre peroxirredoxinas e hidroperóxido de urato pode alterar o padrão de expressão de outras proteínas e deixar a célula mais apta a liberar mediadores pró-inflamatórios, alimentando um ciclo vicioso de resposta inflamatória.

A pesquisa tem a perspectiva de auxiliar no diagnóstico de lesões vasculares e até mesmo buscar alvos terapêuticos para o uso na prevenção de doenças cardiovasculares.

O efeito paradoxal do ácido úrico

O ácido úrico é um produto da degradação dos ácidos nucleicos (DNA e RNA). Durante sua evolução, o ser humano deixou de expressar a enzima que degrada ácido úrico e passou a acumulá-lo no sangue. Essa característica evolutiva sempre foi considerada uma vantagem, pois o ácido úrico tem propriedade antioxidante, ou seja, é capaz de doar elétrons, combatendo os radicais livres e outras substâncias oxidantes.

Por outro lado, ao doar apenas um elétron de sua camada de valência, reação que ocorre com as hemeperoxidases, o ácido úrico em si se torna um radical livre. A combinação deste radical livre com o superóxido forma, então, o hidroperóxido de urato. Ambos, radical livre de ácido úrico e hidroperóxido de urato são, paradoxalmente ao ácido úrico, dois potentes oxidantes.

O artigo Urate hydroperoxide oxidizes human peroxiredoxin 1 and peroxiredoxin 2 (doi: 10.1074/jbc.M116.767657), de Larissa A. C. Carvalho, Daniela R. Truzzi, Thamiris S. Fallani, Simone V. Alves, Jose Carlos Toledo Junior, Ohara Augusto, Luis E. S. Netto e Flavia C. Meotti, pode ser lido em aqui.



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