Meio ambiente está se deteriorando mais rapidamente do que se esperava, tornando-se imperativo que os governos ajam o quanto antes para reverter danos piores
O meio ambiente está se deteriorando mais rapidamente do que se esperava, tornando-se imperativo que os governos ajam o quanto antes para reverter os piores danos, advertiu o estudo “Perspectivas do Meio Ambiente Mundial: Avaliações Regionais”. O documento é o maior já publicado até então sobre o estado de saúde do planeta.
O estudo, uma compilação de seis relatórios, permite análises altamente detalhadas das questões ambientais que afetam cada uma das seis regiões do mundo, informou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) durante o lançamento, em maio deste ano.
“Agora, graças a este relatório, conhecemos o estado global do meio ambiente mais do que nunca. E é essencial que compreendamos o ritmo da mudança ambiental que está sobre nós”, disse o diretor-executivo do Pnuma, Achim Steiner.
De acordo com o estudo, embora questões como as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade, a degradação do solo e a escassez da água estejam se intensificando, ainda há tempo para se resolver muitos dos piores impactos das mudanças ambientais.
No entanto, para o mundo atingir as metas estabelecidas na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, é necessário mudança.
As recomendações do relatório incluem, entre outras coisas, o aumento da produção e do consumo sustentável; o investimento em planejamento urbano, através de uma melhor utilização da infraestrutura ambientalmente saudável e da implementação de transportes não poluentes; e a redução da dependência de combustíveis fósseis e a diversificação das fontes de energia, entre outros.
O estudo foi publicado pouco antes da segunda Assembleia Ambiental das Nações Unidas (UNEA-2), que ocorreu na semana passada em Nairóbi, no Quênia, e envolveu a participação de mais de 1,2 mil cientistas, centenas de instituições científicas e mais de 160 governos.
Áreas afetadas
Como uma das primeiras áreas do mundo a experimentar os impactos da mudança climática, a região do Ártico serve como um indicativo para a mudança no resto do mundo. O aquecimento por lá tem aumentado em duas vezes a média global desde 1980.
As geleiras no Alasca, do Ártico canadense, e a camada de gelo da Groenlândia, bem como a região dos Andes do sul e as montanhas da Ásia representam juntas mais de 80% da perda total do gelo global.
A região Ásia-Pacífico, por sua vez, se configura como a área mais propensa a desastres no mundo. Cerca de 41% de todos os desastres naturais relatados ao longo das últimas duas décadas ocorreram na região, que também foi responsável por 91% das mortes do mundo atribuídas a desastres naturais no século passado.
Na África, o continente mais precioso para a produção de alimentos, saúde nutricional e para o desenvolvimento econômico, 500 mil metros quadrados de terra estão se degradando devido à erosão do solo, salinização, poluição e desmatamento.
Essa degradação prejudica a produtividade agrícola, bem como a nutrição e saúde humana.
Aumento da população e a crise dos refugiados afetam o meio ambiente
A expansão da população em todo o mundo, assim como a rápida urbanização e o aumento do nível do consumo, são alguns dos principais fatores para o crescimento dos danos ambientais.
Calcula-se que o tamanho da classe média global aumente de 1,8 bilhão em 2009 para 4,9 bilhões em 2030, com a maior parte desse crescimento vindo da Ásia.
Na região da América Latina e do Caribe, a população urbana da região aumentou em mais de 35 milhões entre 2010 e 2015. Espera-se que esse número suba para um total de 567 milhões de pessoas em 2025.
O conflito contínuo e o deslocamento em massa de pessoas em toda a região da Ásia Ocidental também estão provocando impactos ambientais graves, que põem em perigo a saúde das pessoas.
Os 2,97 milhões de refugiados no Líbano, Jordânia, Iêmen e Iraque, por exemplo, estão colocando uma sobrecarga ambiental imensa para a região. Em 2015, eles foram responsáveis por produzir cerca de 1.440 toneladas de resíduos por dia em 2015, aumentando o risco de surtos de doenças.