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A professora Katia Rubio destaca a importância da integração entre corpo e mente na prática esportiva e ressalta o valor da psicologia do esporte

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Oesporte de alto nível é caracterizado por inúmeros momentos de alta pressão. Desafios e adversidades são comuns na vida e cotidiano de um atleta profissional. Por isso, o fator psicológico é indissociável e influencia diretamente o desempenho e rendimento na prática esportiva.

Exemplos de superação e força psicológica podem ser vistos tanto nas modalidades individuais como nas coletivas. No futebol, o Manchester City conquistou mais uma vez o campeonato inglês em 2022. Na última rodada, o time estava perdendo por 2×0 para o Aston Villa e bastava uma vitória do rival Liverpool para que o título fosse perdido. Mas, no final da partida, a equipe de Manchester fez 3 gols em 5 minutos e assegurou o troféu.

No tênis, em 2021, Novak Djokovic — o número 1 do mundo – conseguiu um feito incrível ao conquistar Roland Garros de virada. O sérvio perdia a final do Grand Slam para o grego Stefanos Tsitsipas por 2 sets a 0 e mesmo assim conseguiu recuperar o resultado e se sagrar campeão.

O atleta

Katia Rubio, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo e ex-presidente fundadora da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, analisa a mente de atletas em momentos de pressão: “O atleta de alto rendimento se diferencia da média da população por algumas características que o fazem ser atleta desse nível – o enfrentamento da adversidade, a busca de objetivos e uma satisfação na competição”. A professora ainda aponta que a mescla dessas características faz com que a pessoa se disponha a enfrentar os desafios de forma única e que a mente trabalhe em prol da conquista de resultados.

Em relação às particularidades entre atletas de modalidades individuais e atletas de esportes coletivos, Katia comenta que, “desde a década de 1970, os psicólogos do esporte correm atrás da genealogia daquilo que seria a tendência de uma pessoa a se engajar em modalidades individuais ou coletivas e todos esses estudos foram inconclusivos. Então, fica aquela questão, a pessoa tem um perfil que a coloca em uma modalidade individual ou a modalidade individual lapida o perfil do atleta? Isso também para as modalidades coletivas”.

De acordo com a professora, nas modalidades coletivas há uma obrigatoriedade de o indivíduo trabalhar em grupo, mas existem pessoas com perfil mais individualista na condução das decisões e solução de problemas. “Essas pessoas tendem a ter uma identidade maior com as modalidades individuais do que com as coletivas. Isso não quer dizer que em uma equipe esportiva não haja uma pessoa com tendências a resolver sozinho um problema, assim como nas modalidades individuais há pessoas que treinam muito melhor em grupo. O esporte é um sistema aberto”, atesta.

Trabalho psicológico

O aspecto psicológico influencia diretamente o desempenho na prática esportiva. “Muitos atletas olímpicos medalhistas falam sobre a importância do trabalho psicológico no alcance de resultados. Há quem diga que o atleta perfeito é aquele que tem uma disposição genética ou uma habilidade motora fora da média, mas isso sem a participação emocional não quer dizer nada, porque o ser humano é integrado. A integração corpo-mente é que faz a perfeição da pessoa, do ser humano”, ressalta Katia.

O acompanhamento feito por profissionais é fundamental para que o atleta esteja saudável e preparado mentalmente. A professora destaca que conhecer o atleta e não tratá-lo como máquina é um aspecto fundamental para compreender suas motivações: “A psicologia do esporte brasileira tem um traço que busca sempre considerar essas questões de ordem social que acompanham o atleta na sua preparação. O resultado a qualquer custo não é aquilo que mobiliza o trabalho psicológico, mas é acima de tudo a compreensão do ser humano e a sua relação com o esporte.

A psicologia do esporte não pode ser confundida com treinamento mental, porque ele pode ser realizado por pessoas e profissionais que não são psicólogos. O treinamento mental é uma ínfima parcela daquilo que é o campo da psicologia do esporte, que antes de tudo considera o atleta na sua humanidade, na sua subjetividade e não despreza em hipótese alguma a sua história de vida e a sua trajetória como pessoa”, aponta Katia, ao valorizar o campo da psicologia do esporte no suporte ao atleta.

Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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