É vegetariano ou vegano e torceu o nariz para as fotos das carnes que abrem essa matéria? Pois pode olhar para elas com outros olhos – as “carnes” são feitas com vegetais por “açougues” veganos, empresas especializadas em criar alimentos que copiam o sabor de itens como bacon, salsicha, rosbife, entre outros, e o melhor: sem necessitar de crueldade animal para isso.
Na última década, a cultura vegana têm gradualmente ganhado espaço. De acordo com um artigo da Food Navigator USA, 6% da população dos Estados Unidos afirma ser vegana. Enquanto cerca de 26% dos consumidores entrevistados disseram ter reduzido a quantidade de carne que consumiram no mês anterior, muitos afirmando que a principal razão para sua decisão foi o bem-estar animal.
Nos últimos dois anos, “açougues” como o Herbivorous Butcher, em Minneapolis, e o YamChops, em Toronto, no Canadá, surgiram vendendo produtos à base de vegetais, como o “Szechuan Chicken”, direcionado para um público que busca alimentos éticos e mais saudáveis.
“Nós não esperávamos que o sucesso fosse tão grande”, esclarece Aubry Walch, cofundadora do Herbivorous Butcher. O conceito nasceu de uma brincadeira em uma festa vegana em sua casa, onde seu irmão brincou que eles iam começar a “carnificina” vegana.
“Em nosso primeiro dia na feira dos produtores locais, nós não esperávamos vender nada”, continuou Aubry. “Nós pensávamos que seria um desastre, mas queríamos tentar de qualquer maneira. É uma causa extremamente importante. Surpreendemente, no primeiro dia, nós vendemos tudo.” Agora, os irmãos estão planejando um estabelecimento em Minneapolis.
Tanto no Herbivorous Butcher quanto no YamChops, os proprietários vendem o que parecem ser carnes e queijos, mas feitos com ingredientes como grão-de-bico e tapioca. A semelhança é tão grande que Toni Ambramson, coproprietário do YamChops, chegou a discutir com alguns clientes que achavam que a comida consumida não tinha origem vegetal.
“Queríamos que as pessoas apreciassem tanto os sabores que eles não pensassem nos nossos alimentos como simplesmente veganos”, explica Toni.
Apesar de alguns questionarem o uso do termo “açougues”, tanto Walch como Ambramson afirmam que, assim como a comida, a palavra “açougueiro” em si capta a familiaridade da carnificina que está incutida na memória das pessoas. De acordo com Ambramson, o termo evoca imagens de vacas parcialmente cortadas. Ao se afiliarem a esta ideia, os açougues veganos despertam a curiosidade dos clientes para a missão da loja e para os produtos.
“Nós vemos as pessoas do lado de fora de nossa loja olhando para nossa placa, virando a cabeça dizendo ‘hein?’”, afirma Ambramson. “O termo definitivamente intriga e, como resultado, as pessoas acabam querendo saber mais”.
Alguns dos clientes nestes “açougues” são veganos de longa data em busca de uma refeição saborosa e fácil de preparar, enquanto outros são novos na comunidade sem carne. Em ambos os açougues veganos, os proprietários alegaram que a maioria dos consumidores estão na última categoria. Para os ativistas, seus pratos sem carne, como salsichas e bifes, oferecem aos clientes uma maneira mais fácil de fazer a transição da carne de porco e vaca para pratos à base de vegetais.
No entanto, algumas pessoas criticam as iniciativas. Para Sara Franklin, professora da Universidade de Nova Iorque especializada na relação entre alimentação e cultura, a criação de receitas de proteínas veganas que têm gosto muito parecido com toucinho prejudica o objetivo final de fazer os consumidores apreciarem realmente uma dieta vegana. Para ela, não se deve mascarar os sabores na tentativa de imitar a carne, mas mostrar às pessoas como cozinhar vegetais de forma saborosa.
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