O açúcar de coco é um açúcar natural feito a partir da seiva do coqueiro, a árvore do coco. Muitas vezes, ele é confundido com o açúcar de palma, que é semelhante, mas feito de um tipo diferente de palmeira.
Ultimamente, o açúcar de coco vem ganhando espaço na alimentação de quem busca alternativas mais saudáveis ao açúcar refinado, ou açúcar branco, considerado nocivo para a saúde, como você pode conferir clicando na matéria abaixo:
O açúcar de coco é mais rico em nutrientes do que o açúcar refinado e tem um menor índice glicêmico. Mas será que essa característica faz dele um salvador da pátria ou ele é mais do mesmo? Entenda.
O açúcar de coco é feito a partir de um processo natural que envolve duas etapas:
O produto final é marrom e granulado. Sua cor é semelhante à do açúcar bruto, ou o açúcar mascavo, mas o tamanho dos grãos é menor e mais variável.
O açúcar que passa pelo processo de refinamento não contém qualquer nutriente que possa ser aproveitado pelo organismo, fornecendo, portanto, calorias vazias.
Em contrapartida, o açúcar de coco é muito benéfico nesse sentido, pois retém parte dos nutrientes presentes no coqueiro e pode ser consumido assim como o açúcar comum.
Os nutrientes mais notáveis são os minerais ferro, zinco, cálcio, potássio e magnésio, além de alguns ácidos graxos, como polifenóis e antioxidantes.
Além disso, este tipo de açúcar é conhecido por ser uma fonte natural de vitaminas do complexo B, especialmente vitamina B1 e B2.
O açúcar de coco também contém uma fibra chamada inulina, que ajuda a retardar a absorção da glicose no sangue, por isso o seu índice glicêmico é menor do que o encontrado no açúcar refinado comum (confira aqui estudo a respeito).
O açúcar refinado não é saudável porque causa um aumento significativo nos níveis de açúcar no sangue. Além de ser pobre em nutrientes e praticamente não ter vitaminas ou minerais. Mas isso é apenas a ponta do iceberg.
Outra razão possível para a nocividade do açúcar refinado é o seu alto teor de frutose.
Embora nem todos os cientistas estejam convencidos de que a frutose seja um problema sério para pessoas saudáveis, a maioria concorda que, em excesso, a frutose pode causar a síndrome metabólica em indivíduos obesos (confira aqui estudos a respeito: 1, 2). A doença consiste em um conjunto de condições que aumentam o risco de doença cardíaca, acidente vascular cerebral e diabetes.
O açúcar refinado comum é formado por 50% de frutose e 50% de glicose, enquanto o xarope de milho compõe aproximadamente 55% de frutose e 45% de glicose. Apesar do açúcar de coco ter sido considerado livre de frutose, ele é composto por 80% de sacarose, cuja composição é de 50% de frutose. Por essa razão, o açúcar de coco fornece quase a mesma quantidade de frutose que o açúcar comum.
Dessa forma, apesar do açúcar de coco ter um perfil nutricional ligeiramente melhor do que o açúcar refinado comum, seus efeitos na saúde devem ser bastante semelhantes.
Por isso, o açúcar de coco pode ser usado, mas com moderação, da mesma forma que seria com o açúcar refinado.
Quando a seiva é colhida, os brotos de flor de coqueiro dificilmente produzirão coco. Na prática, isso significa que a produção de outros derivados do coqueiro, como o óleo de coco e até mesmo o próprio coco, fica prejudicada quando há extração da seiva para produzir o açúcar de coco. De acordo com um estudo, coqueiros que alternavam entre a produção de coco e extração da seiva tiveram um rendimento de frutos 50% menor.
Mas isso significa que consumir açúcar de coco é insustentável? Antes de chegar a essa conclusão, é preciso refletir sobre o que é sustentabilidade.
Segundo Ignacy Sachs, a sustentabilidade refere-se à capacidade de sustentação dos ecossistemas – que nada mais é que a capacidade de absorção e recomposição. De acordo com o estudioso do tema:
A sustentabilidade pode ser alcançada por meio da intensificação do uso dos recursos potenciais para propósitos socialmente válidos; da limitação do consumo de combustíveis fósseis e de outros recursos e produtos facilmente esgotáveis ou ambientalmente prejudiciais, substituindo-se por recursos ou produtos renováveis e/ou abundantes e ambientalmente inofensivos; redução do volume de resíduos e de poluição; e intensificação da pesquisa de tecnologias limpas.
Dessa forma, pode-se depreender que, para concluirmos que o consumo de açúcar de coco é sustentável ou não, são necessários estudos que comprovem a capacidade de recomposição dos ecossistemas e renovabilidade das culturas de coco. Eixos que serviriam de norteadores para essa análise mais minuciosa seriam a agroecologia e a soberania e segurança alimentar.
Nesse contexto, vale lembrar que um dos fatores que mais contribuem para a insustentabilidade do planeta é o consumo de animais e seus derivados, e o açúcar de coco não é um derivado animal. Saiba mais sobre esse tema nas matérias:
Dessa forma, a sustentabilidade da extração do açúcar de coco deve ser analisada de modo que se leve em consideração a conjuntura política, econômica e ambiental dos modos de produção e consumo, e não apenas seus aspectos técnicos, como a redução da produção de coco.
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