Os corantes alimentícios são utilizados há muitos séculos para conferir cor e tornar os alimentos mais atrativos e saborosos. Inicialmente, os corantes utilizados eram de origem natural (vegetal, animal ou mineral), como as especiarias e os condimentos. Willian Henry Perkin foi o primeiro cientista a sintetizar um corante – no caso, a malva ou malveína, derivado da hulha.
A partir de então, houve um grande aumento nas descobertas de novos corantes artificiais ou sintéticos e na sua utilização pela indústria, principalmente a de alimentos, com o principal intuito de conferir cor e, em alguns casos, mascarar produtos de baixa qualidade. A justificativa para a utilização dos corantes se deve ao fato de que a aceitação do produto alimentício pelo consumidor está diretamente relacionada à cor.
Os corantes são aditivos alimentares definidos como: toda substância ou mistura de substâncias que possui a propriedade de conferir, intensificar ou restaurar a coloração própria do alimento. Por serem aditivos reconhecidos e aceitados por órgãos governamentais, acaba ficando a dúvida: corantes artificiais fazem mal para asaúde?
Segundo a Resolução CNNPA n 44, de 1997 da Comissão Nacional de Normas e Padrões para Alimentos, do Ministério da Saúde, os corantes são classificados como:
Aquele obtido a partir de vegetal, ou eventualmente, de animal, cujo princípio corante tenha sido isolado com o emprego de processo tecnológico adequado.
Aquele obtido por síntese orgânica mediante o emprego de processo tecnológico adequado.
É o corante orgânico sintético não encontrado em produtos naturais.
É o corante orgânico sintético cuja estrutura química é semelhante à do princípio ativo isolado de corante orgânico natural.
Aquele obtido a partir de substâncias minerais e submetido a processos de elaboração e purificação adequados a seu emprego em alimento.
O corante natural obtido pelo aquecimento de açúcares à temperatura superior ao ponto de fusão.
É o corante orgânico sintético idêntico ao natural obtido pelo processo amônia, desde que o teor de 4-metil, imidazol não exceda no mesmo a 200 mg/kg (duzentos miligramas por quilo).
Os corantes artificiais são uma classe de aditivos químicos sem valor nutritivo. Sob o ponto de vista toxicológico, vários estudos têm sido realizados para verificar os efeitos nocivos ao homem, pois esses aditivos não são totalmente inofensivos à saúde. A substituição dos corantes naturais por artificiais se deve, principalmente, ao maior poder tintorial, à estabilidade, à uniformidade e ao menor custo desses últimos, quando comparados aos corantes naturais. Entretanto, apesar de todos esses pontos positivos, os corantes artificiais vêm sendo apontantes como nocivos à saúde, sendo associados ao surgimento de alergias, hiperatividade em crianças, ação cancerígena, problemas respiratórios e gástricos, entre outras doenças.
Os corantes artificias permitidos em cada país variam substancialmente, devido ao fato da existência de uma grande variedade de substancias com poder corante. Atualmente, nos EUA, são permitidos apenas o uso de nove tipos de corantes sintéticos, sendo dois de uso restrito. No Japão, segundo suas legislações, são permitidos o uso de onze tipos de corantes sintéticos. Na União Europei, são permitidos dezessete tipos de corantes artificiais, sendo que países como a Noruega e Suécia proíbem o uso de corantes artificias em alimentos. No Brasil, segundo as resoluções de n° 382 a 388, de 9 de agosto de 1999, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são permitidos os usos de onze tipos de corantes artificiais, que serão apresentados a seguir (E-numbers: números listados na Comunidade Econômica Europeia):
Pertence à classe dos corantes azo e confere tons de amarelo. É utilizado em alimentos em pó (suco e refrescos), sorvete, iogurte, produtos de cereais, entre outros. Este corante é apontado como o responsável por várias reações adversas, causando desde urticária até asma. Também é permitido no Canadá, nos Estados Unidos e na União Europeia.
Pertence à classe dos corantes azo e confere tons de amarelo a laranja. É utilizado em cereais, balas, caramelos, coberturas, xaropes, gomas de mascar, entre outros. Este corante, em algumas pessoas, pode causar alergias, produzindo urticária e problemas gástricos. Também é permitido nos Estados Unidos e na União Europeia.
Pertence à classe dos corantes azo e confere tons de vermelho. É utilizado em alimentos baseados em frutas vermelhas, como amora, uva, cereja e groselha. Este corante necessita de estudos adicionais sobre seu metabolismo. Também é permitido na União Europeia.
Pertence à classe dos corantes azo e confere tons de vermelho. É utilizado em cereais, balas, geleias, gelados, recheios, xaropes, entre outros. Alguns estudos são contraditórios quanto à inocuidade carcinogênica deste corante. Também é permitido na União Europeia.
Pertence a classe dos corantes azo, confere tons de vermelho, utilizado em xaropes de bebidas, frutas em calda, balas, refrigerantes, entre outros. Atualmente, existem poucos estudos relevantes realizados sobre sua toxicidade, relacionado ao desenvolvimento de anemia e aumento da incidência de doenças renais. Também é permitido na União Europeia.
Pertence a classe dos corantes xanteno, confere tons de rosa e vermelho, utilizado em pós para gelatina, refrescos, geléias, entre outros. Existem estudos de uma possível associação com tumores na tiróide pela provável liberação de iodo no organismo, porém esses estudos não foram conclusivos. Também é permitido nos Estados Unidos e União Europeia.
Pertence a classe dos corantes azo, confere tons de vermelho, utilizado alimentos a base de cerais, balas, recheios, xaropes para refresco, entre outros. Estudos metabólicos mostram que este corante é pouco absorvido pelo organismo e em estudos de mutagenicidade não apresentou potencial carcinogênico. Também é permitido na União Europeia.
Pertence a classe dos corantes trifenilmetano, confere tons de azul, utilizado em bebidas isotônicas, gelatinas, balas e chicletes coloridos. Este corante apresenta a necessidade mais estudos sobre seu metabolismo. Também é permitido na União Europeia.
Pertence a classe dos corantes indigóides, confere tons de azul, utilizado em gomas de mascar, iogurte, balas, caramelos, pós para refresco, entre outros. Este corante pode causar náuseas, vômitos, hipertensão e ocasionalmente e alergias.Também é permitido na União Europeia, Estados Unidos e Japão.
Pertence à classe dos corantes trifenilmetano e confere tons de azul. Utilizado em laticínios, balas, cereais, recheio, gelatina, entre outros. Este corante está associado à hiperatividade em crianças, eczema e asma. Também é permitido na União Europeia.
Pertence à classe dos corantes trifenilmetano e confere tons de verde. Utilizado em bebidas isotônicas, gelatinas, balas e chicletes coloridos. Este corante está associado ao surgimento de alergias. Também é permitido nos Estados Unidos.
A busca por uma alimentação mais saudável e nutritiva vem fazendo com que os consumidores adquiram maior conhecimento sobre as substâncias que são empregadas pela industria de alimentos. No caso dos corantes, as frequentes notícias de que os sintéticos fazem mal à saúde faz com que os consumidores fiquem mais informados e atentos na hora de escolher um produto. Dessa forma, a indústria de alimentos vem sendo obrigada a substituir os corantes artificiais pelos naturais, que não proporcionam riscos à saúde, de modo a atender as exigências dos consumidores. Apesar de muitos estudos ainda não serem conclusivos sobre os malefícios que os corantes artificiais podem causar, o melhor a se fazer é evitar o consumo excessivo de alimentos que apresentem esses corantes em sua constituição. Por isso, é fundamental que, na hora de fazer as compras, os consumidores leiam com calma os ingredientes apresentados no rotulo do produto.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais