Agência da ONU amplia programa para acabar com trilha tóxica da mineração de ouro

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Por ONU News | O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, alerta que globalmente, até 20 milhões de mineradores em mais de 80 países trabalham na mineração de ouro artesanal e em pequena escala. Entre eles, pelos menos 4 milhões de mulheres e crianças.

Essas operações, muitas vezes não regulamentadas e inseguras, são responsáveis por 37% da poluição global por mercúrio, mais do que qualquer outro setor.

UNEP/Duncan Moore | Maioria dos trabalhadores não usa equipamentos de proteção, o que pode causar sérios problemas de saúde ao manusear o mercúrio

Trilha tóxica da mineração de ouro

Por isso, o programa planetGOLD, liderado pelo Pnuma, busca acabar com a trilha tóxica da mineração de ouro em pequena escala.

Os representantes atuam com governos, setor privado e comunidades de mineração para eliminar o mercúrio da mineração artesanal e promover ambientes de trabalho mais seguros.

Financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, ele opera sob a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, um acordo global projetado para eliminar gradualmente o uso do metal.

O gerente do programa, Ludovic Bernaudat, afirma que mais de 100 milhões de pessoas dependem da mineração artesanal de ouro para sua subsistência.

Assim, ele avalia ser fundamental a parceria com governos para levar aos trabalhadores conhecimento e informações eliminar gradualmente o uso de mercúrio.

Mercúrio

O mercúrio é um produto químico tóxico que pode causar danos cerebrais irreversíveis e prejudicar a saúde do ecossistema. Não há nível de exposição seguro conhecido para mercúrio elementar em humanos, e os efeitos podem ocorrer mesmo em taxas muito baixas.

A mineração artesanal responde por 20% da oferta global de ouro e gera aproximadamente US$ 30 bilhões anualmente. No entanto, segundo o Pnuma, as operações artesanais são informais e estão fora do alcance das estruturas regulatórias nacionais existentes.

Isso pode ocorrer porque os governos não têm acesso a informações confiáveis sobre o setor, são incapazes de fornecer apoio administrativo, técnico e financeiro ou favorecem operações de mineração em grande escala.

Segundo a agência ambiental da ONU, muitos governos estão tomando medidas para implementar padrões mais seguros sob a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, que visa regulamentar de forma abrangente o elemento ao longo de seu ciclo de vida, desde a produção até o uso e descarte.

Mas a fiscalização nem sempre é consistente, especialmente em áreas rurais e países em desenvolvimento, dando origem a operações artesanais inseguras.

UNEP/Veejay Villafranca | Mercúrio é frequentemente adicionado aos minérios de ouro como parte do processo de extração

Resultados da mineração artesanal

Segundo o Pnuma, a mineração artesanal e de pequena escala emite mais de 2 mil toneladas de mercúrio por ano. Isso inclui emissões para o ar de amálgamas de aquecimento, bem como perdas diretas de mercúrio para terra e água.

O produto, usado na mineração há mais de 3 mil anos, não se degrada no meio ambiente. Uma pesquisa mostra que as copas das florestas perto de locais de mineração de ouro em pequena escala podem interceptar e acumular grandes volumes de poluição atmosférica de mercúrio.

Isso significa que o mercúrio pode se acumular e ser transmitido ao longo da cadeia alimentar causando danos ao sistema nervoso, digestivo e imunológico de animais e humanos.

As estimativas sugerem que até 100 milhões de pessoas estão de alguma forma expostas ao mercúrio da mineração de ouro em pequena escala.

Um novo padrão ouro

Para combater o problema, a planetGOLD facilita o compartilhamento de materiais técnicos e orientação entre minas de ouro artesanais e governos. Também defende alternativas tecnológicas para reduzir e eliminar a dependência do mercúrio.

A primeira fase contou com projetos para melhorar o acesso ao financiamento em nove países, incluindo Quênia, Filipinas e Indonésia.


Este texto foi originalmente publicado por ONU News de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.

Carolina Hisatomi

Graduanda em Gestão Ambiental pela Universidade de São Paulo e protetora de abelhas nas horas vagas.

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