Agricultura intensiva é o nome dado a um modo de produção agrícola que busca a obtenção de elevados índices de produtividade no menor tempo possível. Em oposição à agricultura extensiva, o modelo intensivo requer investimentos em insumos e tecnologias que viabilizam a alta performance do plantio sem a necessidade de expansão espacial do empreendimento. É recorrente a utilização excessiva ou inadequada de máquinas pesadas, fertilizantes e produtos fitossanitários na agricultura intensiva, o que amplifica o potencial danoso da atividade agrícola sobre o meio ambiente.
Revolução Verde
A agricultura intensiva ganhou destaque a partir da segunda metade do século XX, um momento econômico que ficou conhecido como Revolução Verde. O período foi marcado por avanços científicos que proporcionaram inovações tecnológicas muito lucrativas para o setor de produção de alimentos e commodities agrícolas. Foram incorporados ao sistema agrícola diversos maquinários para a preparação do solo, plantio e colheita, fertilizantes químicos, agrotóxicos, sementes altamente selecionadas ou geneticamente modificadas, mão de obra especializada, sistemas de irrigação sofisticados, entre outras técnicas de manejo da terra.
Atualmente, a agricultura intensiva é a principal modalidade adotada no setor de produção de alimentos, sendo a busca pela alta produtividade justificada pela crescente demanda advinda da população. Entretanto, a agricultura intensiva tem sua sustentabilidade bastante questionada, além de que as variedades mais frequentes nesses sistemas (como o milho e a soja) são direcionadas para o beneficiamento industrial e transformadas em produtos altamente processados e de baixo valor nutricional.
Os impactos negativos provocados pelo modo de produção da agricultura intensiva são multidimensionais, apresentando aspectos referentes à degradação do solo, redução da biodiversidade, poluição da água, mudanças climáticas, impactos sobre a saúde humana e desemprego.
Em primeiro lugar, o uso de máquinas pesadas exerce pressão sobre o solo e leva ao aumento na sua densidade pela redução de espaços vazios entre suas partículas. Esse fenômeno é chamado de compactação do solo, e pode aumentar a susceptibilidade do solo à erosão e prejudicar o desenvolvimento das plantas.
A utilização de defensivos químicos para o controle de pragas é exorbitante na agricultura intensiva, o que pode levar ao efeito exatamente oposto ao desejado. Após várias aplicações de herbicidas, pesticidas e fungicidas, as espécies que resistem aos seus efeitos se proliferam rapidamente e podem provocar perdas significativas na produção. Além disso, o uso de agrotóxicos causa danos sobre a biomassa e, consequentemente, sobre a diversidade biológica da fauna do solo.
Tanto os agrotóxicos quanto os adubos químicos podem ser lixiviados e escoados superficialmente, atingindo o lençol freático e as águas superficiais. A contaminação de rios por agrotóxicos pode provocar a morte em massa de organismos aquáticos, diminuir o oxigênio dissolvido na água e causar danos fisiológicos à fauna.
No caso dos adubos químicos, destacam-se os impactos causados pelo grupo NPK, Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K). Trata-se dos macronutrientes fundamentais para o desenvolvimento de plantas que em altas concentrações no ambiente aquático pode promover o crescimento populacional exagerado da comunidade vegetal, isto é, a eutrofização do corpo d’água.
Outro problema decorrente do uso de fertilizantes químicos a base de nitrogênio é a alteração no processo de nitrificação e desnitrificação por microrganismos e o aumento nas emissões de amônia (NH3) e óxido nitroso (N2O), substâncias que na forma gasosa são intensificadores do efeito estufa. Isso ocorre pela adição abundante de compostos de nitrogênio no solo, o que aumenta a frequência da sua ciclagem e leva ao aumento na sua conversão para NH3 e N2O. Desse modo, a agricultura intensiva é também uma atividade que contribui significativamente para a mudança climática global.
Por fim, a dimensão humana dos impactos inclui a ocorrência de problemas de saúde pela exposição às substâncias tóxicas presentes nos agroquímicos e a redução da oferta de emprego pelo aumento da mecanização. A operação do maquinário e outros equipamentos modernos requer maior qualificação da mão de obra, o que leva à exclusão do mercado de trabalho de grupos sociais com menor acesso à capacitação laboral.