Para os painelistas, o agronegócio deve financiar o replantio das florestas brasileiras
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O agronegócio precisa participar da luta contra as mudanças climáticas. A conclusão é de especialistas que se reuniram em 9 de novembro, no Fórum do Pacto Global, em São Paulo, para debater o papel da agricultura na preservação do meio ambiente e na redução das emissões de gases do efeito estufa.
A diretora de assuntos corporativos da Dow Agrosciences, Marilene Iamauti, explicou que o cuidado com as pastagens pode evitar a destruição contínua dos recursos naturais. Segundo ela, a recuperação de áreas degradadas permite o aumento da produtividade do rebanho e reduz a pressão sobre novos desmatamentos.
Também presente, o secretário estadual adjunto de Meio Ambiente de São Paulo, Antonio Velloso, disse que o trabalho a se fazer é caro, de longo prazo e, no caso do estado, depende apenas do setor agrário.
“Dos 25 milhões de hectares que compõem o estado de São Paulo, 20,5 milhões são áreas de agricultura. São propriedades privadas e, portanto, a restauração florestal deve ser paga pelo proprietário”, afirmou.
Para Velloso, se os proprietários se ativessem apenas ao cumprimento das obrigações do Código Florestal brasileiro, as metas de reflorestamento já seriam atingidas. “Mas a iniciativa é do setor privado. São eles quem decidem se querem ou não antecipar essa restauração”, disse. Ele vê o financiamento como uma das grandes dificuldades para o agronegócio, mas aposta em acordos globais como solução.
“O acordo da Conferência das Partes de Paris prevê 100 bilhões de dólares para países em desenvolvimento. Para acessar esta verba, basta apenas apresentar bons projetos”, lembrou.
A diretora do World Resources Institute (WRI) no Brasil, Rachel Biderman, também concordou que o financiamento do replantio de florestas se dará pelo agronegócio. “Embora plantar florestas não seja barato, é dessa forma que o Brasil pode e precisa contribuir. Precisamos de plantadores de árvores”, alertou.
A especialista chamou atenção ainda para outros mecanismos que podem estimular o envolvimento do agronegócio na preservação do planeta. “Precisamos também de uma reforma fiscal de baixo carbono, ou seja, um incentivo ou desincentivo fiscal para as empresas e suas práticas relacionadas ao meio ambiente”, propôs.