Água virtual é o volume de água utilizado no processo de produção de um bem ou serviço. É aquela água que você consome, mas não vê. O conceito foi apresentado pelo geógrafo norte-americano John Anthony Allan, no início dos anos 1990.
Água virtual é a água “incorporada” em um bem de consumo, considerando toda sua cadeia de produção. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa gasta, em média, 110 litros de água por dia para higiene, ingestão, limpeza e preparação de alimentos, entre outros. Mas nesse indicador é apenas considerada a água de consumo direto, e não a de consumo indireto, ou seja, a água usada para produzir roupas, sapatos, carros, alimentos etc.
A produção de um quilo de carne bovina, por exemplo, utiliza 15,5 mil litros de água. Já para confeccionar a calça jeans que você está vestindo, são necessários 10 mil litros. Esses números revelam que, na verdade, o consumo diário de água por pessoa é bem superior ao divulgado pela ONU.
Por isso, a água virtual surgiu como um conceito que ajuda a demonstrar como esse consumo é muito maior do que imaginamos – e a pensar em soluções sustentáveis para lidar com a crescente escassez de água. Então, onde a água virtual está presente? Em todo lugar e na maioria das coisas que consumimos.
Água virtual e pegada hídrica são conceitos que, por vezes, se confundem. Mas quais são as diferenças entre eles? No setor produtivo, a água é dividida em verde (chuva), azul (na superfície e debaixo da terra) e cinza (poluída).
O cálculo da pegada hídrica de um produto abrange também o tipo da água utilizada no processo produtivo (verde, azul ou cinza), enquanto a água virtual considera somente a quantidade de água embutida naquele produto. Assim, a pegada hídrica é a soma das pegadas azul, verde e cinza. Por sua vez, o cálculo da quantidade de água virtual considera apenas o total de água utilizada no processo, sem analisar o volume de cada tipo.
A organização internacional Water Footprint indica que, no Brasil, o consumo de água apresenta 9% da sua pegada hídrica total fora das fronteiras do país. Isso significa que, além do uso interno, o país também é grande exportador de água por meio de produtos. A pegada hídrica do cidadão brasileiro é de 5,559 mil litros de água por dia, considerando toda a água utilizada, direta e indiretamente, para a produção de bens de consumo e para atividades cotidianas.
Dados da UNESCO apontam que o comércio global movimenta um volume de água virtual da ordem de 1.000 a 1.340 quilômetros cúbicos. Desse volume, 67% estão relacionados ao comércio de produtos agrícolas. Já o comércio de produtos animais representa 23% desse total. Por sua vez, produtos industriais movimentam 10% do volume de água virtual.
Não são todos os nossos hábitos que causam algum impacto ambiental, pois um impacto ambiental é um efeito nocivo significativo. Entretanto, o conceito de água virtual é importante para compreender mais profundamente a extensão de possíveis impactos ambientais do consumo de produtos que consomem água na sua cadeia de produção, uma vez que, nesse conceito, consideramos a água utilizada nas várias etapas dos processos de fabricação.
Caso você já tenha o costume de calcular o uso da água no seu dia a dia, dominar o conceito pode contribuir para estabelecer prioridades e reformular padrões de consumo prejudiciais ao meio ambiente.
Além disso, a medição da água virtual é considerada por especialistas uma ferramenta importante para definir políticas de gestão e uso de recursos hídricos. No Brasil, esse cálculo ganha ainda mais importância, uma vez que, segundo a UNESCO, o país consome 92% da água virtual utilizada no planeta, em virtude de sua grande produção agrícola.
No site da Water Footprint você encontra uma calculadora de pegada hídrica, que pode ajudá-lo a adotar hábitos de consumo mais responsáveis e benéficos para o planeta. A produção e o consumo de carne são exemplos de ações que elevam a pegada hídrica, porque envolvem altas quantidades de água. Com a calculadora, você também poderá calcular quantos litros de água utiliza em atividades como escovar os dentes, lavar a louça, tomar banho e outras.
No mundo, o comércio de água virtual entre as nações pode ser uma alternativa às transferências de água real entre bacias. Na região da África Austral, por exemplo, o comércio de água virtual não só é uma opção realista, como representa uma alternativa sustentável a esquemas de transferência de água real.
O conceito de água virtual também pode ajudar a superar os períodos de escassez de água em algumas regiões, com o armazenamento de água na forma de alimentos, por exemplo. Essa medida seria uma maneira mais eficiente e ecológica de enfrentar a seca do que construir grandes barragens para armazenar água de verdade.
Embora a água virtual não seja “visível”, existem alguns hábitos que podem ser tomados para a sua conservação. Conheça alguns hábitos e dicas que podem te ajudar a economizar o recurso mais precioso da Terra:
Confira essas e outras dicas disponíveis no site Pentair Water Solutions.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais