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Cientistas acreditam que a solução para a crise alimentar pode estar nos alimentos do futuro, como larvas de insetos

Os alimentos do futuro podem ser uma saída viável, ecológica e acessível para a crise alimentar, em que tanto a obesidade como a fome têm aumentado rapidamente. Em 2020, a FAO (Food and Agriculture Organization of The United Nations) apresentou fontes alternativas de alimentos, como algas e insetos, como possíveis soluções para essa crise.

Em maio de 2021, um relatório publicado na Nature Food por pesquisadores da Universidade de Cambridge reforçou as sugestões da FAO, apontando que mudanças radicais no sistema alimentar são necessárias para salvaguardar nosso suprimento de alimentos e combater a desnutrição diante das mudanças climáticas, degradação ambiental e epidemias.

Alimentos do futuro: alternativas sustentáveis e nutritivas

Os pesquisadores afirmam que a desnutrição global pode ser erradicada cultivando alimentos como spirulina, chlorella, larvas de insetos como a mosca doméstica, micoproteína (proteína derivada de fungos) e macroalgas como algas açucareiras. Esses alimentos já atraíram interesse como alternativas nutritivas e mais sustentáveis ​​aos tradicionais alimentos vegetais e animais.

A produção desses “alimentos do futuro” pode mudar a forma como os sistemas alimentares operam. Eles podem ser cultivados em escala em sistemas modulares compactos adequados para ambientes urbanos, bem como comunidades isoladas, como aquelas em ilhas remotas.

Em uma abordagem que os pesquisadores chamam de “redes alimentares policêntricas”, os alimentos poderiam ser produzidos localmente e de forma consistente pelas comunidades, reduzindo a dependência das cadeias de abastecimento globais.

O relatório argumenta que é perigoso depender de alimentos produzidos por meio de agricultura convencional e sistemas de abastecimento, que correm o risco de sofrer sérias perturbações em virtude de uma variedade de fatores que vão além do controle humano.

O fardo da desnutrição é sem dúvida a crise humanitária mais persistente: 2 bilhões de pessoas sofrem de insegurança alimentar, incluindo mais de 690 milhões de pessoas subnutridas e 340 milhões de crianças com deficiências de micronutrientes.

Os pesquisadores dizem que as reservas sobre comer novos alimentos como insetos podem ser superadas usando-os como ingredientes em vez de comê-los inteiros: macarrão, hambúrgueres e barras energéticas, por exemplo, podem conter larvas de inseto moídas e micro e macroalgas processadas.

Confira algumas alternativas consideradas por especialistas como os “alimentos do futuro”.

Carne artificial

Também conhecida como carne de laboratório e carne cultivada, a carne artificial é produzida em laboratório por meio de técnicas de bioengenharia – ou seja, sem envolver abate.

A carne cultivada é produzida a partir de células animais, começando com a retirada indolor de uma amostra de tecido muscular de um animal vivo, que é então transformada em massas de células.

Amostras de vacas, galinhas, coelhos, patos, camarões e até atuns foram levadas a laboratórios na tentativa de recriar partes de seus corpos sem ter de criar, confinar ou abater os próprios animais.

Em 2013, Mark Post, professor da Universidade de Maastricht, apresentou o primeiro “hambúrguer de laboratório”, ou seja, produzido a partir de carne cultivada. A experiência, financiada por Sergey Brin, cofundador do Google, foi resultado de cinco anos de pesquisa e surgiu a partir da reprodução de células-tronco bovinas, cultivadas e alimentadas com nutrientes em laboratório.

Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que a demanda por carne vai aumentar em mais de dois terços nos próximos 40 anos – e o problema é que os métodos de produção atuais não são nada sustentáveis.

pecuária contribui para o agravamento das mudanças climáticas por meio da liberação descontrolada de metano, um gás de efeito estufa 20 vezes mais potente do que o dióxido de carbono. O aumento da demanda aumentará significativamente os níveis de metano, dióxido de carbono e óxido nitroso e causará perda de biodiversidade.

Diante deste cenário, a carne de laboratório surge como uma opção sustentável que mudará para sempre a maneira como comemos e encaramos os alimentos. Uma pesquisa realizada em 2011 por pesquisadores da Universidade de Oxford sugere que a produção de carne bovina cultivada poderia usar até 99% menos espaço do que o necessário para os métodos atuais de criação de gado.

Algas

Algas são famosas por serem parte de um dos mais reconhecidos ícones da culinária japonesa, o sushi. Mas elas têm um valor inestimável para a humanidade. Ao contrário do que diz o senso comum, as florestas não são os pulmões do mundo, mas sim as algas, que produzem cerca de 55% de todo o oxigênio do planeta. Mas os benefícios das algas marinhas não param por aí.

Elas também ajudam na prevenção do câncer e nos tratamentos de doenças de pele e capilar. Além disso, são ricas em nutrientes, como iodo, cálcio, fósforo, magnésio e ferro, e também contêm vitamina K, que é anti-hemorrágica e melhora a saúde do sistema gastrointestinal.

Spirulina

A spirulina é uma cianobactéria composta de, pelo menos, 60% de proteínas, podendo chegar a 95% segundo alguns estudos. Ela contém todos os aminoácidos essenciais, além de vitaminas, fitonutrientes, minerais, vitamina B12, antioxidante betacaroteno (que pode ser convertido em vitamina A), ácido gamalinoleico, ferro e clorofila.

De acordo com um estudo, a spirulina possui grande potencial anticancerígeno, antiviral e redutor de colesterol.

Chlorella

A chlorella possui cerca de 50% a 60% de proteínas, sendo uma fonte completa, pois possui todos os nove aminoácidos essenciais. A alga também é fonte de ferro e vitamina C, que ajuda na absorção do ferro. Além disso, a chlorella possui uma ampla gama de antioxidantes, vitaminas e minerais, como magnésio, zinco, cobre, potássio, cálcio, ácido fólico, vitaminas do complexo B e ácidos graxos ômega-3.

Insetos

Uma pesquisa publicada na revista Food Chemistry aposta que grilos e outros insetos podem ser a chave para a alimentação de cerca de 9,7 bilhões de pessoas na Terra em 2050. Segundo a autora principal da pesquisa, Michelle Colgrave, da Universidade Edith Cowan, na Austrália, mais 2 bilhões de pessoas no mundo incluem insetos na alimentação diariamente. Para ela, esses animais são uma solução sustentável para o problema da fome global, fornecendo proteínas que complementam as fontes tradicionais do nutriente.

Além disso, muitos estudos têm mostrado que comer insetos traz benefícios para a saúde, equilibrando a flora intestinal, reduzindo a pressão arterial e contribuindo com o fornecimento de antioxidantes importantes no combate aos radicais livres.

Os insetos mais consumidos pelas pessoas ao redor do mundo são grilos, gafanhotos, cupins, formigas, abelhas, besouros, larva-da-farinha, moscas e lagartas. Saiba mais nas matérias Insetos para consumo humano: a possível proteína do futuro e Conheça os insetos que você vai comer no futuro.


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