Alimentos funcionais são aqueles que proporcionam benefícios à saúde, além de suas funções nutricionais básicas, reduzindo o risco de doenças crônicas degenerativas, como câncer e diabetes, entre outras.
A utilização de certos alimentos para reduzir o risco de adquirir ou desenvolver doenças é conhecida há muito tempo. Hipócrates já dizia, há cerca de 2500 anos: ”deixe o alimento ser teu remédio”.
O termo “alimentos funcionais” foi utilizado pela primeira vez no Japão, em meados da década de 80 do século XX, e se refere aos alimentos processados que contêm ingredientes que auxiliam em funções especificas do corpo, além de serem nutritivos. Denominados como Foshu, ou “Foods for Specified Health Use” (Alimentos Funcionais ou Nutracêuticos, na tradução para o português), eles apresentam um selo de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-Estar do país oriental. Atualmente, esses produtos estão presentes em vários países, enquadrados em suas legislações específicas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina normas e procedimentos para registrar os alimentos funcionais no Brasil, de modo a proteger o consumidor. Para lançar um item no mercado com um registro de alimento com alegação de propriedades funcionais de saúde, o produto deve seguir a legislação do Ministério da Saúde e apresentar um relatório técnico-científico com muitas informações que comprovem os seus benefícios e a garantia de segurança para seu consumo. Segundo a Anvisa, alimentos funcionais são aqueles que produzem efeitos metabólicos ou fisiológicos por meio da atuação de um nutriente ou não nutriente no crescimento, desenvolvimento, manutenção e em outras funções normais do organismo humano.
Dentro da concepção de alimentos funcionais, que reduzem ou previnem os riscos de doenças crônicas não transmissíveis, é possível classificá-los em três tipos:
Atuam modulando e ativando os componentes celulares e seus mediadores químicos, aumentando a efetividade do sistema imune contra diferentes antígenos, e evitam o aparecimento de patologia no organismo. Neste grupo se inserem os compostos químicos presentes em frutas, hortaliças e chás, como o beta-glucano e os compostos fenólicos (catequinas, flavonoides); além dos probióticos e prebióticos.
Atuam nos sistemas biológicos, eliminando oxidantes (radicais livres) ou impedindo sua transformação em produtos mais tóxicos. Os principais nutrientes antioxidantes são as vitaminas E e A (beta-caroteno); a vitamina C; os oligoelementos como zinco, cobre, selênio e magnésio; além de componentes ativos como os terpenoides (carotenoides e o licopeno).
São substâncias essenciais, umas vez que o organismo não pode sintetizá-los. O ômega 3 (alfa-linolênico) é o percursor dos ácidos eicosapentanóicos (EPA) e decosahexanoicos (DHA), que são integrantes das membranas celulares, e desempenham função no funcionamento da retina e desenvolvimento cerebral. O ômega 6 (linoléico) dá origem ao ácido araquidônico (AA), que é constituinte da membrana fosfolipídica e precursor de outros compostos importantes que intervêm na regulação da pressão sanguínea, frequência cardíaca, coagulação sanguínea, dilatação vascular e resposta imunológica.
O betacaroteno é um pigmento carotenóide antioxidante que diminui o risco de câncer e de doenças cardiovasculares, é uma das formas de se obter indiretamente a vitamina A. Presente em abóbora, cenoura, mamão, manga, damasco, espinafre e couve.
As fibras são carboidratos polissacarídeos e estão dividas em duas categorias: fibras solúveis e insolúveis. As solúveis contribuem para a diminuição do nível de colesterol, prevenindo doenças cardiovasculares, atuam no combate à obesidade, pois a saciedade leva o individuo a uma menor ingestão de alimentos, propiciam o retardo na absorção de glicose e ainda protegem contra o câncer de intestino. Já as fibras insolúveis têm as seguintes funções: acelerar a velocidade do trânsito fecal, aumentar o bolo fecal, estimular o bom funcionamento intestinal, prevenir a constipação intestinal e o câncer colorretal. Presente em frutas, verduras e legumes em geral e cereais integrais – vale lembrar que o consumo de fibras deve ser seguido de grande consumo de água para que assim desempenhem as funções desejadas.
Os alimentos funcionais apresentam em sua composição compostos bioativos capazes de atuarem como moduladores dos processos metabólicos, diminuindo o risco de surgimento de doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, doenças cardiovasculares, mal de Alzheimer, mal de Parkinson, entre outras). A seguir, serão apresentados alguns compostos bioativos (exceto os probióticos, que são um suplemento alimentar microbiano vivo) conhecidos atualmente, seus benefícios à saúde e em quais alimentos costumam estar presentes.
Os flavonóides são compostos polifenólicos oxidantes (pigmentos) que diminuem os riscos de câncer e de doenças cardiovasculares; atualmente já foram identificados mais de oito mil flavonoides. Presentes em suco natural de uva, vinho tinto, cereja, maçã e hortaliças.
O licopeno é uma substância carotenóide antioxidante relacionada à diminuição do risco de câncer de próstata. Presente em tomate, melancia, beterraba e pimentão.
As isoflavonas são substâncias denominadas de fitoestrógenos por apresentarem semelhança estrutural com o estrogênio, e estão relacionadas com a diminuição dos níveis de colesterol no sangue e do risco de doenças cardiovasculares. Presentes em grãos de soja, brotos de alfafa e sementes de linhaça.
Ácidos Graxos: ômega 3 (ω3)/ ácido linolênico e ômega 6 (ω6)/ Ácido linoléico
Os ácidos graxos estão relacionados com a redução de danos vasculares, evitando a formação de coágulos (trombose) e de depósitos de gordura (aterosclerose); reduzindo o colesterol total e o LDL sanguíneo na substituição dos ácidos graxos saturados por poli-insaturados. Presentes em sementes oleaginosas, abacate, azeite e óleo de coco.
Probióticos são um tipo de suplemento alimentar microbiano vivo, que afeta de forma benéfica seu receptor. Eles favorecem as funções gastrointestinais, reduzindo o risco de constipação e câncer de cólon; ajudam no equilíbrio da flora intestinal e inibem o crescimento de microrganismos patogênicos, por isso os alimentos que possuem probióticos podem ser categorizados como alimentos funcionais. Os probióticos estão presentes em fermentados como chucrute (repolho fermentado) e kombucha, a bebida.
Prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis que beneficiam o hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento e/ou a atividade de espécies bacterianas no cólon. São carboidratos (fibras alimentares) não digeríveis pelo nosso corpo, apresentando os mesmos benefícios à saúde que as fibras alimentares; além disso, possuem efeito bifidogênico (estimulo do crescimento das bifidobactérias – essas bactérias suprimem a atividade de outras bactérias que são putrefativas, que podem formar substâncias tóxicas). Presentes em vegetais como cebola, alho, tomate, banana, cevada, raiz de chicória, batata yacon, repolho, entre outros.
Tem muita gente por aí que está mudando hábitos alimentares e deixando a vida sedentária. Praticar exercícios e consumir alimentos que proporcionem não apenas os nutrientes necessários para as funções biológicas básicas do nosso corpo, mas que também apresentem uma função especifica na funções fisiológicas do organismo humano, promovendo a saúde e o bem-estar, são ótimas atitudes.
Diante desse cenário, a indústria de alimentos vem investindo em novas tecnologias de processamento e em novos produtos, visando o desenvolvimento de alimentos mais saudáveis para atender aos consumidores mais exigentes e informados. Entretanto, é necessário que a indústria de alimentos, ao produzir um alimento funcional, esteja comprometida em garantir ao consumidor final a segurança desses produtos e a veracidade dos efeitos à saúde que apresentam.
É comum, hoje em dia, observamos nas embalagens de alimentos informações sobre adição de vitaminas e/ou funcionalidades que o produto apresenta, porém nem sempre isso pode caracterizar um benefício a mais para a saúde humana. O consumidor deve sempre estar alerta; às vezes a adição de uma substância considerada benéfica pode se dar em quantidade muito pequena para realmente proporcionar benefícios, sendo necessária a ingestão de uma quantidade muito elevada do produto para se obter o benefício desejado.
Outro viés é a adição de antioxidantes “naturais” que auxiliam na conservação e aumento da vida de prateleira do produto. Isso é fruto de inovações tecnológicas para substituição de antioxidantes “químicos”, mas nem sempre esse antioxidantes “naturais” também apresentarão funções antioxidantes no organismo humano.
O mais indicado para que seja possível a ingestão dos compostos bioativos é manter não só uma dieta funcional, mas uma alimentação variada e rica em frutas e hortaliças, cereais, sementes, azeite de oliva ou outras fontes de óleo poli-insaturados. Sempre dê preferência aos alimentos frescos ou que tenham sofrido pouco processamento.
Lembre que antes de iniciar qualquer dieta ou mudar radicalmente os seus hábitos alimentares é recomendável consultar uma ou um nutricionista.
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