Alimentos ultraprocessados são aqueles que foram submetidos a processos de fracionamento, aquecimento e adição de substâncias, como xarope de milho, corantes, conservantes, emulsificantes, proteína hidrolisada, gordura hidrogenada, adoçantes, espessantes e gelificantes.
Eles surgiram como uma forma de aumentar o tempo de prateleira dos produtos dos supermercados e apresentam risco significativo para a saúde da população.
Além disso, os alimentos ultraprocessados geralmente são pobres em nutrientes essenciais, ricos em açúcar, óleo e sódio e sujeitos a serem consumidos em excesso.
Alguns exemplos incluem lanches, doces embalados, cereais matinais açucarados, batatas fritas, hambúrgueres de fast-food e embutidos, como salsicha, mortadela e salame.
Quando consumidos em excesso, esses alimentos aumentam o risco de diabetes, obesidade e outras condições médicas graves, como certos tipos de câncer. Entenda o que são carnes processadas no vídeo abaixo:
De acordo com estudo do Departamento de Epidemiologia e Prevenção do IRCCS Neuromed, na Itália, o consumo de alimentos ultraprocessados apresenta risco significativo para a saúde da população mundial.
Publicado no American Journal of Clinical Nutrition, o estudo analisou os hábitos alimentares e as condições de saúde de mais de 22.000 pessoas por mais de oito anos. Os resultados mostraram que ingerir uma grande quantidade desses alimentos está ligado a um risco de 26% maior de morte por qualquer causa e de 58% maior de morte por doenças cardiovasculares.
Para uma das pesquisadoras do estudo, Marialaura Bonaccio, em entrevista à revista Medical Xpress, os alimentos que mais passam por modificações em sua estrutura, chamados de alimentos ultraprocesssados, são aqueles que apresentam maior risco de desenvolvimento de doenças, como doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.
Um estudo de 2022 também associou o consumo de ultraprocessados com uma maior incidência de câncer colorretal em homens. A análise feita em mais de 2 mil americanos descobriu que homens que consomem altos níveis desses alimentos apresentam 23% mais chances de desenvolver câncer colorretal do que homens que comem menos ultraprocessados. Por outro lado, os pesquisadores não conseguiram encontrar essa associação em mulheres.
Acredita-se que o consumo desse tipo de alimento também pode afetar a saúde mental. Pesquisadores da Universidade Atlântica da Flórida descobriram que o consumo desses alimentos pode criar efeitos adversos na saúde mental, incluindo depressão e ansiedade.
Na pesquisa, a equipe mostrou que pessoas que consomem mais alimentos ultraprocessados tiveram grandes aumentos nos sintomas de depressão, “dias mentalmente insalubres” e “dias ansiosos”. Além disso, entre esse grupo, foi possível concluir que os participantes tiveram taxas mais baixas de zero “dias mentalmente insalubres” e zero “dias ansiosos”.
Com diversos estudos já publicados sobre o tema, é comum que o açúcar, normalmente adicionado em quantidades substanciais em alimentos ultraprocessados, seja visto como o principal responsável pelos efeitos nocivos desse tipo de alimento. Mas a resposta parece mais complexa.
Augusto Di Castelnuovo, pesquisador do Departamento de Epidemiologia e Prevenção afirma que o açúcar é o responsável por 40% do aumento do risco de morte. Ele acredita que a outra parte responsável é justamente o próprio processamento industrial, que é capaz de induzir profundas modificações na estrutura e composição dos nutrientes.
Um estudo conduzido por pesquisadores americanos em 2021 concluiu que as calorias obtidas por meio de alimentos ultraprocessados por crianças e adolescentes saltaram de 61 para 67% entre 1999 e 2018. Com isso, eles chegam a representar dois terços da ingestão calórica total do público na faixa etária entre 2 e 19 anos.
Segundo Fang Fang Zhang, epidemiologista nutricional da instituição e um dos autores do estudo, alguns pães integrais e alimentos lácteos ultraprocessados são mais saudáveis do que outros tipos de ultraprocessados. O processamento pode manter os alimentos mais frescos por mais tempo, além de permitir a fortificação e o enriquecimento dos alimentos e aumentar a conveniência do consumidor.
No entanto, muitos alimentos ultraprocessados contêm açúcar e sal em grandes quantidades e menos fibras do que alimentos não processados ou minimamente processados. Por isso, o aumento do consumo por crianças e adolescentes é preocupante.
Para a professora titular de Higiene e Saúde Pública da Universidade de Insubria em Varese, à revista Medical Xpress, uma dieta saudável não pode ser baseada na contagem de calorias.
A pesquisadora afirma que os jovens em particular estão cada vez mais expostos a alimentos pré-embalados, fáceis de preparar e consumir, extremamente atrativos e geralmente baratos. Mas alimentações baseadas em alimentos in natura, naturais ou minimamente processados devem ser fundamentais para uma nutrição saudável.
Gastar mais alguns minutos cozinhando um almoço em vez de aquecer um recipiente no micro-ondas, ou talvez preparar um sanduíche para as crianças em vez de colocar um lanche pré-embalado em suas mochilas e adicionar alimentos in natura na sua dieta são ações que podem gerar bons resultados ao longo de anos.
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