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Muitos produtos para alisamento capilar ainda são modificados ilegalmente, podendo comprometer a sua saúde e a dos seus cabelos

Você já quis alterar a forma natural dos seus cabelos? Mas já pensou no que ocorre com um cabelo crespo ou cacheado quando ele se torna liso? O processo envolve substâncias que podem dar o efeito desejado, mas, por outro lado, podem provocar efeitos negativos na sua saúde e na saúde do profissional que aplica o produto.

Para que um cabelo crespo ou cacheado possa ficar liso, o produto alisante altera as suas ligações químicas (hidrogênio e queratina) e, juntamente com ação de outros ingredientes, como formaldeído, soda cáustica e compostos a base de amônia, o efeito do alisamento não é interrompido com uma simples lavagem (alisamento permanente) e pode permanecer por vários meses. Já o alisamento temporário (chapinha, prancha), quebra ligações químicas do cabelo que podem retornar ao estado natural com um simples contato com a água.

No Brasil, os processos de alisamento capilar permanentes são muito comuns. Os mais populares são escova progressiva, alisamento japonês, escova definitiva, relaxamento, alisamento fotônico, entre outros. Mas poucas pessoas têm consciência dos perigos do alisamento que determinados ingredientes podem oferecer. Vamos a eles:

Formaldeído

Este composto orgânico volátil (VOC) também conhecido como formol, é proibido no Brasil se exceder concentração máxima de 0,2% em produtos cosméticos. Nessa concentração, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o formaldeído serve como conservante (impede crescimento de micro-organismos). Pelas leis brasileiras, o formaldeído não pode ser utilizado como alisante capilar em produtos autorizados pela ANVISA. De maneira que isso não impede a produção, venda e utilização de produtos para alisamento capilar que contenham altas concentrações de formol e que não estão autorizados pela ANVISA (ilegais e clandestinos). Assim como também não impede a compra por meio da internet desses produtos.

A escova progressiva brasileira a base de queratina ficou conhecida mundialmente, principalmente nos Estados Unidos. Porém, os produtos alisantes não eram produzidos no Brasil e continham grandes concentrações (muito maiores que 0,2%) de formaldeído (mesmo os que indicavam ser formaldeído-free). Esse fato levou a proibição do produto no Canadá e nos países da União Europeia.

Concentrações descontroladas de formaldeído em produtos para alisamento podem levar a queda total do cabelo, feridas (queimaduras) no couro cabeludo e o uso a longo prazo pode levar ao surgimento de câncer, neste caso tanto para o profissional que aplica o produto quanto para o usuário.

formaldeído: máscara de gás.
O que é formaldeído e como evitar seus perigos

Soda cáustica

Essa base, também conhecida como hidróxido de sódio, é muito utilizada em processos industriais, como na fabricação de papel, sabão, detergente e tecido. Além disso, pode ser encontrada nos alisantes capilares que, por meio desse uso, pode oferecer muitos riscos à saúde. A soda cáustica é corrosiva, assim como o hidróxido de potássio, que também é encontrado nos produtos alisantes. Quando em contato com a pele, principalmente com o couro cabeludo, esses produtos provocam coceira, vermelhidão e queimaduras que deixam cicatrizes, descamação, inchaço, dor de cabeça, ardência. Para quem possui contato frequente com esses produtos, como os profissionais cabeleireiros, os sintomas que podem surgir são irritação na garganta e coceira no nariz, problemas nos pulmões, tosse, lacrimejamento dos olhos e falta de ar.

A concentração máxima permitida de soda cáustica em alisantes capilares, segundo a ANVISA, é de 2% em produtos não profissionais e 4,5% em produtos de uso profissional. De acordo com cartilha de conscientização da ANVISA, se você for aplicar o produto em seu cabelo por conta própria, utilize produtos de uso geral e não utilize produtos com destinação profissional. Estes sempre contêm modos de aplicação que requerem aparatos e técnicas que uma pessoa comum não possui, além de conterem concentrações maiores de compostos.

Apesar da maioria dos produtos alisantes disponíveis para compra serem registrados pela ANVISA, alguns ainda conseguem infringir a lei, e adicionam altas quantidades de ingredientes perigosos, como a soda cáustica, tornando o produto um potencial causador de danos a saúde. Segundo estudo, foram testados produtos alisantes de venda livre ao consumidor e o resultado mostrou concentrações de soda cáustica maiores do que as permitidas por lei, ou seja, se a ANVISA define limite de 4,5% para produtos de uso profissional, nos testes, foram identificados produtos com até 12% de soda cáustica.

Outros ingredientes

Nos produtos alisantes é possível encontrar outras substâncias ativas, como tioglicolato de amônio, cal hidratada (hidróxido de potássio), hidróxido de lítio, carbonato/hidróxido de guanidina. Eles produzem efeitos parecidos aos da soda cáustica e do formaldeído, como a vermelhidão na pele, coceiras e, se utilizados de forma inadequada, podem provocar queimaduras.

Dicas

Existem muitas receitas de alisamento com produtos naturais. Porém, até o momento, essas não possuem comprovação científica e ainda podem ser entendidas como crenças. Para minimizar a sua exposição aos ingredientes tóxicos de alisantes capilares, existem muitas dicas e algumas opções de ingredientes ativos menos danosos e que oferecem o efeito de alisamento dos cabelos.

Se você já passou pelo processo de alisamento, atenção para a compatibilidade entre os ingredientes ativos. A incompatibilidade pode danificar os cabelos e não produzir os efeitos desejados.  Cabelos submetidos a processos com tioglicolato de amônio são incompatíveis com produtos a base de carbonato de guanidina, hidróxido de sódio, de potássio, de cálcio e de lítio. Veja mais em um vídeo explicativo sobre o assunto (em inglês):

Muitas pessoas realizam os processos de alisamento em salões de beleza. Para verificar se o produto utilizado pelo salão é ou não ilegal (clandestino) observe se ele produto possui o número de registro da ANVISA/Ministério da Saúde no rótulo, assim como também o prazo de validade. Após isso, se durante a aplicação do produto você sentir ardência ou coceira no couro cabeludo, solicite ao profissional que enxague seus cabelos imediatamente. O uso de alisantes regulados pela ANVISA, se aplicado de maneira correta, não deve causar ardência, coceira ou queda de cabelo durante e após a aplicação. Se você sentir um odor muito forte do produto, suspeite de que esse produto possa ter sido alterado (adicionado formol e/ou soda cáustica). O importante também é sempre testar o produto em uma pequena mecha antes de aplicá-lo em todo cabelo.

Um novo ingrediente que surgiu para substituir o uso ilegal do formol ou soda cáustica em alisante capilares é a carbocisteína. Considerada um aminoácido, a substância não é utilizada inicialmente para alisar os cabelos, e sim para reduzir o volume (em até 90%), reconstruir e selar as fibras capilares, hidratar e dar brilho. Como consequência desse tratamento, o alisamento ocorre gradualmente.


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