Pesquisas apontam químicos do alisamento de cabelo como possíveis cancerígenos
O alisamento de cabelo é uma técnica de modelagem que envolve a mudança estrutural do cabelo, removendo a sua textura original para o alinhamento dos fios. Existem diversos tipos de alisamentos, contudo, no Brasil a técnica é mais conhecida como escova progressiva — que pode durar de três a cinco meses, mas com efeitos permanentes.
As técnicas de alisamento permanente são feitas com soluções químicas capazes de alterar as configurações das proteínas que formam o cabelo e agentes neutralizadores que formam ligações nessas proteínas, resultando na mudança de sua aparência e composição.
Possíveis benefícios
Não existem muitos benefícios atribuídos ao alisamento de cabelo, principalmente ao observar os seus efeitos em longo prazo. Entretanto, muitos desses métodos são procurados por pessoas que preferem deixar os fios lisos de modo mais definitivo e sem o auxílio de ferramentas de calor, como a escova ou a chapinha, para conseguirem os resultados desejados.
Riscos e prejuízos
Em geral, a maioria dos métodos que envolvem a mudança dos fios, como chapinhas e secadores de cabelo, podem prejudicar os fios, tornando-os mais secos, frisados e quebradiços. No entanto, o alisamento de cabelo permanente é mais agressivo, potencializando maiores danos no couro cabeludo.
Fórmulas sem o formol, um dos principais agentes da progressiva, são vistas regularmente como “naturais” ou “menos agressivas”. Entretanto, são compostas por outros químicos que se transformam em formol na fase da ativação por calor.
Desse modo, todo processo que utiliza substâncias químicas na alteração estrutural dos fios de cabelo não é recomendado. Confira alguns riscos do alisamento de cabelo:
Queda e perda de cabelo
Todos os métodos que contam com o uso do calor ou de substâncias químicas no couro cabeludo podem oferecer danos à saúde dos fios. Assim, enfraquecem a raiz do cabelo e causam a sua queda.
Além disso, uma pesquisa de 2015 comprovou que o uso frequente de ferramentas de calor ou de relaxantes químicos usados no alisamento de cabelo podem resultar na morte de folículos capilares e, consequentemente, na perda permanente de cabelo.
Alteração da textura dos fios
Muitas vezes, a alteração da textura dos fios é um dos motivos pelos quais as pessoas procuram o alisamento de cabelo. No entanto, essa mudança é permanente e não pode ser revertida através da utilização de outros produtos.
Pessoas que não querem mais o efeito dos alisamentos e da progressiva passam por longos períodos de transição capilar, onde mantém a raiz do cabelo natural para poderem concluir o big chop — onde cortam os fios alisados definitivamente.
O processo de transição capilar após o alisamento de cabelo pode variar de duração dependendo do padrão de crescimento de cada pessoa, tamanho da área afetada ou preferência da pessoa. Em geral, podendo levar até dois anos ou mais para a sua conclusão.
Crescimento mais lento do cabelo
O impacto dos químicos desse processo também contribuem para uma mudança no padrão de crescimento do cabelo, desacelerando-o frente aos danos causados nas cutículas capilares. Portanto, pessoas que querem passar pela transição após o alisamento de cabelo podem demorar anos para concluí-la.
Câncer do colo de útero
Uma pesquisa de 2022 comprovou que pessoas que usam alisantes de cabelo possuem um risco maior de desenvolver câncer de colo de útero. De acordo com os dados divulgados, outros químicos como os presentes em tinturas de cabelo, descolorantes, luzes ou permanentes não foram associados ao desenvolvimento da condição.
O estudo reuniu dados de mais de 30 mil mulheres americanas, que foram acompanhadas por 11 anos com o objetivo de identificar fatores de risco para câncer de mama e outras condições de saúde.
Após os resultados, especialistas puderam observar que apenas 1,64% das pessoas que nunca usaram alisantes possuem chances de desenvolver câncer de colo de útero aos 70 anos. Entretanto, em usuários frequentes, essas chances aumentam para 4,05%.
Especialistas confirmam que a duplicação da taxa da doença é preocupante, porém, é necessário adicioná-la ao contexto — o câncer de colo de útero é um tipo relativamente raro da condição, contabilizando 3% de todos os novos casos de câncer, embora seja o mais comum associado ao sistema reprodutivo feminino.
Como prevenir os danos do alisamento
Em casos das substâncias químicas do alisamento de cabelo, é impossível prevenir os seus possíveis danos — esses produtos são agressivos e não respondem à influência de outros compostos. Desse modo, a única forma de “prevenção” é evitar o seu uso.
Já em técnicas de alisamento caseiras que consistem apenas no uso de ferramentas de calor, algumas dicas podem ser seguidas para evitar os danos capilares. Confira:
- Use protetores térmicos antes de qualquer ferramenta de calor;
- Não lave o cabelo com água muito quente;
- Evite lavar o cabelo todos os dias — a lavagem pode remover óleos naturais essenciais para a proteção dos fios e do couro cabeludo;
- Hidrate o seu cabelo com frequência — opte pelo uso de óleos vegetais, principalmente na raiz.