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Para evitar a crueldade e gerar maior eficácia em estudos, cientistas defendem alternativas para teste em animais

As alternativas para teste em animais existem, e têm ganhado espaço em uma indústria que se beneficia da crueldade animal. Por muito tempo se acreditou que a testagem de medicamentos, produtos de limpeza e cosméticos só podia ser realizada em animais, para garantir a ética humana. No entanto, isso se provou errado.

Com o avanço das pautas ambientais e dos direitos dos animais, as pessoas começaram a se questionar sobre as crueldades praticadas em laboratórios em nome da ciência. Será que realmente não existem outras alternativas para os testes em animais? Existem sim, e essas alternativas são muitas vezes mais baratas, mais rápidas e mais eficazes. 

“Açougues” veganos produzem “carne” sem crueldade animal

Por que não fazer testes em animais? 

Existem diversos motivos pelos quais os testes em animais não são adequados. O primeiro deles é o fato de que a semelhança fisiológica entre um animal e o ser humano não é tão grande, mesmo que sejam usados primatas nas pesquisas. Desta forma, os estudos nem sempre têm resultados eficazes, pois a forma que o organismo do rato reage ao produto testado vai ser diferente da forma que o humano reage.

Outro motivo pelo qual se busca substituir os testes em animais é devido à crueldade que eles perpetuam. Dentro de um laboratório, o animal é obrigado a ingerir substâncias perigosas, passar por traumas e até ter seu corpo machucado em nome da ciência. No final dos estudos, a maioria dessas criaturas morre. 

Acredita-se que por ano, mais de 115 milhões de animais de testagem morrem em laboratórios. Para saber mais a respeito, confira a matéria “Cosméticos que testam em animais não são mais seguros” e “Qual a problemática do teste em animais?”. 

Quais são os métodos alternativos?

Tecidos humanos

Essa alternativa é fornecida por doações de voluntários humanos, que podem doar seus tecidos retirados através de cirurgias como biópsias, cirurgias cosméticas e transplantes. Um exemplo comum e recorrente é a substituição de testes de irritação em coelhos para testes de irritação em pele humana reconstituída. 

O tecido humano usado como alternativa para teste em animais também pode ser de pessoas que já morreram. Muitos estudos a respeito de condições como esclerose múltipla e doença de Parkinson avançaram com a ajuda de tecidos pós-morte. 

Modelos computacionais 

Um dos métodos alternativos para a testagem em animais é o modelo computacional, que surgiu com a sofisticação da tecnologia dos computadores. Com a ajuda dessa tecnologia, é possível construir modelos de corações, pulmões, rins, pele e de sistema digestivo. 

Esses modelos podem ser utilizados para a condução de experimentos virtuais que se baseiam em informações já existentes sobre o produto que está sendo testado. Existem também algumas ferramentas de mineração de dados que ajudam a prever os efeitos colaterais de uma substância de acordo com informações já existentes de elementos semelhantes. 

Cultura de células 

Praticamente todo o tipo de célula humana pode ser cultivada em laboratório, in vitro. Estudiosos já conseguiram criar células que crescem em estruturas 3D, e se apresentam como miniaturas de órgãos humanos e geram uma testagem mais realista. 

Essas células humanas são usadas para criar um dispositivo chamado “órgãos em chips”  que podem ser utilizados para acabar com o uso de animais nos testes. Esses aparelhos são feitos para estudar os processos biológicos de substâncias, incluindo os efeitos de drogas no metabolismo

Atualmente, a cultura de células e tecidos humanos tem sido chave para estudos de câncer, problemas nos rins, AIDS e a produção de vacinas. 

Simuladores de pacientes humanos 

Nesse caso, a alternativa para testes em animais é um dispositivo que imita um paciente humano, geralmente bonecos ou robôs que tem semelhança parecida a uma pessoa.  Esses dispositivos permitem que os cientistas façam cortes, simulações de cirurgias, aplicam injeções e cuidem dos sintomas da doença.

As possibilidades são tantas que os simuladores de pacientes podem simular sangramento, respiração, convulsões, conversas e até  morte. Escolas médicas no Canadá e na Índia já começaram o uso dessa alternativa para testes em animais para poder reduzir seu impacto na vida dessas criaturas. 

Estudos com voluntários

Pode parecer um pouco antiético, mas na verdade, o avanço da tecnologia permitiu que os testes em humanos se tornassem bem mais seguros podendo até ser uma alternativa para teste em animais. Já existem máquinas capazes de escanear o cérebro humano,e por assim, ajudar pesquisadores a entender o comportamento de certos indivíduos.

Além disso, existe a técnica de microdose, que consiste em aplicar pequenas doses de uma substância em voluntários para descobrir o potencial de novos medicamentos no corpo humano. Essas aplicações são supervisionadas com muito cuidado, por um aparelho chamado de espectrômetro de massa do acelerador.

rato
Animais felizes fazem boa ciência

3R (Replacement, Reduction e Refinement)

Apesar da meta do movimento em defesa dos animais ser o fim total dos testes em animais, alguns ativistas defendem o processo de redução antes do corte brusco. Até porque, nem todos os países têm legislações que flexibilizam a testagem em animais. Logo, é essencial discutir a melhor forma de reduzir o número de animais e encontrar alternativas para testes, sempre que possível.

Os 3Rs é um conceito defendido internacionalmente que conversa com a luta contra os testes em animais. Os princípios dos 3Rs são:

Reduction (redução): reduzir o número de animais usados em testagem;

Refinement (refinamento): buscar minimizar a dor e o estresse causados aos animais nas pesquisas;Replacement (substituição): tentar encontrar alternativas que podem substituir o teste em animais, como os testes in vitro.


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