Estudo aponta caminhos para aluguel de roupas sair do ideal e virar realidade rentável
A indústria da moda é uma das mais poluentes do mundo, responsável por até 10% das emissões globais de gases de efeito estufa. Na Suécia, mais de 90% do impacto climático das roupas está ligado à produção de peças novas. Diante desse cenário, o aluguel de roupas surge como uma alternativa promissora para reduzir o consumo desenfreado e prolongar a vida útil das peças. No entanto, um estudo liderado por pesquisadores da Chalmers University of Technology revela que, para esse modelo dar certo, é preciso mais do que boa vontade: é essencial focar em mercados específicos e estabelecer parcerias sólidas com fornecedores.
A pesquisa analisou nove empresas suecas que tentaram implementar o aluguel de roupas, algumas sem sucesso. Os modelos testados variavam entre associações (semelhantes a bibliotecas de roupas), assinaturas mensais e aluguéis pontuais de peças especializadas, como vestuário para esportes ou atividades ao ar livre. Os resultados mostraram que, embora exista demanda, a rentabilidade ainda é um desafio. Custos elevados com logística, lavanderia e armazenagem, além da dificuldade em atrair investidores, são obstáculos frequentes.
Entre os modelos analisados, os que se saíram melhor foram os que atuaram em nichos bem definidos. Empresas que ofereciam roupas para escalada ou esqui, por exemplo, encontraram um público disposto a pagar pelo serviço, especialmente quando havia uma conexão local com áreas de recreação. Outro fator determinante foi a colaboração estreita com fabricantes, permitindo ajustes rápidos no catálogo com base no feedback dos clientes e na durabilidade das peças.
Apesar dos desafios, iniciativas como essas são fundamentais para mudar a mentalidade de consumo. Na União Europeia, cerca de 12 kg de roupas por pessoa são descartados anualmente, enquanto nos EUA a média sobe para 37 kg. Reduzir a produção de novas peças e incentivar o uso compartilhado pode diminuir significativamente esse impacto.
Para quem deseja investir no setor, os pesquisadores sugerem começar por mercados específicos, desenvolver parcerias com fornecedores e planejar a logística desde o início. O estudo, publicado no Journal of Business & Industrial Marketing, destaca que modelos sustentáveis exigem tempo e visão de longo prazo para se consolidarem. Enquanto algumas empresas não sobreviveram, suas experiências ajudaram a pavimentar o caminho para uma moda mais consciente.