Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Aumentar a percepção de educação ambiental e dos recursos que a natureza disponibiliza, é um dos objetivos da implantação da horta na escola

Se preferir, vá direto ao ponto Esconder

Por Eliana Lima em Embrapa | A Escola Estadual Anna Maria, de Americana, SP, desenvolveu um projeto de horta orgânica que visou promover mudanças de valores, hábitos e atitudes nos alunos e, por meio da participação deles no plantio das hortaliças, buscou também aumentar a percepção de educação ambiental e dos recursos que a natureza disponibiliza, com o intuito de torná-los mais saudáveis. Como resultado prático, os alunos produziram um folder explicativo com o objetivo de impactar na conscientização da comunidade do entorno da escola.

De acordo com Paulo Sérgio Cavalheiro, professor de Filosofia, Sociologia e História, idealizador da iniciativa, os alunos se engajaram na preparação do terreno, com o transporte de solo menos ácido, oriundo de outro local, bem como promoveram as análises do solo. “Eles também construíram uma composteira, recolheram o chorume, fizeram a mistura com água e adubaram as plantas. Espero que estas experiências possam contribuir para toda a vida deles daqui por diante”, enfatiza o professor.

Para Waldemore Moriconi, analista da Embrapa Meio Ambiente que auxiliou com dicas para a implantação do projeto, uma horta é um espaço de aprendizado muito interessante, pois engloba todas as áreas do conhecimento. “Gostei bastante da proposta do projeto e dos temas tratados. A área para instalação da horta é bem apropriada, com incidência de sol em boa parte do dia, uma vez que a luz é essencial ao bom desenvolvimento das plantas”, diz ele.

O analista da Embrapa acredita que o cultivo em canteiros é bem mais rico, do ponto de vista pedagógico, do que a hidroponia, uma vez que esta última não costuma possibilitar muita condição para um sistema mais ecológico como o projeto propõe. “A hidroponia trabalha mais com insumos sintéticos. O ideal é a horta em canteiros no solo mesmo, em um sistema mais diversificado que busque maior sustentabilidade, para que os alunos entendam os processos ecológicos do sistema”, explica.

Moriconi também sugeriu algumas ações que puderam ser aplicadas de imediato, como coleta de solo para análise com interpretação dos resultados, aplicação de calcário e fósforo (permitidos na agricultura orgânica), compostagem, plantio de adubos verdes de inverno em metade da área, preparo de canteiro e fontes de biomassa, que pode ser resíduo de poda de árvores ou capim para cobertura e proteção do solo, composto orgânico para um plantio diversificado de hortaliças, com instalação de irrigação, aproveitando a coleta de água de chuva.

“Fizemos a coleta e análise do solo caseiro, com bicarbonato e vinagre. A terra borbulhou com o bicarbonato e permaneceu normal com o vinagre. Foi uma experiência fantástica”, disse o professor Paulo Cavalheiro.

A aluna Natália de Castro Pereira, da primeira série, disse ter gostado muito da experiência. ”Foi algo que não esperava, como fazer uma composteira, conhecer o seu funcionamento, sua aplicação e como se coleta o adubo líquido. Também aprendi a preparar a terra para a plantação, conhecer como funciona uma horta hidropônica – onde se planta sem utilizar terra, somente com água. Aprendemos bastante graças ao professor Paulo, que nos ensinou toda a importância que existe em uma horta”.

Tatiane Maciel de Almeida, também da primeira série, gostou bastante da experiência. “Foi divertido, aprendi como se monta uma horta, como se prepara a terra e sobre hidroponia. O professor Paulo explica muito bem, então facilita o aprendizado”.

Yohana Lauriny Mogental, Lucas de Almeida Pedro e Mayara Vitória Martins de Souza contam que, na aula de sustentabilidade e educação, puderam aprender a importância da alimentação saudável, sobre agrotóxicos e sua utilização, a analisar e preparar o solo para o plantio. O processo foi iniciado com a organização das hortaliças e confecção da composteira, culminando com a produção de um folder para que outras pessoas possam também conhecer o projeto. Os alunos também falaram sobre outra experiência que o projeto apresentou – produzir um sistema de irrigação por gotejamento, auxiliados pela  visita do especialista Gabriel Átila Bardou, professor de Ciências  e educador ambiental, para auxiliar as crianças nesse processo.

Dicas

O analista da Embrapa sugeriu o consórcio de cebolinha e salsinha em linhas com o plantio de outras culturas no meio. Enquanto a cebolinha e salsinha crescem, outras culturas de ciclo mais rápido podem ser intercaladas, com por exemplo alface, rúcula, almeirão, rabanete. A irrigação pode ser feita com tubos de gotejo nas linhas de cultivo e a cobertura de solo para controle de espécies espontâneas com resíduos de pó de árvore, que conserva a umidade e se decompõe, adubando o solo.

“O cultivo em linhas intercalando as culturas de diferentes ciclos permite preparar e revolver o solo de forma manual para implantar uma outra cultura, sem prejudicar a já existente. O revolvimento do solo é feito para sua descompactação e aeração, pois as hortaliças são exigentes nestes aspectos”, enfatiza Moriconi.

Dá para fazer muitas combinações – alface com rúcula, alface e rabanete, alface e cenoura, cenoura e rúcula, e assim as culturas que têm ciclo mais rápido vão saindo, dando espaço para as de ciclo mais longo irem crescendo. Esta é a lógica dos consórcios, explica o analista.

Projeto

“O projeto irá continuar no segundo semestre”, enfatiza o professor Paulo. “Todo o processo está documentado no Instagram da Eletiva – sustentabilidade e educação”.

A Eletiva tem por objetivo proporcionar condições para que o aluno consiga desenvolver competências e habilidades, significativamente, de forma lúdica, além de desenvolver-se como um ser autônomo, solidário, competente e corresponsável na construção e preservação do meio ambiente, na realidade em que vivem e convivem.

O professor Paulo Cavalheiro explica que o projeto foi desenvolvido com o plantio de variados tipos de hortaliças, e outras plantas medicinais, desenvolvendo a pesquisa, a escrita textual, levantamento de hipóteses e elaboração de um informativo a ser distribuído na comunidade escolar, com informações do conteúdo estudado e dos nutrientes de cada planta cultivada.

“Indicaremos meios de elaborar um espaço para o cultivo além dos muros da escola, diz Cavalheiro. Deve servir para que os alunos possam replicar o aprendizado em toda comunidade em que estão inseridos, via panfletos, visitas dos pais à escola, podcasts. Para tanto, serão também construídas maquetes, pesquisas relacionadas ao meio ambiente e a vida, na sua totalidade; conscientização de preservação e manutenção de uma sociedade sustentável e plausível de convivência harmônica e solidária; com colaboração de parceiros, agrônomos, psicólogos, biólogos, para nos auxiliar por meio de palestras, dinâmicas, tanto individuais como em grupo, na teoria e na prática.

“As disciplinas envolvidas são Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Linguagens, com a intenção de trabalhar assuntos voltados ao projeto de vida dos alunos, despertando a curiosidade de conhecer um pouco mais sobre o funcionamento da sociedade e as ações praticadas atualmente e que dizem respeito diretamente à Gaia, esse organismo vivo que habitamos, propondo o desenvolvimento de ações e atitudes comportamentais que estão implícitas nas premissas do programa”, esclarece o professor.

Para a analista Cristina Tordin, coordenadora do Programa Embrapa & Escola, da Embrapa Meio Ambiente, são atividades assim que valem a pena, que mostram aos estudantes o valor e a importância da Ciência para a sociedade em geral, e como pequenas atitudes podem fazer um planeta melhor para todos.


Este texto foi originalmente publicado pela Embrapa de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais