Amazônia-1 poderá servir de base para desenvolvimento de novos satélites

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Por Rodrigo Tammaro em Jornal da USP No dia 28 de fevereiro, o satélite brasileiro Amazônia-1 foi lançado à órbita. As primeiras imagens do satélite foram recebidas no dia 3 de março. O equipamento é coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e faz parte da Missão Amazônia, que busca monitorar a agricultura e o desmatamento no território brasileiro.

De acordo com Fábio Fialho, professor do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle da Escola Politécnica (Poli) da USP e especialista em satélites, o Brasil não possui estruturas de lançamento para colocar satélites em órbita, por isso o Amazônia-1 precisou ser lançado da Índia.

Segundo o Inpe, esse é o primeiro satélite de Observação da Terra completamente projetado, integrado, testado e operado pelo Brasil. Entretanto, Fialho comenta que ainda não dá para afirmar que o Amazônia-1 é 100% brasileiro, já que alguns componentes do satélite, como os controles de orientação e órbita, foram importados. “São componentes críticos, de difícil desenvolvimento, que podem ser utilizados também para uso militar, por isso são fortemente controlados pelos Estados Unidos”, afirma. “Não passamos pelo processo de desenvolvimento desses sistemas no Brasil”, completa. 

O professor comenta que, a partir de agora, os programas espaciais brasileiros têm duas principais frentes para trabalhar. “Temos que trilhar caminhos que envolvam parcerias internacionais, porque nós temos muito a ganhar com isso, e precisamos da parte nacional nas tecnologias críticas, que ninguém vai vender para nós.”

Além da função principal de sensoriamento remoto, o Amazônia-1 servirá para avaliar a Plataforma Multimissão (PMM), um dos sistemas do satélite. De acordo com Eduardo Janot, professor do Departamento de Astronomia do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, a PMM é o sistema de força, direção e controles gerais. Essa plataforma poderá servir de base para o desenvolvimento de novos satélites com diferentes funções.

A missão deve durar quatro anos. Ao fim desse período, serão feitas avaliações para verificar a viabilidade de manter o satélite por mais tempo. Caso a missão seja finalizada, o Brasil terá um prazo de 25 anos para tirar o satélite de órbita. “Ele acabará caindo na Terra, e isso é feito em geral sobre o Oceano Pacífico, para que eventuais restos que não desintegraram na atmosfera caiam no mar”, afirma Janot.

É importante que as políticas públicas estejam adequadas às informações fornecidas pelo Amazônia-1. Fialho ressalta que é preciso que haja investimento em satélites, já que isso traz benefícios práticos tanto para os cidadãos comuns, com o controle do desmatamento e os sistemas de comunicação, por exemplo, quanto para o entorno da área espacial, com a criação de empregos e o desenvolvimento tecnológico.

Equipe eCycle

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