Por Bibiana Alcântara Garrido em IPAM Amazônia | No ano, uma área do tamanho do estado do Acre foi queimada no país: foram 16,3 milhões de hectares atingidos pelo fogo. A Amazônia e o Cerrado concentram 95% desse total. O Monitor do Fogo é uma iniciativa do MapBiomas Fogo em parceria com o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
Acesse o boletim mensal com os destaques de dezembro e de 2022.
A área queimada de florestas registrou alta de 93% em relação a 2021, sendo que 85% dos incêndios florestais em 2022 ocorreram na Amazônia. Quanto à área atingida pelo fogo em todos os biomas, 70% estava coberta por vegetação nativa – em maior extensão, as formações savânicas e campestres, encontradas no Cerrado. A área total queimada no país em 2022 foi 14% maior do que em 2021 (2 milhões de hectares a mais).
“O Monitor do Fogo permite que possamos ir além de saber se tem mais ou menos fogo acontecendo: ele nos dá a área atingida pelo fogo e mostra o que está queimando com uma precisão de 5 metros. É um dado muito valioso para a tomada de decisão, disponível todos os meses na plataforma do MapBiomas”, diz Ane Alencar, diretora de Ciência no IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo. “Com o Monitor do Fogo podemos constatar que as florestas do Brasil, principalmente as da Amazônia, estão sendo altamente impactadas por incêndios. Em condições naturais isso não deveria estar acontecendo, o que indica um claro impacto da ação humana no aumento do fogo e da degradação dessas florestas”.
Entre os biomas o fogo se dividiu, praticamente, na metade: 49% da área queimada no ano passado foi na Amazônia, totalizando 7,9 milhões de hectares queimados no bioma em 2022; e outros 45% foram no Cerrado, que teve 7,4 milhões de hectares queimados no ano.
“O fogo na Amazônia está diretamente relacionado ao desmatamento no bioma, pois a prática do uso do fogo é frequentemente utilizada para remover a vegetação densa e preparar o solo para atividades agrícolas ou pecuárias. Somente no ano de 2022, cerca de 2,5 milhões de hectares de florestas foram queimados na Amazônia. A falta de medidas de proteção eficazes contribuiu para a intensificação dos incêndios e tem provocado graves prejuízos para o meio ambiente, incluindo a emissão de gases de efeito estufa, perda da biodiversidade, além de comprometer a qualidade do ar”, explica Luiz Felipe Martenexen, pesquisador no IPAM.
O estado do Pará foi o que mais queimou na Amazônia em 2022, com 2,9 milhões de hectares atingidos pelo fogo. Os estados que mais queimaram no Cerrado de janeiro a dezembro foram Mato Grosso (3,6 milhões de hectares), Tocantins (2,3 milhões de ha) e Maranhão (2 milhões de ha).
Considerando só o mês de dezembro, a Amazônia foi o bioma com maior área queimada. Foram 234.723 mil hectares, o que significou um aumento de 101% do fogo no bioma em relação a dezembro de 2021. No Cerrado, o aumento foi de 207%, com 55.787 hectares queimados em dezembro de 2022. Nesse mês, Maranhão foi o estado que mais queimou, com 125.946 hectares afetados pelo fogo.
“Apesar de o fogo fazer parte da dinâmica do Cerrado, a ação humana é prejudicial para o bom funcionamento do ecossistema. Com as queimadas cada vez mais frequentes, a vegetação vai perdendo sua capacidade de recuperação. A situação se agrava com as mudanças climáticas, que fazem com que o Cerrado fique cada vez mais quente e seco, tornando-o mais suscetível a eventos de fogo em grande escala”, avalia Vera Laísa Arruda, pesquisadora no IPAM responsável pelo Monitor do Fogo.
O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade da destruição decorrente do fogo. Acesse o Monitor do Fogo e o boletim mensal de dezembro.
Este texto foi originalmente publicado por IPAM Amazônia de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.
Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos.
Saiba mais