De acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em um cenário em que as condições atuais se mantenham e o crescimento da produtividade agrícola continue sua tendência atual
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A América Latina e o Caribe podem acabar com a fome até 2025, segundo relatório “Perspectivas Agrícolas 2016-2025” publicado em 4 de julho pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com o relatório, em um cenário em que as políticas públicas atuais se mantenham e o crescimento da produtividade agrícola continue sua tendência atual, a população mundial de pessoas subalimentadas deve cair de 11% a 8% em dez anos, com a América Latina e Caribe caindo para baixo de 5%, índice que a FAO considera a fome efetivamente erradicada.
As projeções coincidem com o objetivo declarado da região de acabar com a fome até o ano de 2025, compromisso respaldado pelo principal órgão de integração regional, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
“A nossa região foi a primeira em se comprometer não só com a diminuição, mas também com a erradicação total da fome”, disse o representante regional da FAO, Raúl Benítez.
Ao colocar o foco nas populações mais vulneráveis, América Latina e Caribe conseguiram tirar mais de 31 milhões de pessoas da fome nas últimas décadas, reduzindo a porcentagem atual de subnutrição regional a apenas 5,5%. O Brasil conseguiu acabar com a fome e a miséria no país em 2013.
Segundo o relatório, caso as condições atuais não mudem, o número total de pessoas subalimentadas no mundo cairá de 800 milhões atualmente para menos de 650 milhões em 2025.
Perspectivas agrícolas para América Latina e Caribe
De acordo com o relatório OCDE-FAO, na América Latina, o cultivo de soja impulsionará a maior parte do aumento estimado em 25% na superfície cultivada nos próximos dez anos.
Como consequência da expansão do setor pecuário, a utilização de milho para o consumo animal também vai aumentar 30% durante a próxima década. Estima-se que o consumo per capita de milho e trigo se estanque em 54 quilos por pessoa por ano na próxima década.
A América Latina tem o maior consumo de carne per capita do mundo (58 quilos/pessoa/ano) e seguirá crescendo mais rápido que a média global, a 6% na próxima década.
A carne bovina e as aves correspondem a 85% do consumo total de carne. Por outro lado, o consumo de carne bovina está diminuindo em términos per capita, enquanto que se prevê que o consumo per capita de aves vai aumentar em média de 10%, para 27 milhões de toneladas em 2025.
O consumo per capita de açúcar e azeite vegetal deve continuar crescendo. A América Latina concentra o maior consumo per capita de açúcar e chegará a 45 quilos/pessoa/ano em 2025, quase o dobro da média mundial (25 quilos/ano).
“Esse feito coloca em destaque a crescente taxa de obesidade e sobrepeso regional. A região tem feito grandes esforços para erradicar a fome, mas ainda enfrenta problema de má nutrição”, explicou Benítez.
Diferentemente da tendência mundial, a expansão da área de produção agrícola da América Latina continua sendo motor importante no crescimento da produção de cultivos.
Estima-se que a área total dedicada à produção de cultivos aumente em 22,5 milhões de hectares (24%) em 2025, dos quais a expansão da soja brasileira será responsável por 11 milhões de hectares o que representa quase 50%. Além da soja, o milho e a cana de açúcar vão seguir sendo os principais cultivos.